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Ex-diretor da Odebrecht diz que empresa integrou Clube da Construção no Peru

25/04/2019 18h02

Curitiba (PR), 25 abr (EFE).- O ex-diretor da Odebrecht no Peru, Jorge Barata, confirmou a existência de um "Clube da Construção" no país, formado por empresas que se associaram para vencer licitações de obras públicas através da distribuição de propinas.

Detalhes do depoimento de Barata nesta quinta-feira foram revelados pelo promotor peruano Germán Juaréz, que faz parte da equipe que investiga a Lava Jato no Peru e que está em Curitiba para ouvir o ex-diretor da construtora brasileira no país.

"De maneira genérica, ele indicou algumas empresas que formavam o grupo 'Clube da Construção'. Inclusive, disse que a Odebrecht também pertencia a este clube", destacou o promotor após o depoimento.

Barata ressaltou aos representantes do Ministério Público do Peru que passou por outros cargos dentro da Odebrecht além da superintendência da construtora no país. No entanto, revelou que o "Clube da Construção" já existia quando ele assumiu o posto.

"A diligência de hoje foi mais curta porque foram perguntas mais pontuais. Já havia declarações anteriores de outros funcionários e o que ele fez foi corroborar alguns dados", disse Juaréz.

O promotor não informou que outras empresas fizeram parte do clube revelado por Barata. O integrante da equipe da Lava Jato no Peru se limitou a dizer que o ex-diretor da Odebrecht deu detalhes que permitem que a investigação avance em alguns pontos e que confirmou informações dadas por outros colaboradores.

Os enviados do Ministério Público do Peru chegaram ao Brasil no último domingo e começaram a ouvir Barata há dois dias, dentro de um acordo de colaboração assinado entre a empresa e o país.

Além das informações compartilhadas no depoimento de hoje, o ex-diretor da Odebrecht também deu detalhes sobre as propinas pagas durante o governo do ex-presidente Alan García, que se suicidou na semana passada pouco antes de ser preso, acusado de favorecer determinados contratos da empresa nas obras do metrô de Lima.

O chefe da equipe da Lava Jato no Peru, Rafael Vela, disse ter ficado satisfeito com as contribuições feitas por Barata, que respondeu a todas as perguntas dos promotores e entregou nomes que estavam em segredo para não serem encontrados pelas autoridades.

Barata ainda está sendo ouvido nesta quinta-feira e deve dar detalhes sobre contratos do Ministério do Transporte do Peru e sobre a movimentação financeira da Odebrecht em um banco de Andorra.

Em fevereiro, o Ministério Público do Peru assinou um acordo de colaboração com a Odebrecht. A empresa se comprometeu a entregar documentos às autoridades do país e a pagar multa de cerca de US$ 185 milhões pelas propinas distribuídas a políticos e a funcionários do governo. EFE

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