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Desflorestamento global chega a área equivalente a Bélgica

Niklas Magnusson

25/04/2019 15h01

(Bloomberg) -- As florestas tropicais do mundo estão encolhendo a um ritmo alarmante, sendo o número de árvores cortadas no ano passado suficiente para cobrir toda a Bélgica ou dois estados de Connecticut, segundo um novo relatório.

As florestas tropicais localizam-se principalmente nos países equatoriais, mas elas armazenam grandes quantidades de dióxido de carbono, por isso mantê-las intactas é fundamental para combater as mudanças climáticas globais. Além disso, elas abrigam uma ampla variedade de espécies, incluindo os orangotangos, os gorilas das montanhas e os tigres.

Uma vez derrubadas, essas florestas podem nunca voltar ao seu estado original, de acordo com um estudo publicado na quinta-feira pela Global Forest Watch.

Com base em dados da Universidade de Maryland, os pesquisadores descobriram que aproximadamente 3,6 milhões de hectares de floresta tropical primária desapareceram no ano passado. Esses dados ficaram abaixo dos picos em 2016 e 2017, quando incêndios elevaram a perda florestal para níveis recordes, mas ainda foi a terceira maior perda anual desde que os registros começaram em 2001. Além disso, a média móvel de três anos para o ano passado foi a mais alta já registrada.

"O crescimento original antigo, ou as 'florestas tropicais primárias', são um ecossistema florestal crucialmente importante, contendo árvores que podem ter centenas ou até mesmo milhares de anos", disse a Global Forest Watch. "Elas armazenam mais carbono do que outras florestas e são insubstituíveis quando se trata de manter a biodiversidade".

A maior perda de terra em floresta primária no ano passado ocorreu no Brasil, onde cerca de 1,35 milhão de hectare desapareceu, seguido pela República Democrática do Congo, Indonésia, Colômbia e Bolívia.

O desmatamento global está sendo impulsionado principalmente pela agricultura, mineração, desenvolvimento de infraestrutura e incêndios que se intensificaram, graças ao aquecimento global, segundo a WWF.

Ao considerar a perda como uma porcentagem da floresta primária total, o maior corte de árvores foi observado em Madagascar e na Costa do Marfim, indicando uma mudança nos países com as maiores taxas de perda, em comparação com 17 anos atrás.

"Em 2002, apenas dois países, Brasil e Indonésia, representavam 71% da perda de florestas primárias tropicais", afirmou a Global Forest Watch. "Dados mais recentes mostram que as fronteiras da perda de florestas primárias estão começando a mudar. O Brasil e a Indonésia representaram apenas 46% da perda primária de florestas tropicais em 2018, enquanto países como Colômbia, Costa do Marfim, Gana e República Democrática do Congo registraram um aumento considerável nos índices de perdas".

A perda total de cobertura de árvores nos trópicos no ano passado foi de 12 milhões de hectares, a quarta maior perda anual desde 2001, de acordo com o relatório.

Na Indonésia, no entanto, a perda de florestas caiu para o seu nível mais baixo desde 2003, "continuando um declínio otimista que começou em 2017", disse a Global Forest Watch. A Indonésia tem lutado para preservar vastas áreas de turfa ou solos orgânicos ricos em carbono.

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