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Petrobras volta a procurar delatores após escândalo em unidade de trading, dizem fontes

22/04/2019 16h38

Por Gram Slattery

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras está reexaminando o tratamento que dá a denúncias de delatores internos, após acusações contra seis operadores de petróleo da empresa em dezembro indicarem que os esforços da companhia para lidar com problemas de corrupção teriam falhado, de acordo com pessoas familiarizadas ao assunto.

Nas últimas semanas, representantes da estatal convocaram atuais e antigos funcionários que sinalizaram casos de corrupção na empresa, especialmente em suas operações de trading, disseram as fontes.

Nas entrevistas, as autoridades focaram suas questões em como as reclamações dos funcionários haviam sido tratadas, de acordo com as pessoas, que pediram anonimato para abordarem assuntos internos.

Alguns dos funcionários disseram que estavam profundamente insatisfeitos com a resposta da companhia, e que acreditavam que os casos de irregularidade não haviam sido endereçados pela empresa, disseram as fontes.

A estatal afirmou em comunicado que não está realizando investigações a respeito de seus controles internos, mas sim uma investigação interna minuciosa relacionada aos indiciamentos dos operadores de petróleo em dezembro, com cerca de 27 profissionais dedicados ao assunto.

A empresa disse que não poderia entrar em detalhes a respeito das investigações internas para proteger funcionários e a integridade dos trabalhos.

O movimento mostra como a Petrobras ainda luta melhorar sua conformidade e deixar para trás o escândalo de corrupção que impactou a empresa com as investigações da operação Lava Jato, considerada pelos EUA como o maior caso de corrupção corporativa de todos os tempos.

A Petrobras insiste que corrigiu seus rumos desde que a Lava Jato veio à tona, em 2014, em partes devido a um robusto departamento de conformidade e a uma fortalecida equipe de investigações internas.

Em dezembro, entretanto, procuradores revelaram mais um esquema de propinas, desta vez na divisão de trading da empresa, que também envolveu as companhias Glencore, Vitol e Trafigura.

Em março, a Reuters noticiou que autoridades da Petrobras tinham conhecimento dos problemas em suas operações comerciais há anos, embora a empresa tenha falhado em identificar e afastar suspeitos rapidamente.

Das seis pessoas indiciadas em dezembro, uma se declarou culpada de conspiração para lavagem de dinheiro e está colaborando com as autoridades dos Estados Unidos, em paralelo às investigações sobre o esquema, reportou a Reuters em fevereiro.

Diversos funcionários entrevistados nas últimas semanas haviam denunciado anteriormente irregularidades no escritório comercial da Petrobras em Cingapura, segundo as fontes.

Os indiciamentos de dezembro foram focados no escritório da empresa em Houston, levantando a possibilidade de as investigações sobre o comércio de petróleo se expandirem geograficamente.

A Petrobras não comentou as alegações.

De acordo com documentos enviados a investigadores da Polícia Federal e vistos pela Reuters, um funcionário cingapuriano reclamou a autoridades da Petrobras em dezembro de 2012 de comércio irregular de combustível para navios ("bunker").

Uma investigação interna subsequente revelou que a Petrobras pagara prêmios incomuns por uma quantia significativa de "bunker" em 2012, segundo os documentos. Investigadores internos recomendaram uma série de medidas para melhorar a transparência na unidade de comercialização de Cingapura.

A Polícia Federal não respondeu a um pedido por comentários.

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