MP denuncia ex-assessor parlamentar por estupros em série em Alagoas
O ex-assessor parlamentar Benício Vieira de Lima, 46, foi denunciado por estupro qualificado, sequestro e roubo majorado, informou hoje o MP-AL (Ministério Público de Alagoas). Ele responderá por três casos, mas é suspeito de cometer 31 estupros de menores dentro de uma casa onde funcionava o escritório do vereador Chico Holanda (PP-AL), de Maceió, no bairro do Farol.
As vítimas dos casos referentes às ações penais são adolescentes de 14, 16 e 17 anos e relataram que os crimes foram praticados nos dias 22 de novembro, 19 de dezembro de 2018 e 13 de fevereiro de 2019. Somadas, se condenado, as penas máximas aplicadas por cada denúncia pode chegar a 27 anos de prisão.
As denúncias foram feitas pelas 59ª e 60ª Promotorias de Justiça da Capital na última quinta-feira (18), e o MP-AL informou que todos os crimes denunciados têm qualificadoras que "agravam ainda mais os ilícitos praticados". A defesa de Lima alega que o cliente é inocente.
A Promotoria informou que mais denúncias serão feitas em breve. "A prisão do denunciado possibilitou a descoberta de um verdadeiro estuprador em série, o que se revelou, até então, um dos maiores e mais graves do Estado", disse o promotor Lucas Carneiro, citando que outras ações serão ingressadas em breve sempre no "mesmo modus operandi, violento e covarde".
Ameaça com arma e de estupro coletivo
No caso da menina de 14 anos, o MP-AL concluiu que a vítima foi obrigada a praticar conjunção carnal com o réu após ser gravemente ameaçada. "Essa vítima estava nas proximidades da Igreja São Judas, no bairro do Feitosa, quando uma pessoa, em um carro prata, lhe abordou. Em seguida, o denunciado mostrou uma arma de fogo e mandou que a menina encostasse no carro, senão, iria atirar. Quando ela encostou, o acusado pediu-a para que entrasse no veículo. Sob ameaça, a vítima obedeceu, e um pano foi colocado em seu rosto", diz a denúncia.
A segunda denúncia teve abordagem semelhante, citando que, após dar uma informação citado ao acusado, ele abriu a porta do veículo e tirou uma arma de dentro do porta-luvas. "Ameaçada, a vítima entrou no carro. Em seguida, sem falar o que queria, o denunciado deu partida no veículo e, quando entrou em uma rua nas proximidades das Lojas Americanas, anunciou o assalto, pedindo o celular. Ao colocar o aparelho telefônico no banco de trás, o acusado baixou o banco em que a adolescente estava e vendou seus olhos, dizendo que se ela gritasse, ele iria atirar em sua cabeça", revela uma outra parte da ação.
Ao chegar no local, de acordo com o MP, a vítima foi obrigada a tirar roupa e tomar banho. "Ela ainda contou que começou a sentir dor [durante o estupro], pois ele foi muito agressivo no ato. E quando a vítima pediu para que o acusado parasse, ele lhe disse que se continuasse falando aquilo, iria chamar mais quatro amigos para estuprá-la também", relata.
No terceiro caso, a vítima de 17 anos teve abordagem semelhante. "Ele praticou com a adolescente conjunção carnal e anal. E ela contou que sentiu uma vontade de ir ao banheiro no momento em que ele praticava o sexo anal. Após defecar, a vítima sentiu um forte enjoo, chegando a vomitar. Então, o denunciado pediu que ela tomasse banho e voltasse ao quarto. Ao perceber que a garota estava bastante gelada, por estar passando mal, Benício Vieira de Lima mandou que ela se vestisse para ir embora", conta mais um trecho da petição.
Outro lado
O advogado do acusado, Arnaldo Bispo, afirmou que seu cliente nega os crimes. "Vamos esperar que sejam apurados os casos durante a fase de inquérito policial e, após geração de processo, caso isso ocorra, a gente vai se manifestar", explicou ao saber das denúncias feitas pelo MP.
Em entrevista ao UOL, o vereador Chico Filho disse que o ex-assessor nunca levantou suspeitas e "inventou um personagem".
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