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Executiva diz que Japão ainda restringe mulheres talentosas

Isabel Reynolds

22/04/2019 13h15

(Bloomberg) -- Mulheres no mercado de trabalho estão desempenhando um papel no Japão maior do que Kathy Matsui, do Goldman Sachs, acreditou ser possível quando escreveu seu primeiro relatório no "Womenomics" em 1999. No entanto, o país precisa acelerar o ritmo da mudança ou corre o risco de ser ultrapassado por uma crise demográfica.

Duas décadas atrás, Matsui fez uma nota otimista em meio à melancolia geral sobre o Japão, na sua primeira análise das mulheres na economia, definindo como as mulheres empoderadas poderiam reforçar o debilitado crescimento na força de trabalho, à medida que a população envelhecia.

Em uma nova versão esta semana, Matsui, agora estrategista-chefe no Japão, explica como as mulheres japonesas continuam a seguir os passos das pessoas em outros países desenvolvidos em muitos aspectos, entrando para a força de trabalho em números cada vez maiores. Existem agora 3 milhões a mais de mulheres trabalhando fora de casa do que em 2012.

"Este país já está à beira de uma crise demográfica", disse Matsui em uma entrevista em Tóquio na sexta-feira. "Se o seu único recurso importante como nação é o seu capital humano, você não tem muitas opções a não ser impulsionar cada ser humano. "

O Japão deverá perder 40% de sua população em idade de trabalhar até 2055 e já está perdendo o que poderia ser um aumento de 15% na economia se as mulheres trabalhassem em seu pleno potencial, de acordo com Matsui.

Matsui diz que a taxa de participação no mercado de trabalho do Japão para mulheres disparou para 71%.

O primeiro ministro, Shinzo Abe, prometeu, entre outras coisas, colocar as mulheres em 30% dos cargos de gerência em todas as áreas até 2020, embora o progresso em direção a essa meta tenha sido pouco. Na política, apenas 10% aproximadamente dos parlamentares são mulheres, e Abe tem apenas uma mulher em seu gabinete composto de 19 pessoas.

"Estou defendendo cotas de gênero no parlamento", disse ela. "É inaceitável para mim que as leis e as decisões mais importantes, que afetam todos os que vivem no Japão, sejam determinadas em 90% por um gênero".

Matsui também oferece uma série de recomendações para o governo de Abe, para empresas e a sociedade como um todo, embora algumas de suas ideias tenham sido ignoradas por décadas. Ela quer que mais seja feito para derrubar as barreiras entre os trabalhadores fixos e autônomos e quer ver o fim de um sistema fiscal que empurra as mulheres casadas para serem donas de casa. Ela também pede regras de imigração mais flexíveis para permitir que mais estrangeiros trabalhem como cuidadores.

Mas não é apenas a estrutura jurídica do Japão que precisa mudar, de acordo com Matsui. "O governo pode fazer muito e a melhoria mais significativa precisa ocorrer na esfera privada, não apenas nas empresas, mas também em casa", disse ela. Valores, expectativas e estereótipos da mídia têm um papel importante a desempenhar, acrescentou Matsui.

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