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Manifestantes suspendem negociações com Conselho militar no Sudão

21/04/2019 17h11

Cartum, 21 Abr 2019 (AFP) - Os líderes dos protestos no Sudão suspenderam, neste domingo (21), as negociações com o Conselho militar do Sudão para conseguir uma passagem do poder aos civis e fizeram um apelo para a população intensificar as manifestações.

"Continuaremos o protesto. Estamos suspendendo nossas negociações com o Conselho militar", anunciou Mohamed Al Amin, porta-voz do movimento, diante de milhares de manifestantes reunidos em frente ao quartel-general do Exército em Cartum.

"Estamos considerando o Conselho militar uma extensão do regime" deposto este mês, afirmou Amin, que também pediu para os manifestantes intensificarem seus protestos até que o Exército atenda ao pedido de transferir o poder a um Conselho civil.

"Pedimos que as manifestações se intensifiquem e continuem até que as demandas sejam cumpridas", disse.

Uma multidão se reuniu neste domingo em frente ao QG do Exército, à espera do anúncio prometido de uma passagem do governo para um Conselho civil, que substituiria os militares que destituíram Omar al-Bashir.

Os militares resistiram aos pedidos de transferir o poder imediatamente.

"Liberdade, paz, justiça", gritavam os manifestantes após o pronunciamento dos líderes dos protestos. "Nossa revolução é civil, ela é protegida pelo povo", diziam as palavbras de ordem.

Mais cedo, o chefe do Conselho militar de transição do Sudão, Abdel Fattah al-Burhane, havia reforçado seu compromisso em devolver o poder ao povo.

O "Conselho se compromete a transferir o poder para o povo", declarou o general Burhane.

Ele garantiu que os militares responderão ao longo da semana às demandas dos manifestantes, reunidos há mais de duas semanas em frente ao quartel-general do Exército em Cartum para exigir a transferência de poder para uma autoridade civil.

O chefe do Conselho militar de transição fez esta afirmação em sua primeira entrevista nacional após a destituição, em 11 de abril, por parte do Exército, do presidente Omar al-Bashir, sob uma pressão popular inédita.

O movimento teve início em 19 de dezembro, após a decisão do governo de Al-Bashir de triplicar o preço do pão no país, que atravessa uma estagnação econômica. As manifestações rapidamente se voltaram contra o presidente - atualmente preso em Cartum.

O equivalente a US$ 113 milhões foram encontrados na casa do presidente, revista por agentes da polícia e do Exército, informou o general Burhane.

"Nós esclarecemos nossa principal demanda, que é a transferência de poder para as autoridades civis", disse Siddiq Youssef, líder da Aliança pela Liberdade e Mudança (ALC), que supervisiona partidos e grupos políticos na sociedade envolvidos nos protestos.

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