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Ativistas americanos ocupam embaixada da Venezuela em Washington para "defender soberania"

20/04/2019 16h51

Ativistas americanos estão ocupando a embaixada da Venezuela em Washington para impedir a chegada da delegação do líder opositor Juan Guaidó, reconhecido pelos Estados Unidos como presidente interino do país sul-americano. Os diplomatas do governo de Nicolás Maduro perderem suas credenciais e têm até a próxima quinta-feira, 25 de abril, para deixar a capital americana.

O prédio de quatro andares da embaixada venezuelana, localizado no bairro nobre de Georgetown, permanece quase vazio e fechado ao público. A maioria dos representantes de Caracas já deixou o território americano, depois que o governo de Donald Trump retirou suas credenciais. Os poucos remanescentes trabalham para organismos multilaterais, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), mas já estão de malas prontas.

Ativistas insatisfeitos com o posicionamento de Trump decidiram, então, ocupar o prédio, para evitar a instalação de uma delegação escolhida por Guaidó. O deputado de oposição se autoproclamou presidente interino da Venezuela em 23 de janeiro e, desde então, foi reconhecido por cerca de 50 países. No dia 10 de abril, por 18 votos a favor, a OEA aceitou a nomeação do enviado de Guaidó, Gustavo Tarre, como representante da Venezuela até que haja novas eleições.

Os militantes americanos estão determinados a ficar na embaixada. Eles trancaram a porta de entrada com um cadeado e instalaram seus sacos de dormir nos sofás. O objetivo, segundo a organização Code Pink, é impedir que "a oposição venezuelana tome o prédio diplomático que pertence ao governo eleito" e, para isso, organizou "uma vigília 24 horas por dia, sete dias por semana para proteger a embaixada".

"Estou aqui porque estou furiosa, porque estamos vendo um golpe em câmera lenta. Durante minha vida vi golpes e intervenções militares americanas suficientes, e eles sempre acabam mal para o povo do país", diz Medea Benjamin, integrante do coletivo Code Pink. Ela ficou conhecida por interromper sessões da OEA aos gritos de "Tirem as mãos da Venezuela", uma frase depois repetida por Maduro. A militante afirma reconhecer as violações de direitos humanos na Venezuela, mas diz que ocupa a embaixada para defender "a soberania das nações".

Os ativistas, que têm o consentimento do governo Maduro, organizam eventos culturais e se revezam no prédio. Alguns vêm de outras cidades americanas.

O advogado Zeese, de 63 anos, também integrante da ocupação, disse que estuda apresentar um recurso judicial para impedir a entrada dos representantes de Guaidó.

Em março, Carlos Vecchio, designado por Guaidó como seu embaixador em Washington, anunciou que os opositores assumiriam o controle de três sedes diplomáticas americanas, incluindo a de Nova York.

Os ocupantes da missão em Washington têm a impressão que os diplomatas de Maduro tiveram de deixar o local às pressas. Os discos rígidos dos computadores não estão mais no local e arquivos foram esvaziados, mas dezenas de passaportes originais não preenchidos foram abandonados sobre as mesas. Para o advogado Zeese, o governo americano deveria estar protegendo a sede diplomática.

Com informações de agências internacionais

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