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Trump denuncia testemunhos 'fabricados' no relatório do procurador especial

19/04/2019 11h33

Washington, 19 Abr 2019 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizou, nesta sexta-feira (19), testemunhos desfavoráveis sobre ele no relatório do procurador especial Robert Mueller sobre a interferência russa nas eleições de 2016, considerando-os "fabricados" por seus inimigos políticos.

"Algumas pessoas fazem declarações sobre mim no Louco Relatório Mueller, escrito por 18 Irritados Democratas 'Haters' de Trump, que são fabricadas e são totalmente falsas", tuitou o presidente.

Um documento de 400 páginas que resume as conclusões da investigação de 22 meses do procurador especial Robert Mueller, tornado público ontem, absolveu Trump da conspiração criminosa, mas deixou em aberto a dúvida sobre obstrução de Justiça.

Depois de revisar o documento, o procurador-geral dos EUA, Bill Barr, e seu adjunto Rod Rosenstein concluíram que não havia provas suficientes para acusar o presidente de obstrução.

Mueller destacou, porém, que as evidências reunidas por ele "não isentam" o presidente.

"Devido ao fato de que nunca aceitei testemunhar, não foi necessário responder as declarações feitas no 'Relatório' sobre mim. Algumas delas são uma completa bobagem, e só foram dadas para fazer a outra pessoa ficar bem (ou eu ficar mal)", acrescentou Trump, repetindo que a investigação foi "um erro ilegalmente iniciado".

A primeira reação de Trump à divulgação do relatório foi de comemoração. Cantou vitória e disse: "Hoje estou tendo um dia bom". Também tuitou uma foto sua de costas, inspirada na série "Game of Thrones", com a frase "Game Over".

Hoje, contudo, voltou a adotar uma postura mais defensiva, antes de partir para o fim de semana prolongado em seu clube de golfe, na Flórida, reafirmando que não fez nada de errado.

- Democratas na ofensivaMueller disse que os esforços de Trump "para influenciar a investigação foram, em sua maioria, malsucedidos", em grande medida, porque as pessoas de seu entorno se recusaram a atendê-lo.

Os episódios de possíveis irregularidades agora serão examinados pela Câmara de Representantes, de maioria democrata. Entre os eventos, estão a demissão do ex-diretor do FBI James Comey, os esforços de Trump para destituir Mueller e suas tentativas de impedir a divulgação de e-mails sobre a reunião na Trump Tower, em 2016, entre russos e sua equipe de campanha.

Os democratas pedem ações contra Barr, argumentando que o relatório de Mueller compromete algumas das afirmações do procurador-geral sobre o tema da obstrução e a cooperação da Casa Branca com a investigação.

"Há nas mãos quatro formas significativas, pelas quais o senhor Barr enganou a opinião pública sobre o conteúdo do Relatório Mueller", disseram em um comunicado conjunto o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, e a líder da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi.

Eric Swalwell, representante democrata pelo estado da Califórnia, pediu a renúncia de Barr, e muitos outros recriminaram-no. O secretário é acusado de sugerir publicamente, de forma falsa, que Mueller não tinha a intenção de que o Congresso resolvesse o tema da obstrução de Justiça.

- Reação de MoscouPara o governo russo, o relatório não contém "qualquer prova" de ingerência do Kremlin nas eleições americanas de 2016.

"O relatório não apresenta qualquer prova razoável de que a Rússia teria supostamente interferido no processo eleitoral dos Estados Unidos", disse à imprensa o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.

Moscou negou reiteradamente qualquer intervenção para favorecer Donald Trump na corrida eleitoral.

"Lamentamos que documentos desse nível tenham uma influência direta no desenvolvimento das relações bilaterais russo-americanas, que já não passavam por seu melhor momento", afirmou Peskov.

O porta-voz sugeriu que os contribuintes americanos deveriam se perguntar se valeu a pena gastar dinheiro em uma investigação tão exaustiva com este resultado.

"Em que se gastou o dinheiro dos americanos? Mas deixemos que sejam os mesmos contribuintes americanos a se fazerem esta pergunta", acrescentou Peskov.

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