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Juiz decreta 3 anos de prisão preventiva para ex-presidente peruano Kuczynski

19/04/2019 19h42

Lima, 19 abr (EFE).- Investigado por supostamente ter participado de um grande esquema de corrupção envolvendo a construtora Odebrecht no Peru nos mesmos moldes dos escândalos revelados pela operação Lava Jato no Brasil, o ex-presidente do país sul-americano Pedro Pablo Kuczynski terá que cumprir três anos de prisão preventiva, de acordo com uma decisão judicial anunciada nesta sexta-feira.

No texto em que determinou a prisão do ex-presidente, o juiz Jorge Chávez disse que existem evidências de que Kuczynski - internado em um hospital de Lima desde a última quarta-feira, com problemas cardíacos - cometeu o crime de lavagem de dinheiro, ocultou e deu informações fiscais falsas e não tem garantia de permanência no Peru, já que a esposa e a família do político vivem nos Estados Unidos.

O juiz afirmou que Kuczynski, de 80 anos, pode ser atendido na prisão dos problemas de saúde que provocaram sua internação em uma clínica de Lima depois que, na semana passada, a Justiça havia determinado que fosse detido preliminarmente por 10 dias.

Além disso, o magistrado se recusou a aplicar uma medida similar contra a secretária e o chofer do ex-governante, Gloria Kisic e José Luis Bernaola, respectivamente, que são investigados por suposta lavagem de dinheiro na modalidade de transferência, conversão, ocultação e posse em ofensa do Estado.

Chávez ordenou então que Kisic e Bernaola sejam proibidos de deixar o país e compareçam diante das autoridades sempre que forem solicitados durante o curso da investigação.

Os três são acusados pelo suposto envolvimento em lavagem de dinheiro de possível origem ilegal da Odebrecht através de consultorias em nome da Westfield Capital, empresa de Kuczynski registrada nos Estados Unidos, quando este era ministro do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006).

O Ministério Público suspeita que as consultorias, que renderam receitas de US$ 782.000 entre 2004 e 2007, são supostamente pagamentos com aparência de legalidade para obter os favores de Kuczynski na adjudicação de grandes obras públicas cujas licitações obtiveram por meio de subornos.

Concretamente, Kuczynski é investigado pelas adjudicações do projeto de irrigação Olmos e pela estrada interoceânica do sul, pela qual Toledo supostamente recebeu US$ 20 milhões em subornos.

O juiz Chávez comunicou sua decisão depois que nesta quinta-feira o promotor José Domingo Pérez ratificou sua solicitação de prisão preventiva após apresentar um relatório médico que afirmou que Kuczynski não tem doença grave, incurável ou incapacidade física permanente, embora tenha recomendado a continuidade de seu tratamento por hipertensão arterial.

Embora o ex-governante esteja internado desde terça-feira em uma clínica e tenha sido submetido a um cateterismo no coração, pessoas próximos assinalaram que seu estado de saúde é estável.

O promotor tinha declarado anteriormente que poderia optar por solicitar a prisão domiciliar, no caso de um diagnóstico desfavorável para o ex-presidente.

Kuczynski, que está proibido de sair do país desde março de 2018, solicitou permissão no ano passado ao Poder Judiciário para viajar aos Estados Unidos para tratar-se de uma doença cardíaca em uma clínica especializada, mas essa solicitação não foi concedida, razão pela qual continuou o tratamento em Lima.

Pérez disse que os delatores da Odebrecht asseguraram que os contratos assinados com empresas de Kuczynski foram "uma oportunidade para curar feridas", em referência aos supostos subornos para adjudicar a construção da estrada interoceânica sul.

Além disso, afirmou que Kuczynski transferiu as sessões do escritório a cargo dos investimentos públicos ao Palácio de Governo, quando foi ministro de Alejandro Toledo, para poder modificar as normas a fim de beneficiar a construtora brasileira.

A prisão de Kuczynski foi ordenada poucas horas depois da cremação do corpo do também ex-presidente peruano Alan García, que se suicidou na quarta-feira para evitar sua detenção por crimes também vinculados ao caso Odebrecht. EFE

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