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Ex-chanceler do Equador tem prisão decretada horas depois de deixar o país

18/04/2019 20h29

Quito, 18 abr (EFE).- Um juiz do Equador determinou nesta quinta-feira a prisão preventiva de Ricardo Patiño, ex-chanceler no mandato de Rafael Correa (2007-2017) e que deixou ontem o país com destino ao Peru, após ser alvo de uma denúncia por instigação contra o governo.

"O juiz da Unidade Judicial Penal de Latacunga, Flavio Palomo, ditou a prisão preventiva contra Ricardo P. pela sua suposta participação no crime de instigação", afirma um comunicado da Procuradoria Geral equatoriana, no qual afirma que solicitará a inclusão do nome do ex-chanceler na lista de difusão vermelha da Interpol para conseguir sua extradição.

Patiño, homem forte do correísmo, deixou o Equador na quarta-feira com destino ao Peru, horas antes que acontecesse hoje uma audiência sobre a denúncia por instigação contra o atual governo, presidido por Lenín Moreno.

Sua viagem foi possível porque não pesava sobre ele nenhuma ordem judicial, embora hoje, a procuradora-geral do Estado, Diana Salazar, tenha se queixado do Poder Judiciário ao afirmar que tinha pedido a medida cautelar de prisão no sábado.

"É melhor prevenir que lamentar e o dever de todos os operadores de Justiça é zelar para que não exista mais impunidade no país. Peço à população que fique alerta e apoie a luta contra a corrupção", destacou a procuradora-geral.

Além disso, antecipou que solicitará "aos organismos encarregados de controle que revisem as atuações da juíza Beatriz Benítez e verifiquem seu patrimônio", dando a entender que sua decisão de não aplicar essa medida possa estar relacionada com um crime de corrupção.

Em uma audiência realizada no sábado por conta da denúncia de um cidadão contra Patiño, Benítez, juíza relatora do caso, argumentou que não podia continuar com nenhum processo penal a respeito.

Patiño, de 65 anos, foi ministro das Relações Exteriores e depois da Defesa do ex-presidente Correa, que vive hoje na Bélgica e é procurado pela Justiça equatoriana por violação de medidas cautelares no caso de sequestro de um político opositor.

O caso em questão remonta a outubro do ano passado quando a Procuradoria de Cotopaxi abriu uma investigação prévia contra Patiño com base em uma denúncia apresentada pelo advogado Juan Carlos Machuca por supostamente ter violado a lei quando, em uma convenção do seu movimento político, teria incitado seus correligionários a efetuar ações combativas contra as instituições públicas.

O ex-chanceler é considerado o dirigente mais próximo do ex-presidente Correa no Equador, depois que o ex-vice-presidente Jorge Glas foi preso no final de 2017 após ser condenado por formação de quadrilha na trama de subornos envolvendo a Odebrecht.

Por enquanto, não se sabe se Patiño retornará ao país e a Agência Efe tentou, sem sucesso, entrar em contato com o ex-chanceler, mas fontes próximas asseguram que a viagem, por enquanto, "não tem retorno".

Outros conhecidos líderes do correísmo foragidos são o ex-secretário de Comunicação, Fernando Alvarado, presumivelmente na Venezuela, e a ex-congressita Sófia Espín e o ex-diretor da Superintendência de Comunicação, Carlos Ochoa, na Bolívia. EFE

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