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Com mulher grávida, defesa de catador morto a tiros pedirá pensão à União

18.abr.2019 - O catador de materiais recicláveis Luciano Macedo, 28, morreu na madrugada de hoje - Arquivo pessoal
18.abr.2019 - O catador de materiais recicláveis Luciano Macedo, 28, morreu na madrugada de hoje Imagem: Arquivo pessoal
do UOL

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

18/04/2019 12h37

Um dos advogados do catador Luciano Macedo, que morreu na madrugada de hoje no hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na zona norte do Rio, informou que vai acionar a União na Justiça e solicitar pensão à família.

Luciano foi baleado durante uma ação do Exército no último dia 7, em Guadalupe, na zona norte do Rio. A mulher de Macedo está grávida de cinco meses. O advogado João Tancredo disse que além do pedido de pensão, vai solicitar à Justiça indenização pela morte do catador de materiais recicláveis.

"Uma ação de indenização própria, buscando reparação por danos morais, que é o dano do sofrimento e também reparação por dano material, que é um pensionamento que ele pagaria para a família e que, como ele faleceu, alguém tem que pagar. E nesse caso é a União, não tenhamos dúvidas disso. Essas são as ações num primeiro momento."

O advogado afirmou ainda que pretende acionar o hospital, onde o Macedo passou 11 dias internados. A unidade descumpriu duas ordens judiciais que autorizavam a transferência do paciente. A primeira delas indicava que Luciano deveria ser transferido para o hospital municipal Moacyr do Carmo, em Caxias, por considerar que a unidade teria mais estrutura para atender o caso do paciente. Posteriormente, uma segunda decisão ordenou a transferência para um hospital privado, com despesas custeadas pelo estado. No entanto, as decisões não foram cumpridas e Luciano foi submetido a uma cirurgia torácica na tarde de ontem.

"As medidas jurídicas a serem tomadas, primeiro, no que se refere ao não cumprimento da ordem judicial é a execução de umas multas que foram fixadas, segundo é representar contra os médicos que fizeram uma cirurgia não autorizada e que agravou o estado de saúde do Luciano, o levando a morte e, também, contra a direção do hospital pelo descumprimento desta determinação. Imediatamente são essas medidas", informou o advogado João Tancredo.

Procurada, a secretaria de Saúde informou que a cirurgia foi bem-sucedida e alegou que o paciente não teria condições de ser transferido devido ao quadro de saúde gravíssimo.

"Todos os esforços foram feitos para reverter o quadro", informou a pasta. Luciano deu entrada na unidade em situação delicada com comprometimento do pulmão esquerdo que foi atingido por um tiro de fuzil.

A Central Municipal de Regulação informou através de nota que "manteve contato com a direção da unidade estadual onde o paciente estava internado, para que fosse viabilizada a transferência para outra unidade quando o paciente tivesse condição clínica para transporte; e que Luciano era classificado como grave, e vinha recebendo assistência em Centro de Tratamento Intensivo na unidade estadual, que avaliou a necessidade da cirurgia".

Após a operação, o paciente foi encaminhado para o CTI (Centro de Tratamento Intensivo) e morreu às 4h20 da madrugada de hoje.

82 tiros

Macedo foi ferido ao tentar ajudar Evaldo e a família dele, que estavam a caminho de um chá de bebê quando tiveram o carro fuzilado. O sogro de Evaldo também foi ferido e segue internado. O estado de saúde dele é considerado estável. Já a mulher do músico, o filho do casal de 7 anos e uma outra mulher não se feriram.

Quando o carro de Evaldo foi metralhado, o CML (Comando Militar do Leste) emitiu uma nota dizendo que a ação tinha sido uma resposta a um assalto e sugeriu que os militares haviam sido alvo de uma "agressão" por parte dos ocupantes do carro. Depois que a família do músico contestou a versão dada pelo Exército, a instituição recuou e mandou prender 10 dos 12 militares envolvidos na ação. Dias depois, a Justiça Militar determinou que nove militares permanecessem detidos. Um acabou solto após alegar que não fez nenhum disparo. Todos os nove ouvidos disseram que alguns minutos antes, os militares haviam trocado tiros com um veículo de características similares, no bairro de Guadalupe.

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