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Sinn Féin diz que Brexit não pode ser desculpa para "pegar em armas"

26/03/2019 12h57

Dublin, 26 mar (EFE).- O partido nacionalista irlandês Sinn Féin, antigo braço político do já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA), afirmou nesta terça-feira que o Brexit não pode servir como justificativa para "pegar em armas" e provocar um aumento da violência na ilha da Irlanda.

Em discurso no Parlamento de Dublin, a líder do Sinn Féin, Mary Lou McDonald, ressaltou que "não existe desejo algum" de volta às "ações armadas" em "nenhuma comunidade" do norte ou do sul, 20 anos depois da assinatura do acordo de paz da Sexta-feira Santa, que em 1998 pôs fim a mais de três décadas de conflito.

"O povo abraçou a nova realidade de relativa estabilidade, avanços e progresso", declarou a presidente do Sinn Féin, a maior formação entre os católicos da província britânica da Irlanda do Norte e a terceira força da Irlanda.

McDonald enfatizou que a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), seja de maneira ordenada ou sem acordo, não oferece "circunstâncias, desculpas ou cenários" para que as pessoas violentas "peguem em armas" de novo.

As forças da ordem alertaram nos últimos meses sobre o aumento da atividade terrorista de grupos dissidentes do IRA - que se opõem ao processo de paz -, aproveitando a incerteza e o mal-estar criado pelo Brexit, que foi rejeitado majoritariamente pelo eleitorado norte-irlandês no referendo de 2016.

Também não contribuiu a paralisia política sofrida pela região, onde o governo autônomo de poder compartilhado está suspenso desde janeiro de 2017 pelas diferenças entre Sinn Féin e o pró-britânico Partido Democrático Unionista (DUP), majoritário entre os protestantes e parceiro do governo de Londres.

McDonald declarou nesta terça-feira que a posição do DUP em relação ao Brexit é "totalmente imprudente e perigosa", dado a sua rejeição ao acordo de ruptura que a primeira-ministra britânica, a conservadora Theresa May, definiu com Bruxelas em novembro do ano passado.

Os unionistas e a ala eurocética conservadora lideraram a oposição a esse texto em duas votações realizadas em Westminster pela inclusão da chamada salvaguarda da fronteira, pensada para evitar uma barreira dura entre as duas Irlandas, fundamental para as suas economias e o processo de paz.

Este mecanismo prevê que o Reino Unido permaneça na união aduaneira e que a Irlanda do Norte também esteja alinhada com certas normas do mercado único até que estabeleçam uma nova relação comercial entre ambas as partes, um processo que pode durar anos e que, segundo os unionistas, poderia colocar em perigo a integridade territorial de todo o país.

Para McDonald, a salvaguarda é necessária porque, caso Londres e Dublin não pactuem uma nova relação, "não pode existir" uma "parte da ilha da Irlanda" que esteja dentro do bloco comunitário e outra fora.

"Isso teria enormes consequências para o comércio e a nossa economia, mas também para os direitos de nossos cidadãos e o bom funcionamento do acordo da Sexta-feira Santa", concluiu a presidente do Sinn Féin. EFE

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