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UE e Reino Unido afastam por semanas espectro do 'Brexit selvagem'

21/03/2019 23h46

Bruxelas, 22 Mar 2019 (AFP) - A primeira-ministra britânica, Theresa May, aceitou nesta quinta-feira a oferta de seus 27 sócios europeus com duas opções para adiamento do Brexit - evitando um divórcio abrupto em 29 de março.

"Eu encontrei a primeira-ministra diversas vezes nesta noite para me certificar de que o Reino Unido aceita os cenários de extensão e fico feliz em confirmar que temos um acordo", declarou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

Caso os deputados britânicos aprovem o acordo de saída na próxima semana, a prorrogação poderá ser estendida até 22 de maio, véspera das eleições europeias, segundo uma declaração dos 27 sócios reunidos em uma cúpula em Bruxelas.

Mas, caso contrário, "o Conselho europeu decide prorrogá-lo até 12 de abril de 2019 e esperar que o Reino Unido indique a via a seguir após esta data", escreveram os dirigentes europeus.

O objetivo do acordo alcançado pelos europeus e por May "é dar o máximo de possibilidades para que o acordo de retirada seja ratificado", comentou uma fonte governamental espanhola. Este acordo permitiria uma saída organizada do Reino Unido.

A primeira-ministra britânica desejava um adiamento até 30 de junho, mas esta data acarretaria um problema jurídico para a UE, devido às eleições europeias, previstas para entre 23 e 26 de maio.

A data de 12 de abril "é a última para os britânicos convocarem eleições", segundo a fonte do governo espanhol.

"Se o Reino Unido não quiser organizar eleições, não teremos meios de fazer outra coisa, isso quer dizer que eles terão escolhido o 'no deal' (sem acordo)", comentou o Eliseu.

A União Europeia (UE) havia aumentado a pressão sobre uma hostil Câmara dos Comuns no Reino Unido nesta quinta-feira, alertando que caso o acordo de divórcio não fosse aprovado, eles se encaminhariam para um temido Brexit sem acordo.

O Reino Unido caminha para se tornar o primeiro país a deixar o bloco em seis décadas de construção europeia.

- Mau caminho -A tarefa da chefe do governo britânico, no entanto, é árdua. O líder da oposição britânica, o trabalhista Jeremy Corbyn, expressou novamente sua oposição ao acordo negociado por May nesta quinta-feira.

"Não achamos que seja o caminho certo e estamos procurando uma alternativa que possa reunir uma maioria no Parlamento", disse ele em Bruxelas, depois de se encontrar com o negociador europeu do Brexit, Michel Barnier.

No Reino Unido, os ambientes econômicos não pararam de aumentar a pressão nas últimas semanas para evitar uma saída da UE sem acordo, cenário contra o qual até mesmo os deputados falaram na semana passada em uma votação não vinculante.

O Banco da Inglaterra (BoE) expressou sua preocupação na quinta-feira sobre o impacto econômico das incertezas em torno do Brexit, enquanto empregadores e sindicatos britânicos alertaram que o país enfrentará uma "emergência nacional" em caso de partida abrupta.

Nos últimos dias, no entanto, surgiu um novo obstáculo na saga do Brexit. O presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, indicou que a "mesma proposta" de um acordo de divórcio não poderia ser colocada de volta em votação sem mudanças "substanciais".

Antecipando-se à possibilidade de Westminster não possa votar o acordo de divórcio ou o rejeite em uma nova votação nos próximos dias, a chanceler alemã, Angela Merkel, não descartou ante o Bundesrag outra reunião de mandatários "na próxima semana".

Os europeus estão cada vez mais exasperados com a situação interna no Reino Unido, mas, como garantiu Tusk, "embora a fadiga do Brexit seja cada vez mais visível e justificada, não (podem) abandonar a busca até o último momento de uma solução positiva".

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