Depoimentos de vítimas de pedofilia comovem bispos
Em um briefing com a imprensa, o arcebispo de Malta e secretário-adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé, Charles Scicluna, já apelidado de "caçador de pedófilos" da Igreja, disse que todos ficaram "impressionados" com os testemunhos dessas "vozes poderosas e emocionadas".
"Eu sempre disse que, para entender o tamanho dessa praga, é importante escutar as vítimas: esse é um terreno sacro", acrescentou. "Após os depoimentos, houve dois minutos de silêncio, para se sentir em contato com o que fora ouvido", afirmou o padre jesuíta Hans Zollner, membro do comitê organizador.
Em determinado trecho do vídeo, uma vítima diz que os padres eram "médicos da alma", mas se transformaram em "assassinos da alma e da fé". Outra sobrevivente, uma mulher africana, contou que começara a ter relações sexuais "com um padre aos 15 anos de idade" e que "os abusos duraram 13 anos consecutivos".
"Fiquei grávida três vezes e ele me fez abortar as três vezes, simplesmente porque ele não queria usar métodos contraceptivos.
Eu tinha medo dele e toda vez que eu me recusava a ter relações sexuais, ele me agredia", disse.
Desafio - A cúpula pretende determinar protocolos claros para enfrentar a pedofilia na Igreja e unificar a resposta contra escândalos no mundo inteiro. Antes do início da reunião, dois cardeais conservadores, o americano Raymond Burke e o alemão Walter Brandmuller, culparam a "agenda homossexual" pelos casos de abuso.
Scicluna, no entanto, afirmou nesta quinta que a homossexualidade, "por si só", não "predispõe ao pecado". O arcebispo ganhou notoriedade ao produzir o relatório que revelou a extensão do escândalo de pedofilia na Igreja chilena e culminou na renúncia de todo o episcopado local.
Ele trabalha agora na elaboração de um dossiê estatístico com números atualizados sobre a quantidade de abusos por parte do clero. O documento deve ser divulgado nos próximos meses, segundo o próprio Scicluna.
No primeiro dia da cúpula, o Papa também fez um discurso pedindo "medidas concretas e efetivas" para punir pedófilos. (ANSA)
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