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Túmulos judeus são profanados na França antes de marcha contra antissemitismo

19.fev.2019 - Suásticas são pintadas nos túmulos do cemitério judaico em Quatzenheim, na França - Frederick Florin/AFP
19.fev.2019 - Suásticas são pintadas nos túmulos do cemitério judaico em Quatzenheim, na França Imagem: Frederick Florin/AFP

19/02/2019 13h42

Cerca de 80 túmulos foram profanados em um cemitério judeu na França hoje, horas antes das manifestações convocadas em todo o país para denunciar o aumento do antissemitismo.

Um fotógrafo da AFP constatou que túmulos do cemitério da localidade de Quatzenheim, um povoado de 800 habitantes no leste da França, foram pintadas com suásticas nazistas azuis e amarelas.

"Tomaremos ações, promulgaremos leis e puniremos" os responsáveis, declarou o presidente Emmanuel Macron, que se dirigiu a Quatzenheim para dialogar com os habitantes consternados após a profanação.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, denunciou a profanação como um ato "chocante" cometido por "selvagens antissemitas", e chamou os líderes franceses a tomarem uma "forte posição contra o antissemitismo".

O ministro da Imigração israelense, Yoav Gallant, condenou a profanação do cemitério e chamou os judeus da França a emigrarem a seu país. "Voltem para casa, emigrem a Israel", escreveu Gallant no Twitter.

Os túmulos profanados foram encontrados no mesmo dia em que estão previstas manifestações em toda a França para denunciar um aumento dos atos antissemitas no país após uma onda de vandalismo.

A promotoria de Paris abriu uma investigação preliminar pelos insultos antissemitas contra o escritor e filósofo Alain Finkielkraut durante um protesto antigoverno dos "coletes amarelos" durante o fim de semana.

O ensaísta foi chamado, entre outras coisas, de "sionista de merda" por alguns manifestantes encalorados que encontraram ele em uma rua em pleno centro de Paris.

Emmanuel Macron condenou os "insultos antissemitas" aos quais Finkielkraut foi submetido - "a negação absoluta do que somos e do que nos torna uma grande nação". "Não o toleraremos", apontou.

Dias antes, uma suástica foi pintada sobre um retrato em Paris da falecida ex-ministra Simone Veil, sobrevivente de um campo de extermínio nazista durante a Segunda Guerra Mundial, e duas árvores que haviam sido plantadas em um subúrbio de Paris em memória de um jovem judeu assassinado em 2006 foram encontradas destroçadas.

Estes atos antissemitas ilustram um aumento, no último ano, dos mesmos na França, o país que tem a maior comunidade judaica da Europa.

O número de atos antissemitas disparou 74% na França em 2018, totalizando 541, contra 311 em 2017, segundo cifras publicadas na semana passada pelo Ministério do Interior.

A Alemanha também registrou em 2018 um forte aumento de atos antissemitas, com 1.646 registrados, seu nível mais alto em quase dez anos.

Perante este aumento dos atos de ódio contra a comunidade judaica, cerca de 70 manifestações serão realizadas hoje em toda a França, incluindo uma na praça da República em Paris.

Nas marchas parisienses estarão presentes várias personalidades de destaque, incluindo os ex-presidentes François Hollande (2012-2017) e Nicolas Sarkozy (2007-2012).

Vários funcionários do governo acusaram o movimento popular de "coletes amarelos" de desencadear uma onda de violência que fomentou atos antissemitas entre alguns manifestantes.

Macron indicou que apresentará seus planos para combater o antissemitismo durante um discurso no jantar anual da associação CRIF, que reunirá grupos judaicos franceses na quarta-feira.

Mas resistiu aos chamados de alguns legisladores para penalizar as declarações antissionistas que põem em questão o direito de Israel de existir como nação.

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