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Shamima Begum: jovem que fugiu para se juntar ao Estado Islâmico e agora quer 'voltar para casa' perde cidadania britânica

19/02/2019 21h48

Em entrevista à BBC, Shamima Begum disse que acabara de dar à luz e que agora quer o perdão do Reino Unido para voltar para casa.

Shamima Begum, que se juntou ao Estado Islâmico na Síria aos 15 anos, perdeu sua cidadania britânica.

O advogado da família, Tasnime Akunjee, disse ter ficado "desapontado" com a decisão e considerava "todos os meios legais" para contestá-la.

Begum deixou Bethnal Green, no leste de Londres, com dois amigos de escola, em fevereiro de 2015. Em entrevista ao jornal britânico The Times na semana passada, Shamima Begum, agora com 19 anos, contou ter visto "cabeças decapitadas em latas de lixo" - mas que isso "não a abalou".

Falando de um campo de refugiados na Síria, ela disse em entrevista à BBC que acaba de dar à luz e que agora quer o perdão do Reino Unido para voltar para casa. Ela disse que teve outros dois filhos que morreram.

O boletim de notícias britânico ITV News disse que a mãe de Begum recebeu uma carta do Ministério do Interior na terça-feira.

O texto dizia que o ministro do Interior, Sajid Javid, havia tomado a decisão de remover a cidadania britânica da filha dela e que a ordem foi cumprida em seguida.

Ele ainda pediu à mãe que a informasse a decisão à filha e que ela tinha o direito de recorrer. Fontes do Palácio de Whitehall confirmaram que o secretário do Interior tomou a decisão.

O Ato de Nacionalidade Britânica de 1981 prevê que um cidadão pode ser privado de sua cidadania se o secretário do Interior estiver convencido de que a medida seria "propícia ao bem público".

Begum disse que viajou para a Síria com o passaporte britânico da irmã, mas que ele foi tomado dela quando atravessou a fronteira.

Acredita-se que ela seja natural de Bangladesh, mas, quando perguntada pela BBC, ela disse que não tinha passaporte de Bangladesh e nunca esteve no país.

Javid disse aos parlamentares na segunda-feira que não "hesitaria em impedir" o retorno dos britânicos que viajaram para a Síria para se juntar ao EI.

Ele disse que mais de 100 cidadãos binacionais já perderam a cidadania britânica depois de viajar em apoio a grupos autodenominados terroristas.

Begum disse que não se arrepende de ter viajado para a Síria e foi parcialmente inspirada por vídeos de combatentes que decapitaram reféns, além de vídeos mostrando "a boa vida" do EI.

No entanto, ela disse que não concorda com tudo o que o grupo fez.

"Eu realmente apoio alguns valores britânicos e estou disposta a voltar para o Reino Unido e me acomodar novamente e retomar essas coisas", disse ela à BBC.

Perda de controle do Estado Islâmico

O Estado Islâmico perdeu o controle da maior parte do território que invadiu, incluindo os redutos de Mossul, no Iraque, e Raqqa, na Síria.

O grupo extremista chegou a controlar 88 mil quilômetros quadrados de uma área que se estendia do oeste da Síria até o leste do Iraque, impôs seu regime brutal a quase oito milhões de pessoas e gerou bilhões de dólares em receita proveniente da exploração de petróleo, extorsão, roubo e sequestro.

A batalha para expulsar o Estado Islâmico do Iraque e da Síria já provocou milhares de mortes e deixou milhões de pessoas desalojadas, que foram forçadas a deixar suas casas e até o país.

Atualmente, acredita-se que entre mil e 1,5 mil militantes do grupo extremista ocupem um território de 50 quilômetros quadrados no Vale do Rio Eufrates, próximo à fronteira da Síria com o Iraque, que está sob ataque de combatentes das Forças Democráticas Sírias lideradas por curdos.

Apesar da redução física do "califado", o Estado Islâmico continua sendo uma força de combate forte e disciplinada, cuja derrota permanente não está assegurada.


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