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DW concede Prêmio Liberdade de Expressão a Anabel Hernández

19/02/2019 12h29

Escritora e jornalista mexicana, conhecida por seu trabalho investigativo em temas relacionados ao narcotráfico em seu país, é a premiada de 2019. Ameaçada, ele teve que se exilar na Europa.A escritora e jornalista investigativa mexicana Anabel Hernández receberá o Prêmio Liberdade de Expressão (Freedom of Speech Award) de 2019, outorgado pela Deutsche Welle.

Pelo quinto ano consecutivo, a emissora internacional da Alemanha homenageia personalidades ou iniciativas de destaque por seu trabalho na promoção dos direitos humanos e da liberdade de expressão. "Eu aceito o prêmio com gratidão e esperança, em nome de todos os corajosos jornalistas que realizam seu trabalho todos os dias", disse Hernández.

"Anabel Hernández se destaca pelo rigor de suas investigações, sempre ao lado da realidade que retrata. A jornalista investiga casos de corrupção, reunindo evidências legais ao longo de anos. Sua luta contra o acobertamento e a impunidade é um exemplo impressionante de coragem no jornalismo", afirmou o diretor-geral da Deutsche Welle, Peter Limbourg, nesta terça-feira (21/02), na Cidade do México.

Exílio como último recurso

Nos anos 1990, Anabel Hernández atuou como editora em alguns dos mais importantes jornais do México, como Reforma, Milenio e El Universal. Após o sequestro e assassinato de seu pai, ocorrido na Cidade do México no final do ano 2000, Hernández concentrou seu trabalho jornalístico em casos de violações da lei e escândalos judiciais tolerados pelo Estado.

Em 2010, a jornalista de 47 anos ganhou renome internacional com seu livro Los señores del narco (os senhores do narcotráfico, em tradução livre), no qual revela as ligações entre os cartéis de drogas mexicanos, políticos e autoridades responsáveis pela segurança pública.

Depois de receber inúmeras ameaças de morte e ter sido alvo de ataques em seu entorno pessoal, Hernández foi forçada a deixar o México para se estabelecer nos Estados Unidos, onde passou dois anos pesquisando na Universidade de Berkeley. Atualmente, a jornalista vive exilada na Europa e, embora se sinta relativamente segura, viajar para seu país continua a significar um risco permanente para ela.

No segundo semestre de 2018, dois anos após o lançamento da edição original, foi publicada a versão em inglês de seu livro A verdadera noche de Iguala: A história que el gobierno trató de ocultar (A verdadeira noite de Iguala, em tradução livre). O livro documenta o desaparecimento e assassinato em massa de 43 estudantes no estado mexicano de Guerrero, ocorridos em 2014.

"O jornalismo investigativo é uma atividade perigosa em muitos países, especialmente quando aponta para governos, pessoas ou empresas poderosas. Às vezes, os jornalistas não têm outra opção a não ser deixar seus países para proteger suas famílias e a si mesmos", disse Limbourg.

"Mas, mesmo quando decidem ficar, enfrentam muitas vezes a ruína econômica. São vistos como pessoas interessantes para entrevistar, mas têm dificuldade em encontrar meios de comunicação que paguem por seu trabalho. Esse isolamento faz com que muitos jornalistas desistam de sua profissão. A verdade e a justiça se veem afetadas devido a esse silêncio", concluiu o diretor-geral da DW.

Freedom of Speech Award

A Deutsche Welle foi fundada em 1953, fornecendo, deste então, notícias e informações independentes a pessoas do mundo todo e em seus próprios idiomas. A DW promove valores democráticos, os direitos humanos e o diálogo intercultural. Desde 2015, a emissora homenageia indivíduos e organizações com o Prêmio Liberdade de Expressão.

O primeiro homenageado foi o blogueiro saudita Raif Badawi, que permanece preso em Jeddah. Em 2016, o prêmio foi para Sedat Ergin, ex-editor-chefe do jornal turco Hürriyet. No ano seguinte, a DW distinguiu a Associação de Correspondentes da Casa Branca e, em 2018, o cientista político e ativista iraniano Sagdeh Zibakalam.

A entrega do Freedom of Speech Award é o ponto alto do Global Media Forum, conferência internacional da Deutsche Welle sobre o papel da mídia. Nos dias 27 e 28 de maio de 2019, por volta de 2 mil especialistas de mais de 100 países se reunirão no World Conference Center (WCCB) em Bonn, na Alemanha, para refletir sobre os desenvolvimentos atuais da política e dos meios de comunicação.

CA/dw

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