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Calor e praga que dizimou laranjas nos EUA fazem safra no Brasil ser pior

Silva Junior/Folhapress
Imagem: Silva Junior/Folhapress
do UOL

Eliane Silva

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

19/02/2019 04h00

Falta de chuva, calor e doenças como o greening vão prejudicar a safra de laranja de 2018/19 de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, responsáveis por 80% da produção nacional. A queda deve ser de 28,5%. Uma redução já era esperada nesta safra porque a laranja funciona assim: um ano bom, outro mais fraco.

Mas o clima e a praga pioraram a situação. O greening atingiu 18,15% das 175 milhões de árvores produtivas, um aumento de 8,5% em relação a 2017. A praga é transmitida por um inseto e impede a produção das árvores novas e reduz a produção das árvores adultas. Essa doença dizimou os laranjais da Flórida (EUA). Não há cura, a árvore contaminada tem de ser derrubada.

A produção deve fechar com 284,88 milhões de caixas de 40,8 kg, segundo estimativa do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura). Na safra anterior, que foi o ano bom, chegou a 398,35 milhões de caixas. O volume é 1,18% inferior ao da primeira estimativa para este ano, feita em maio. Os números finais saem em abril.

Laranjas vão ser menores

Vinicius Trombini, coordenador da Pesquisa de Estimativa de Safra do Fundecitrus, disse que já era esperada uma safra menor por conta da bianualidade da laranja (uma safra boa, outra menor), mas o menor volume de chuvas no ano passado, 3% abaixo da média histórica, e o forte calor na época da florada, no final de setembro e início de outubro, acentuaram as perdas. "Muitos frutos que já tinham o tamanho de ervilhas caíram por conta do calor intenso."

A taxa média de queda de frutos foi reestimada para 16,7% (o natural seria 6%). Além do clima, a perda de frutos é influenciada por mecanização e doenças, especialmente o greening. O período mais seco também foi o responsável pela redução de peso da fruta, que tem peso médio agora de 157 gramas ante os 165 gramas da safra anterior.

Produtores também relatam quedas maiores que a esperada. A Krauss Citros, grupo que possuiu sete fazendas de laranja na região de Casa Branca (SP), deve fechar a safra com uma quebra de 30%, ou 150 mil caixas, em relação a sua previsão. "Infelizmente, faltou chuva nos meses de junho e julho e também em outubro e novembro", disse Rafael Fernandes, agrônomo e gerente agrícola.

A Krauss já colheu 92% da safra, com uma produtividade média de 890 caixas/ha. O gerente afirmou que, apesar da queda, a safra está sendo boa pelos preços pagos pela indústria. O grupo também tem viveiro de mudas de laranja, com produção de 700 mil unidades por ano.

85% das laranjas viram suco

Em torno de 85% da laranja colhida no país vai para a indústria de suco, que exporta 97% da produção especialmente para Europa (70%), Estados Unidos (20%) e Ásia e Oriente Médio (10%).

Segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Economia), de julho de 2018 a janeiro deste ano, foram exportadas 567.983 toneladas de suco de laranja concentrado congelado, uma queda de 13% em relação ao mesmo período anterior. Em valores, as exportações somaram US$ 1,068 bilhão, uma redução de 10%.

Ibiapaba Netto, diretor-executivo da Citrus-BR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos), afirmou que, apesar da safra menor, o que importa para o mercado é o equilíbrio entre oferta e demanda. A entidade deve divulgar nos próximos dias os números finais do processamento das indústrias, que devem ficar entre 220 milhões e 230 milhões de caixas.

O diretor disse que um mercado com potencial de crescimento que interessa muito ao setor é o da China. "Exportamos US$ 100 milhões para os chineses, mas estamos trabalhando na questão tarifária para aumentar nossa condição competitiva lá."

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