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Galápagos avança na luta contra um mal que chega de fora: o plástico

18/02/2019 06h02

Susana Madera.

Quito, 18 fev (EFE).- O arquipélago de Galápagos, o laboratório a céu aberto no qual o cientista inglês Charles Darwin desenvolveu sua teoria sobre a evolução das espécies, avança na luta implacável contra um mal que chega de fora: o plástico.

Tudo isso porque as correntes marinhas arrastam plásticos para as ilhas do arquipélago, um assunto "preocupante", segundo o diretor do Parque Nacional Galápagos, Jorge Carrión.

Com base nas marcas das vasilhas encontradas durante a limpeza das praias, os plásticos chegam de Peru, Chile e países da América Central. Além disso, "uma grande quantidade de resíduos provém da Ásia", afirmou Carrión à Agência Efe.

Embora não exista um dado exato de quantas toneladas de plástico existem no litoral, o especialista lembrou que em 2018 foram recolhidas 22 toneladas. Só na semana passada foram 4,5 toneladas.

"Agora estamos classificando o lixo, o que é um trabalho muito, muito minucioso", comentou Carrión sobre a recente coleta.

Em questões operacionais, o próprio município da ilha de Santa Cruz coordena a mudança dos resíduos em bom estado à parte continental equatoriana para que sejam reciclados, enquanto aqueles sem condições de reuso devido à degradação por causa do sol e da salinidade são enviados ao aterro sanitário da ilha.

No arquipélago de Galápagos, localizado a cerca de mil quilômetros do litoral continental equatoriano, materiais de polietileno expandido e sacolas plásticas estão proibidos desde 2015. Depois, os canudinhos entraram na lista de proibições.

Uma nova escalada no combate aos plásticos pode ocorrer em março com a proibição total do uso de bebidas em recipientes de plástico não retornável.

"A intenção é limpar todas as costas de Galápagos e para isso estamos avançado bem na luta contra os plásticos", analisou Carrión ao explicar que os plásticos encontrados no litoral do arquipélago não correspondem a atividades produtivas dessa província.

Por isso, como presidente temporário do Corredor Marinho do Pacífico Tropical, o Equador antecipa diálogos com representantes de outros países para ampliar a luta contra os plásticos e tentar resistir à chegada desses resíduos ao mar.

O trabalho avança na construção da estratégia geral para a luta contra os plásticos no arquipélago, famoso pela grande biodiversidade e por abrigar espécies únicas no planeta. Por isso, qualquer precaução é pouca.

Perto da estação científica Charles Darwin está sendo desenvolvido um programa de monitoramento para avaliar a ameaça do plástico, como um potencial transporte de espécies e sua capacidade invasiva nas espécies de Galápagos, um arquipélago catalogado Patrimônio Natural da Humanidade em 1978.

Desta maneira, pretende-se detectar mais cedo a presença de espécies não nativas e reduzir assim a probabilidade de dispersão secundária, proveniente de fontes de plástico.

Os especialistas identificaram potenciais espécies invasoras que saindo de Costa Rica e Chile poderiam chegar a Galápagos arrastadas pelas correntes.

E para isso está pronto um plano preventivo a fim de intervir imediatamente no local se for localizada alguma espécie invasora, e coletar todos os resíduos, que podem chegar também nos cascos de embarcações.

O Ministério do Meio Ambiente do Equador, através do Parque Nacional e da Agência de Biossegurança de Galápagos, mantêm controles rígidos às embarcações de carga e turismo.

"Temos a obrigação de pedir para que se retirem da reserva" caso seja encontrado algum tipo de contaminação, afirmou Carrión.

Como parte do combate à poluição, em 2012 foram transferidos 35 mil pneus em desuso de Galápagos para o Equador continental, uma ação que ocorrerá novamente assim que terminar uma atualização da resolução para o transporte de resíduos do arquipélago.

Paralelamente à limpeza do litoral, as autoridades de Galápagos desenvolvem estratégias de comunicação.

"É necessário que tenhamos consciência ambiental entre os que residem em Galápagos. Assim, pouco a pouco, vamos exportando esta consciência ambiental ao Equador continental e ao mundo inteiro", declarou.

Carrión considera que Galápagos precisa ser um exemplo não só em conservação, mas "em forma de vida sustentável", por isso que exalta a população tenha aceitado "de boa maneira" as ações para evitar o uso de plásticos, um inimigo que não tem fronteiras. EFE

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