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Mãe viu filho levar "gravata" de segurança e diz que ele iria para clínica

do UOL

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

15/02/2019 13h47Atualizada em 27/02/2019 14h49

Resumo da notícia

  • Jovem leva "gravata" de segurança em supermercado no Rio
  • Vítima morre após sofrer três paradas cardiorrespiratórias
  • Segurança alega que jovem simulou ataque epiléptico e tomou uma arma dos seguranças para ameaçá-los
  • Mãe da vítima relata a testemunhas que a arma se soltou
  • Imagens divulgadas em redes sociais mostram apenas a vítima imobilizada
  • Delegacia de Homicídios investiga o caso

A mãe de Pedro Gonzaga, de 19 anos, estava com o filho quando ele foi imobilizado com uma "gravata" por um segurança da rede de supermercados Extra, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro. Após a imobilização, Gonzaga sofreu três paradas cardiorrespiratórias e morreu enquanto era atendido no Centro de Emergência Regional, que fica junto ao complexo do hospital Lourenço Jorge, também na Barra.

De acordo com a Polícia Civil, a mãe teria relatado a um amigo da família, a quem ligou pedindo ajuda, que o filho era usuário de drogas e que os dois estavam a caminho de uma clínica de reabilitação em Petrópolis, na região Serrana, quando resolveram parar no supermercado. 

Apesar de a mãe não ter prestado depoimento porque está em estado de choque, ela relatou a uma das testemunhas que prestou depoimento que o filho sofreu um surto e correu em direção ao segurança Davi Ricardo Moreira.

Segundo o depoimento dessa testemunha, a mãe afirmou que os dois entraram em luta corporal e que a arma do vigilante acabou se soltando. A própria mãe teria chamado outros vigilantes para impedir que o filho pegasse o revólver. Em seguida, Gonzaga foi imobilizado com uma "gravata" pelo segurança. O movimento foi interrompido quando o jovem já estava desacordado, conforme mostram vídeos divulgados em redes sociais.

Já o advogado de Moreira, André França Barreto, disse que o jovem de 19 anos atacou o segurança, tomou sua arma e chegou a apontá-la para os clientes. Com isso, Moreira teria dado a "gravata" como legítima defesa.

"O rapaz simulou um ataque epiléptico, o Davi se aproximou para prestar os primeiros socorros e teve a arma retirada do corpo. Ele chegou a apontar a arma para os presentes no mercado e, neste momento, um segundo segurança conseguiu intervir. Neste momento, o Davi e o jovem entraram em luta corporal e o segurança cai por cima dele, o deixando imobilizado até a chegada de reforços", explicou Barreto.

De acordo com o advogado, o segurança acompanhou a vítima até a unidade de saúde, ficou detido por três horas na delegacia para prestar esclarecimentos e foi solto após fiança de R$ 10 mil. Ele responderá o processo em liberdade, segundo a defesa.

Apesar da versão do segurança, as imagens que foram veiculadas nas redes sociais mostram apenas Moreira imobilizando o jovem com a gravata. Gonzaga está aparentemente desacordado, com o segurança deitado sobre ele. Não é possível ver a ameaça com arma ou a simulação alegada pelo acusado. O vigilante refuta pedidos de outras pessoas para que solte Gonzaga. 

De acordo com a polícia, imagens de câmeras de segurança mostram o rapaz correndo em direção ao segurança, porém devido a qualidade das imagens não é possível ter clareza ainda do que ocorreu depois.

Segurança responderá por homicídio sem intenção

Segundo o delegado Cassio Comte, o segurança vai responder por homicídio culposo (sem intenção de matar) com agravante de um terço da pena devido a "inobservância de regras da profissão". Segundo ele, o ato foi imprudente e o vigilante deveria saber lidar melhor com a situação.

Até o momento, foram ouvidos três funcionários do estabelecimento comercial. Entre eles, dois seguranças. Também prestaram depoimento o padrasto da vítima e dois amigos - um que estaria no mercado acompanhando a família, mas que não teria presenciado a cena e outro para quem a mãe ligou relatando o que aconteceu. A mãe de Gonzaga não depôs, pois está em estado de choque.

Em nota, o supermercado Extra, que pertence ao Grupo Pão de Açúcar, afirmou que repudia atos de violência em suas lojas e que abriu uma investigação interna para apurar o caso. Inicialmente, segundo a empresa, foi constatado que "se tratou de uma reação à tentativa de furto a arma de um dos seguranças da unidade da Barra da Tijuca". Informou ainda que os seguranças envolvidos foram afastados. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que informou a matéria, Pedro Henrique de Oliveira Gonzaga tinha 19 anos. A informação foi corrigida.

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