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Líderes defendem multilateralismo em Davos, em dia marcado por Venezuela

23/01/2019 19h44

Davos, Suíça, 23 Jan 2019 (AFP) - A alemã Angela Merkel, o japonês Shinzo Abe e o chinês Wang Qishan defenderam, nesta quarta-feira (23), em Davos, o multilateralismo contra o recuo protecionista em um dia em que vários líderes latino-americanos apoiaram, da Suíça, o autoproclamado novo presidente interino da da Venezuela.

"Eu peço a todos que retomem a confiança no sistema de comércio internacional", disse Shinzo Abe em um discurso, afirmando que Europa, Japão e Estados Unidos deveriam "unir forças" para revisar as regras do livre-comércio.

O primeiro-ministro japonês, cujo país preside o G20 este ano, quer "recuperar o otimismo" em um contexto pessimista em Davos, devido à desaceleração da economia chinesa e aos atritos comerciais.

Após as palavras de Abe, a chanceler alemã Angela Merkel fez uma defesa metódica do multilateralismo, uma ideia rejeitada líderes como Donald Trump e Jair Bolsonaro, que neste ano foi ao Fórum para apresentar o seu "novo Brasil".

O presidente brasileiro cancelou sem aviso prévio uma coletiva de imprensa marcada para esta quarta-feira com vários de seus ministros para "descansar", segundo uma fonte da Presidência.

Já o vice-presidente chinês, Wang Qisha, garantiu nesta quarta-feira em Davos que a China e os Estados Unidos são "indispensáveis um ao outro".

Ele também afirmou que o crescimento chinês, que caiu em 2018 a seu nível mais baixo em 30 anos, permaneceu "significativo", com 6,6%, e disse que esse número "não é baixo".

O Reino Unido tentou novamente tranquilizar o mundo econômico, apesar das incertezas sobre o Brexit.

Minimizando o impacto das decisões das multinacionais Sony e Dyson de retirar sua sede do Reino Unido, Liam Fox, ministro do Comércio Internacional Britânico, disse à AFP que o país "está aberto aos negócios e continua sendo um destino atraente para os investimentos estrangeiros diretos, mesmo durante o período de incerteza sobre o Brexit".

O presidente espanhol, o socialista Pedro Sánchez, também esteve em Davos, onde disse que "o nacionalismo, o populismo não são problema só de um país ou continente. São os principais desafios das democracias".

Seu equivalente italiano, Giuseppe Conte, presidente de uma coalizão de ultra-direita e antissistemas, pediu um "novo humanismo" na Europa, "do povo e para o povo".

- Uma adolescente contra a mudança climática -Diante do discurso dominante em Davos, Greta Thunberg, uma adolescente sueca de 16 anos, invadiu o fórum na quarta-feira para pedir ação contra as mudanças climáticas.

"Não, eu não acho que as pessoas no poder agem ou fazem alguma coisa aqui. Por que eles fariam? Eles têm que agir (...) Eles sabem exatamente quais são os valores inestimáveis que sacrificaram para continuar ganhando quantias astronômicas", disse à AFP.

A chegada dessa jovem sueca, cujas ações contra as mudanças climáticas inspiram jovens de todo o mundo, não passou despercebida e foi aguardada por inúmeras câmeras e jornalistas.

- Reconhecimento de Juan Guaidó -Após uma reunião para analisar a situação na Venezuela, vários líderes latino-americanos presentes em Davos, entre eles o presidente da Colômbia, Iván Duque, e do Brasil, Jair Bolsonaro, além de representantes do Peru e do Canadá reconheceram, em uma declaração, Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.

"A Colômbia reconhece Juan Guaidó como presidente da Venezuela e acompanha este processo de transição para a democracia para que o povo venezuelano seja libertado da ditadura", disse Duque, enquanto Bolsonaro, a vice-presidente do Peru, Mercedes Aráoz, e a chanceler do Canadá, Chrystia Freeland, fizeram declarações na mesma linha.

Nesta quarta-feira o chefe do Parlamento venezuelano, o jovem opositor Juan Guaidó, proclamou-se presidente interino da Venezuela para provocar a saída do poder do presidente Nicolás Maduro. Em seguida, foi reconhecido pelos Estados Unidos e por vários países da América Latina.

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