Topo
Notícias

"Homem-árvore" de Bangladesh retorna ao hospital sem esperanças de cura

23/01/2019 10h07

Azad Majumder.

Daca, 23 jan (EFE).- Conhecido como "homem-árvore" de Bangladesh pelas grandes verrugas que cobrem seu corpo por causa de uma rara doença, Abul Bajandar,voltou ao hospital sem esperanças de cura após ter sido submetido a quase 20 operações.

"Tinha perdido todas as esperanças. Os médicos fizeram tudo o que era possível, mas eu não vi nenhuma possibilidade, portanto voltei para casa", explicou à Agência Efe Bajandar, de 28 anos, que entre janeiro de 2016 e maio do ano passado ficou internado no Hospital Universitário de Daca junto com sua mulher e filha.

"No entanto, o meu estado foi piorando desde que deixei o hospital. As verrugas voltaram a aparecer nas minhas duas mãos e nas minhas pernas; não podia nem trabalhar e nem me movimentar normalmente. Entrei em contato com os médicos de novo e me pediram que voltasse ao hospital", lamentou o paciente.

O homem, que há dois anos tinha esperanças de retomar sua vida normal após ter passado por muitas intervenções para eliminar as enormes verrugas, revive o pesadelo de vê-las crescer novamente.

As intervenções cirúrgicas, como comprovaram os médicos, só foram um alívio temporário.

Por causa do mês sagrado do Ramadã, Bajandar retornou ao seu povoado no sudoeste de Bangladesh frustrado por conviver com uma doença hereditária que não tem cura, mas que não é contagiosa.

Agora, Bajandar retornou ao hospital no qual sequer tem uma cama para dormir, depois de ter partido sob críticas pelo mal tratamento recebido por alguns funcionários do centro e porque as autoridades retiraram a ajuda alimentícia de sua família.

"Me prometeram uma cama quando houver uma disponível. Até então tenho que esperar aqui", relatou, sentado no chão do quarto do hospital, onde está há três dias acompanhado por sua mãe.

Por enquanto, a única esperança de Bajandar é encontrar uma cura fora de Bangladesh.

"Pedi aos médicos para que me mandassem para o exterior. Aqui tentaram fazer o melhor e muitas operações, mas não ajudou", lamentou.

Por sua vez, os médicos duvidam que o homem encontre fora do país uma solução para a doença.

"Não temos ideia de onde possa haver um tratamento para este tipo de enfermidade. Ninguém na junta médica recomendou isso e as poucas pessoas que tiveram este tipo de doença morreram", disse à Agência Efe o coordenador da unidade de queimaduras e cirurgia plástica do centro, o médico Samanta Lal Sen.

Embora Bajandar não tenha um quarto no centro, as autoridades do hospital começaram a avaliar seu estado de saúde.

"Criamos uma comissão médica para ele e agora estamos fazendo vários exames. Na próxima semana talvez ele seja operado", declarou Sen.

Bajandar não é a única pessoa no país que sofre com esta rara doença, embora seu caso seja o mais extremo, se comparado com o de outros pacientes.

Em 2016, dois homens e um criança que apresentavam essas verrugas nas mãos e nos pés foram atendidos em uma clínica do norte de Bangladesh. Uma menina de 10 anos também foi diagnosticada com essa mesma doença em 2017.

O caso também lembra o do jovem Bithi, de 15 anos, que também ficou conhecido por ter hipertricose, conhecida como "a síndrome do homem-lobo", que o fez desenvolver uma pelagem por todo o corpo. EFE

Notícias