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Erdogan e Putin buscam maior cooperação sobre a Síria

23/01/2019 22h01

Moscou, 24 Jan 2019 (AFP) - O presidente russo, Vladimir Putin, e seu contraparte turco, Recep Tayyip Erdogan, defenderam nesta quarta-feira (23) coordenar de forma mais estreita suas ações sobre a Síria em uma reunião em Moscou.

"A cooperação entre a Rússia e a Turquia é um ponto-chave para a paz síria e a estabilidade", disse Erdogan em coletiva depois da reunião de cerca de três horas.

"Vamos tentar estreitar muito mais a nossa coordenação com nossos amigos russos", acrescentou.

"Acordamos sobre a forma de como coordenar nosso trabalho", disse Putin, que qualificou as conversações, das quais participaram os ministros da Defesa, de "efetivas".

No começo do encontro, no Kremlin, Putin dirigiu-se a Erdogan como "querido amigo", e acrescentou que seus países "trabalharão em assuntos de segurança regional e cooperam de forma ativa na Síria".

Erdogan disse o mesmo de Putin e acrescentou que "nossa solidariedade aporta uma grande contribuição à segurança da região".

Os líderes estão em posições opostas no conflito sírio: a Rússia oferece apoio ao governo de Damasco, enquanto a Turquia apoia os grupos rebeldes que combatem as forças do presidente Bashar al Assad.

No entanto, os dois têm trabalhado estreitamente para encontrar uma solução política para um conflito que já dura sete anos.

Os presidentes acordaram coordenar as operações depois que o presidente americano, Donald Trump, anunciou em dezembro a retirada os 2.000 soldados deslocados na Síria.

Erdogan tinha antecipado na segunda-feira que defenderia perante Putin a necessidade de criação de uma "zona de segurança" sob o controle turco no norte da Síria, uma iniciativa apoiada por Trump.

Os curdos são aliados dos americanos e controlam a maior parte desta região, um motivo pelo qual se opõem categoricamente aos planos turcos e temem uma ofensiva de Ancara.

Desde o começo da guerra, a Rússia defende que o regime sírio deve recuperar a totalidade do território.

"Estamos convencidos de que a única solução correta e ótima é devolver estes territórios sob controle do governo sírio (....), levando em consideração que os curdos devem ter garantidas as condições necessárias" para residir em sua área, declarou na semana passada o ministro russo de Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

- Cúpula com o Irã -A retirada dos Estados Unidos foi um golpe de sorte para os planos do Kremlin e de Damasco. Tanto que as forças turcas mais expostas pediram ajuda ao regime sírio ante a perspectiva de um ataque turco.

A Rússia aplaudiu a entrada em dezembro das tropas sírias na região de Manbij pela primeira em seis anos depois de uma milícia curda o pedir.

Moscou também prepara uma cúpula com Ancra e Teerã para os próximos meses com o objetivo de prosseguir com o processo de paz de Astaná, lançado pelos três países em 2017. "Por enquanto não se fixou nenhuma data, mas depois da negociação com Erdogan, começaremos com os preparativos", afirmou em meados de janeiro o assessor do Kremlin, Yuri Ushakov.

A última cúpula entre Putin, Erdogan e o presidente iraniano, Hassan Rohani, foi celebrada em setembro, em Teerã, e girou em torno do futuro da província de Idlib (noroeste). Foi um fiasco.

Rússia e Turquia viveram em 2015 uma profunda crise, depois que o Exército turco derrubou um avião militar russo que sobrevoava a Síria. Reconciliaram-se no ano seguinte.

Atualmente, os dois países cooperam estreitamente sobre a Síria, no âmbito energético (a Rússia construiu a primeira central nuclear na Turquia) e no setor de armas.

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