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Alegria e esperança entre opositores após autoproclamação de Guaidó

23/01/2019 19h40

Caracas, 23 Jan 2019 (AFP) - Um grito de alegria e esperança de milhares de manifestantes opositores ecoou nesta quarta-feira (23) em Caracas, após o presidente do Parlamento, Juan Guaidó, se proclamar presidente interino da Venezuela.

"O que aconteceu hoje nos dá esperança, este povo vive hoje um dia de esperança, é uma necessidade clara de que sigamos adiante", disse à AFP José Gregorio Flores, professor universitário de 43 anos, após participar da passeata convocada por Guiadó para pressionar por um "governo de transição".

Flores considera que agora é preciso apoiar o parlamentar "em tudo" para que acabe a "usurpação" da presidência por parte de Nicolás Maduro.

Momentos antes, o deputado de 35 anos tinha jurado de um palanque, diante de milhares de opositores, "assumir formalmente as competências do Executivo Nacional".

"Tudo o que ele disser, teremos que apoiá-lo, ele disse que não quer se tornar o presidente eterno da Venezuela, ele tem que convocar eleições, e (...) este povo está na rua e apoiando-o", continuou Flores.

Enquanto ao seu redor outros manifestantes buzinavam e hasteavam bandeiras da Venezuela, Flores lembrou dos 2,3 milhões de cidadãos que, segundo a ONU, migraram desde 2015 em meio a uma crise econômica e social, com escassez de alimentos e medicamentos e uma hiperinflação.

"A maioria dos amigos das pessoas na lista de contatos do telefone agora diz 'Argentina', 'Brasil', 'Equador', 'Estados Unidos'. Precisamos que voltem, que nos ajudem a reconstruir este país", disse, abraçado à esperança de que o governo de Guaidó - já reconhecido por diversos países - se concretize.

Grande parte da comunidade internacional já não tinha reconhecido o segundo mandato presidencial de Maduro, que começou em 10 de janeiro.

- 'Nosso presidente' -Diante dos manifestantes na zona leste de Caracas, Guaidó garantiu: "Sabemos que isso vai ter consequências, sabemos o que é necessário para nos mantermos nas ruas da Venezuela até alcançar a democracia. Não vamos permitir que este grande movimento de esperança e força nacional se esvazie".

Eufórica após escutar as palavras do jovem líder opositor, Estelvi González garantiu que "vamos defender Juan Guaidó como tem que ser, porque aqui não vamos nos assustar mais".

"O nosso presidente já é Juan Guaidó, estamos aqui para lutar contra tudo", afirmou a advogada, em meio a gritos de "Viva Venezuela" e "Fora, Maduro!".

Yosmar Cabrea, comerciante de 30 anos, já estava saindo da manifestação com sua família quando chegou aos seus ouvidos a notícia da autoproclamação de Guaidó.

"Isso é o começo de uma nova esperança, um novo tempo, uma nova etapa, vou viver algo novo", disse emocionada à AFP, lembrando que tinha apenas 10 anos quando começou o governo do falecido Hugo Chávez, em 1999.

- Vigília em torno a Maduro -Dezenas de milhares de seguidores de Maduro também marcharam nesta quarta-feira em Caracas e outras cidades do país para defender o segundo governo do mandatário socialista e rechaçar o que consideram um golpe de Estado em curso.

Em resposta à autoproclamação de Guaidó, o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, pediu para os participantes de uma manifestação chavista instalarem uma vigília permanente em frente ao palácio presidencial de Miraflores para apoiar Maduro.

"Vamos todos em ordem ao palácio de Miraflores dar nosso apoio ao irmão Nicolás Maduro. E o que quer ser presidente que venha buscá-lo no Miraflores, onde estará seu povo defendendo-o", desafiou Cabello.

Atendendo a seu pedido, milhares de manifestantes vestidos de vermelho caminharam várias quadras da praça O'leary até o palácio de governo.

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