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China cresce 6,6% em 2018, o registro mais baixo em 28 anos

21/01/2019 16h18

Pequim, 21 Jan 2019 (AFP) - O crescimento da China se desacelerou em 2018 até atingir seu nível mais baixo em quase três décadas, ao fim de um ano marcado por conflitos comerciais, redução da demanda interna e um processo para reduzir o elevado endividamento.

O aumento do PIB foi de 6,6%, acima da meta de 6,5% estabelecida pelo governo e dentro da previsão média de 13 analistas consultados pela AFP.

Ainda que próximo do percentual de 2016 (+6,7%), este crescimento anual é o mais baixo desde 1990 (+3,9%), ao qual sucederam-se anos de crescimento de dois dígitos, ou quase.

A desaceleração foi contínua no conjunto do ano. A alta do Produto Interno Bruto se estabeleceu em 6,4% no quarto trimestre, após registrar 6,8% no primeiro; 6,7%, no segundo; e 6,5%, no terceiro.

Para Pequim, "a maior mudança vem do exterior. Todo mundo se preocupa muito com a direção da situação internacional", com "variáveis tão numerosas quanto os fatores de incerteza", declarou o diretor do Bureau Nacional de Estatísticas, Ning Jizhe, nesta segunda-feira (21).

Tudo isso "tem um impacto na segunda maior economia do planeta, cujo comércio representa um terlo do seu PIB"m acrescentou.

- Endividamento elevado -Mas, para os analistas, a desaceleração da economia está ligada às medidas tomadas por Pequim para reduzir seu enorme endividamento, o que freia créditos e gastos com infraestruturas.

"Os principais motores de desaceleração em curso na China são internos" pois "a confiança dos consumidores caiu, e as empresas estão reduzindo seus gastos em capital", opinam analistas da Capital Economics.

Diante da desaceleração, o governo chinês flexibilizou suas políticas na segunda metade de 2018, optando por medidas tributárias, como redução de impostos, para tentar estimular o consumo.

Para o governo, a estabilidade do crescimento continuar a ser uma prioridade. A economia pode flutuar "em uma faixa razoável", mas não "cair abruptamente", afirmou na semana passada o primeiro-ministro Li Kequiang.

Muitos economistas anunciam, contudo, que a desaceleração continuará pelo menos até a primeira metade deste ano.

"Achamos que o crescimento vai piorar no primeiro semestre de 2019, apesar das medidas de estímulo e flexibilização cada vez mais agressivas de Pequim, e poderia ficar abaixo de 6% no primeiro semestre. Para o conjunto de 2019, antecipamos 6%", estimam analistas da Nomura.

- Conflito China-EUA -O pessimismo se baseia no fato de a principal fonte de riqueza da China - o comércio - sofrer com uma demanda externa debilitada e com o conflito comercial sino-americano.

"As exportações chineses devem cair nos próximos trimestres, a demanda mundial continua a ficar mais moderada, embora tenha diminuído o risco de uma desaceleração causada por uma escalada da guerra comercial.

Esta guerra abalou a confiança dos mercados, embora pareça ter afetado a economia da China apenas no fim do ano. Em dezembro, as exportações chinesas caíram 4,4%.

Washington e Pequim tentam resolver suas divergências desde o começo de dezembro. O negociador-chefe chinês, o vice-primeiro-ministro Liu He, viajará a Washington em 30 e 31 de janeiro, um mês antes da marcada para o fim da trégua comercial acordada pelas duas potências.

A produção industrial no país registrou um crescimento "lento, mas estável", afirmou o Bureau, aumentando 6,2% em 2018. Perdeu impulso nos últimos meses do ano, porém, caindo abaixo de 6%. Em dezembro, foi de 5,7% e, em novembro, de 5,4%.

As vendas no varejo, que representam um reflexo do consumo na China, também se desaceleraram, subindo 9% anual, contra os 10,2% registrados em 2017. Ainda assim, acrescentou o Bureau, o setor manteve "um crescimento rápido".

Os investimentos em capital fixo subiram 5,9% em relação a um ano antes.

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