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Naufrágio de 170 migrantes no mar gera polêmica na Itália

20/01/2019 13h28

ROMA, 20 JAN (ANSA) - Cerca de 170 migrantes podem ter morrido em dois naufrágios nos últimos dias no Mar Mediterrâneo, a cerca de 50 km ao norte da costa de Trípoli, na Líbia. Três pessoas resgatadas pela Marinha da Itália afirmaram que uma das embarcações tinha 120 ocupantes, informou a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Neste sábado (19), segundo o porta-voz da OIM, Flavio Di Giacomo, o bote deixou Gasr Garabulli, na Líbia, na última quinta-feira (17) e começou a afundar depois de navegar por cerca de 11 horas. Os migrantes resgatados pela Itália informaram que na embarcação havia 120 pessoas, sendo 10 mulheres e duas crianças. De acordo com as autoridades, um outro barco está desaparecido há vários dias no Mar de Alborão, com 53 migrantes a bordo. Um sobrevivente do acidente chegou a ser tratado em Marrocos, após ficar 24 horas à deriva em alto mar. As buscas ainda continuam.   

Ontem (19), o grupo de apoio alemão Sea Watch informou ter resgatado 47 imigrantes de um barco inflável. A OIM informou que entre os migrantes desaparecidos a maioria é proveniente Nigéria, Camarões, Gâmbia, Costa do Marfim e Sudão.   

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, expressou "profundo pesar" pela tragédia, enquanto o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, disse estar "chocado". Ele ainda afirmou que o governo italiano continuará lutando contra os traficantes de pessoas no norte da África.   

No entanto, a controvérsia política é inevitável. O ministro do Interior e vice-premier, Matteo Salvini, ressaltou que as mortes "são provas" de que sua política de fechar os portos está funcionando e voltou a atacar as ONGs.   

"Eles voltaram para o mar. Os contrabandistas começaram seu tráfego sujo novamente e as pessoas voltaram a morrer", acusou. A tragédia gerou comoção por parte da oposição e resultou em uma nova polêmica no país. Para a ex-presidente da Câmara dos Deputados, Laura Boldrini, a atual do governo é "uma política de migração criminosa".   

"Nós somos a Itália. Se houver pessoas no mar, primeiro é preciso salvá-las", escreveu o ex-premier Matteo Renzi.   

A ministra da Defesa, Elisabetta Trenta, lançou um apelo à Europa que, segundo ela, "não pode mais ficar parada e assistir [este tipo de tragédia]". Os comentários foram rebatidos por Salvini, que recentemente conseguiu a aprovação de um decreto que endurece a política migratória e abole a proteção humanitária. "Eu não fui, não sou e nunca serei cúmplice dos traficantes e ONGs que não respeitam as regras e ordens. Quanto a certos prefeitos e governadores do Partido Democrata e à esquerda, em vez de denunciarem a alegada violação dos 'direitos de imigrantes ilegais', devem cuidar do trabalho e bem-estar dos seus cidadãos, já que são os italianos que pagam seus salários.   

Estou errado?", ressaltou o ministro do Interior.   

A presidente do Senado, Maria Elisabertta Casellati, por sua vez, disse que o governo não pode "aceitar a morte de muitas pessoas inocentes". "O Mediterrâneo deve ser um mar de paz, não uma vala comum". Bloqueada em portos espanhóis e proibida de navegar após medida imposta pela autoridade portuária de Barcelona, a ONG "Open Arms" fez um apelo em sua conta no Twitter. "Perder tempo significa morte. Enquanto Open Arms está presa no porto de Barcelona, 8 pessoas morrem por dia no Mediterrâneo", escreveu.   

Ainda ontem (19), mais três barcos foram avistados fora de Trípoli, dois registrados na Líbia, enquanto outro com 47 migrantes a bordo foi resgatado pela ONG Sea Watch, que agora está aguardando instruções das autoridades para atracar em um porto seguro. (ANSA)
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