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Caso Flávio Bolsonaro enfraquece PSL da disputa pelo comando da Alerj

07.jan.2018 - Flávio Bolsonaro se reúne com a bancada eleita do PSL para tratar sobre a presidência da Alerj - Reprodução/Twitter
07.jan.2018 - Flávio Bolsonaro se reúne com a bancada eleita do PSL para tratar sobre a presidência da Alerj Imagem: Reprodução/Twitter
do UOL

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

20/01/2019 04h01

A repercussão do pedido de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) para interromper a investigação sobre as transações financeiras de Fabrício Queiroz, seu ex-assessor, jogou um balde d'água fria nas intenções do partido de ter candidatura própria à presidência da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Desde o início das investigações, disseram ao UOL alguns deputados da legenda, Flávio se distanciou das negociações com outras bancadas, diminuindo as chances do partido chegar à liderança da casa. Flávio foi deputado estadual de 2003 a 2018, por quatro mandatos, e foi eleito, com mais de 4 milhões de votos, senador da República.

Mas desde a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), da última quinta-feira (17), de suspender as investigações a pedido do senador eleito, membros de outras siglas teriam desistido de negociar apoio a ele e a seu partido.

Procurado pela reportagem para comentar as informações da reportagem, Flávio Bolsonaro não se manifestou.

Maior bancada

Dono da maior bancada da Alerj, com 12 dos 70 deputados estaduais da Alerj, o PSL precisa de 13 assinaturas para formalizar uma candidatura própria à presidência da casa e disputar com André Ceciliano (PT), que quer se manter no cargo. Para vencer a disputa, seriam necessários 36 votos - a maioria simples.

Mas a poucos dias para o limite de inscrições --que é em 2 de fevereiro-- o partido sequer anunciou quem concorreria ao cargo ou quem apoiaria. Deputados eleitos pelo PSL como Filippe Poubell e Rodrigo Amorim chegaram a se voluntariar para encabeçar uma chapa com bandeiras "anti-esquerdistas".

Segundo deputados do PSL fluminense ouvidos pela reportagem, o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro não conseguiu articular apoios em torno de um nome. De acordo com eles, desde que as suspeitas sobre Queiroz vieram à tona, as negociações ficaram mais difíceis.

Os parlamentares pediram anonimato, já que por uma ordem de Flávio Bolsonaro não podem se manifestar a respeito das investigações ou da disputa pela presidência da Alerj desde o último dia 7.

"Num petista não votaremos, devemos nos abster", disse um dos eleitos pelo PSL. Ao formar uma chapa para a mesa diretora da Alerj, perde-se o direito de presidir as comissões fixas que são do interesse do partido. Além disto, uma eventual derrota para um candidato do petista é interpretada como "a pior das opções", por outro parlamentar filiado ao PSL.

No Twitter, no dia em que determinou silêncio à bancada do partido, Flávio disse que "a Alerj terá alternativa para disputa da presidência, e a bancada, disposta a abrir mão da cabeça da chapa, sinaliza que o importante é o RJ e já articula com outros partidos".

Desde então, nomes de outros partidos especulados até mesmo para liderar chapas que seriam apoiadas pelo PSL entraram em acordo por votar no petista André Ceciliano. Foi o caso da deputada Tia Ju (PRB) e Márcio Pacheco (PSC). O deputado André Correa (DEM), que contava com a simpatia de Flávio para o cargo, foi preso em novembro pela Operação Furna da Onça, suspeito de favorecer empresas em contratos públicos e loteamento de cargos.

Assessores de Ceciliano também são investigados pelo Coaf

O único candidato já formalizado à presidência da Alerj, André Ceciliano também tem assessores investigados pelo MP-RJ por movimentações atípicas nas suas contas identificadas pelo Coaf. No total, o órgão aponta que quatro servidores lotados no seu gabinete movimentaram um total de R$ 49 milhões.

De acordo com o procurador-geral do estado, José Eduardo Gussem, Ceciliano está entre os quatro parlamentares investigados que se apresentaram voluntariamente ao MP e entregaram documentos à procuradoria.

"Em relação ao Coaf, estou tranquilo. Já estive no MP e ofereci a quebra dos meus sigilos telefônico e bancário. É sempre bom que as instituições funcionem, desde que com direito à ampla defesa. A gente espera que as coisas continuem andando", disse Ceciliano ao UOL. Ele afirma que defende a continuidade das investigações.

Ceciliano afirma já ter apoio de 41 deputados --número que daria a ele a vitória. "Com o apoio do Márcio Pacheco, trouxemos mais nove nomes para apoiar a nossa candidatura", afirmou.

Ocupante da segunda vice-presidência da casa na última legislatura, Ceciliano foi alçado ao posto de presidente interino da Alerj depois da prisão do então presidente Jorge Picciani (MDB), em novembro de 2017 e do afastamento por motivos de saúde do primeiro vice-presidente, Wagner Montes (PRB).

No total, o MP-RJ instaurou 22 inquéritos criminais para esclarecer suposta participação de parlamentares e servidores da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) em movimentações bancárias não compatíveis com seus salários

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