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Manifestantes pedem justiça para Nisman em protesto na Argentina

18/01/2019 22h56

Buenos Aires, 18 jan (EFE).- No quarto aniversário da morte de Alberto Nisman, um protesto na região central de Buenos Aires pedia justiça para o promotor argentino, e os manifestantes não tinham dúvidas em afirmar que ele foi morto.

Cerca de 100 pessoas se reuniram no Obelisco, um dos principais pontos turísticos da capital, e gritavam palavras de ordem contra a ex-presidente Cristina Kirchner, que governava o país quando Nisman foi morto. Em cartazes, eles traziam imagens dela com sangue nas mãos.

Nismam comandava a investigação do atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em 1994, que deixou 85 mortos em 1994 e segue impune. No início de 2015, o promotor acusou a ex-presidente de encobrir agentes iranianos que seriam responsáveis pelo ataque, mas, pouco dias depois, foi encontrado morto em casa.

Apesar das primeiras investigações terem apontado para um suicídio, o caso foi repassado para outro juiz, que descartou o trabalho anterior. Atualmente, a Justiça considera que Nisman foi assassinado, mas não há suspeitas de quem o teria matado.

"Pedimos justiça para Nisman e que esclareçam quem foram seus assassinos porque sabemos que foi um homicídio. A Justiça não funcionou. Eles pretendiam dizer a todos os argentinos que foi um suicídio, não um assassinato", afirmou Laura Marina Río Flores, organizadora do protesto e fundadora de uma associação que nasceu durante o governo de Cristina para denunciar a intromissão da ex-presidente no Judiciário.

"O kirchnerismo conseguiu formar uma Justiça paralela. Houve muitos erros na investigação. Agora, a Justiça pretende esclarecê-los. Antes, ela não podia", completou a ativista, sugerindo que o governo tentou atrapalhar o inquérito.

Outra das manifestantes, Marta Ojeda, disse que Nisman foi alvo de um "complô mundial", que havia muitos juízes cúmplices do kirchnerismo, mas que o partido do atual presidente do país, Mauricio Macri, o Mudemos, tornou a Justiça do país independente.

"O promotor foi o homem mais protegido da nossa Argentina. Tinha 11 seguranças e, em um toque de mágica, eles desapareceram, as câmeras pararam de funcionar e ninguém soube de nada", afirmou.

Nisman foi encontrado morto no banheiro de sua casa, com um tiro na cabeça, no dia 18 de janeiro de 2015. Quatro dias antes de morrer, Nisman denunciou Cristina e integrantes do governo de terem encobrido suspeitos de cometer o atentado contra a Amia.

Na denúncia, o promotor afirmava que, em troca de melhorar as relações comerciais com o Irã, o kirchnerismo encobriu os suspeitos do ataque, entre eles funcionários do alto escalão da República Islâmica, através de um acordo bilateral assinado em 2013.

Por enquanto, são processados pelo assassinato os seguranças de Nisman, por descumprirem o dever de protegê-lo, e o técnico de informática do promotor, Diego Lagomarsino, porque a arma usava no crime pertencia a ele.

O colaborador reconheceu que emprestou a Nisman a pistola. O promotor teria pedido a Lagomarsino a arma para proteger suas filhas. EFE

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