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Mais de metade das variedades de café silvestre estão em risco de extinção

16/01/2019 19h21

Londres, 16 Jan 2019 (AFP) - Mais da metade das espécies de café silvestre que existem estão em perigo de extinção, segundo um novo estudo do Jardim Botânico Real de Kew, ao oeste de Londres, publicado nesta quarta-feira na revista científica Science Advances.

Das 124 variedades de café silvestre, 75 estão em risco devido ao desmatamento, às mudanças climáticas e à propagação de doenças e de espécies nocivas, segundo este estudo realizado nas selvas africanas, desde Serra Leoa até Madagascar.

A produção mundial de café se baseia atualmente em dois tipos de planta: a arábica (cerca de 60% da produção) e a robusta (40%). Além da ameaça direta que pesa sobre estas duas espécies, as variedades silvestres das quais a melhora de suas sementes depende também estão em perigo.

"Os produtores de café necessitam variedades silvestres, porque estas têm os genes necessários para desenvolver cafés resistentes às doenças e às mudanças climáticas", explicou à AFP o médico Aaron Davis, responsável pela pesquisa sobre o café no Jardim Botânico de Kew.

Desde os períodos de seca prolongados até a propagação de pragas de fungos, as ameaças que pesam sobre as plantas de café são muitas. Das 75 espécies em risco contabilizadas pelos pesquisadores, 13 estão em perigo crítico de extinção, 40 em perigo, e 22 são vulneráveis.

Em um momento em que a proporção de plantas em perigo de extinção em geral é de 22%, o café se encontra particularmente em risco devido à alta sensibilidade que tem a seu ambiente.

Há "milhões de produtores de café no mundo e quando perdem sua capacidade de produzir café ou sua rentabilidade, isto provoca enormes problemas socioeconômicos", apontou Davis. "O que é preciso evitar são os deslocamentos de populações cujo modo de vida já não é viável".

Outro estudo, publicado também nesta quarta pelos pesquisadores do Jardim Botânico de Kew na revista Global Change Biology, se concentra na variedade arábica silvestre. Esta pesquisa demonstra que se são consideradas as projeções sobre a mudança climática, esta variedade, da qual depende um comércio avaliado em 13,8 bilhões de dólares, também está em perigo de extinção.

"Não queremos provocar pânico [com estes estudos], é um chamado à ação, um catalisador, para dizer: 'Pode ser que não precisemos destes recursos imediatamente, mas a não ser que comecemos a pensar em sua conservação agora, à medida que perdemos espécies em extinção, nossas opções diminuem", concluiu Davis.

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