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Embaixador da Educação no Brasil é denunciado por fraude em diploma

Wemerson Nogueira durante entrevista ao BOL para reportagem especial publicada no início de maio - Willian Rubim/BOL
Wemerson Nogueira durante entrevista ao BOL para reportagem especial publicada no início de maio Imagem: Willian Rubim/BOL

Marialina Antolini

Do BOL, em Vitória (ES)

11/05/2017 12h59Atualizada em 12/05/2017 09h01

O professor capixaba Wemerson Nogueira, vencedor do Prêmio Educador Nota 10 e finalista entre os 10 melhores professores do mundo pelo Global Teacher Prize, foi denunciado pela Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo (Sedu) como suspeito de apresentar um diploma de graduação falso. A notificação foi publicada nesta quinta-feira (10) no Diário Oficial do Espírito Santo (DIO/ES). 

A denúncia ocorre na mesma semana em que o professor foi nomeado Embaixador da Educação no Brasil pelo Ministério da Educação, em cerimônia com a presença do ministro Mendonça Filho, em São Paulo, na segunda-feira (8).

A suspeita é que o professor Wemerson tenha apresentado uma documentação falsa na comprovação de uma licenciatura em Química pela Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), curso credenciado pelo Ministério da Educação (MEC), em um processo seletivo de designação temporária da Secretaria de Educação do Espírito Santo (Sedu). Wemerson tem um prazo de dez dias para apresentar sua defesa. 

No início de maio, o BOL publicou uma reportagem especial sobre o trabalho de Wemerson Nogueira. No início da noite desta quinta-feira, o professor enviou uma nota em que se defende das acusações e diz ter sido vítima de um possível golpe.
 
Na nota, o professor explica como aconteceu seu processo de formação, por meio de um curso EAD (Ensino à Distância): “Diante dos meus limites, encontrei a opção em um folder, convidando para o curso de licenciatura no Pólo de Ensino a Distância, de uma universidade chamada UNIMES, localizada na região próxima a Colatina. No primeiro momento, fui até o local, tirei todas as dúvidas com a diretora, que se apresentou a mim com o nome de ‘Angélica’. Participei, então, do processo seletivo e, ao ser aprovado, fiz a matrícula”.
 
Wemerson afirmou, ainda, que pode ter sido vítima de um golpe. “Ao ver a Unimes de São Paulo se posicionar, dizendo que desconhece a minha documentação, é, para mim, no mínimo, constrangedor. Se aquela universidade é vítima, do mesmo modo, eu, Wemerson da Silva Nogueira, que sempre acreditei que estava fazendo algo certo, no lugar certo, também sou”, diz a nota. 
 
Universidade diz que diploma é falso
 
Ricardo Ponzetto, advogado da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), instituição paulista que teria emitido o diploma de graduação em Licenciatura em Química apresentado por Wemerson, afirma que o documento é falso. "Não há registros acadêmicos deste professor. Ele nunca esteve matriculado na Unimes", afirma Ricardo. Porém esclarece que o diploma pode ter sido resultado da atuação de falsários.
 
O advogado relatou que a Secretaria de Educação do Espírito Santo entrou em contato com a instituição em 2015 buscando checar a autenticidade de alguns diplomas. "Os diplomas apresentados são falsificações grosseiras, o papel, nem mesmo a assinatura do reitor conferem", relata Ricardo.
 
A partir da constatação de falsificação, a Unimes abriu um processo na Polícia Federal pedindo a investigação do caso, que seria fruto da atuação de uma quadrilha de estelionatários agindo no Espírito Santo. 
 
Ricardo Ponzetto afirma ainda que até o momento as investigações não começaram devido a um conflito de atribuição acerca da instituição responsável por apurar a fraude: se seria a Polícia Federal ou a Polícia Civil do Espírito Santo. A questão aguarda decisão judicial. "A Unimes também é uma vítima neste caso", afirma o advogado.
 
Possíveis punições
 
O Diário Oficial do Espírito Santo informou a instauração de um processo administrativo disciplinar junto à Corregedoria da Sedu. Além de Wemerson Nogueira, mais três professores foram notificados, totalizando 29 processos instaurados apenas em 2017. 
 
De acordo com informação da Secretaria Estadual de Educação, após o encerramento do processo, caso haja comprovação da falsificação, os servidores podem sofrer rescisão de contratos, incompatibilização para reingressar e ressarcimento ao Estado dos valores recebidos indevidamente. 
 
O processo é enviado ainda ao Ministério Público Estadual e à Polícia Civil para investigação. 
 
Carreira e prêmios
 
Wemerson Nogueira atua como professor desde 2012. Na Rede Estadual de Educação do ES, foi contratado por meio de edital de Designação Temporária, atuando nos municípios de Nova Venécia e Boa Esperança e se desligando em 2016. Atualmente, Wemerson atua como professor de uma faculdade particular em Vitória (ES).
 
A carreira de Wemerson ganhou notoriedade nacional a partir do ano passado, quando ele foi premiado com o troféu Educador Nota 10, recebendo ainda o Prêmio de Educador do Ano em práticas inovadoras. 
 
O professor figurou também entre os dez finalistas do Global Teacher Prize, um dos principais prêmios da educação no mundo. A cerimônia de entrega dos troféus aconteceu em março deste ano, em Dubai. 
 
Na última segunda-feira (dia 8), Wemerson Nogueira foi nomeado Embaixador da Educação no Brasil pelo Ministério da Educação (MEC). 
 
Os prêmios e o reconhecimento de Wemerson Nogueira são frutos principalmente do projeto "Filtrando as lágrimas do Rio Doce", desenvolvido com alunos da E.E.E.F.M. (Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio) Antônio dos Santos Neves, em Boa Esperança (ES).

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