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Marielle Franco, Daniel e mais: os crimes que chocaram o Brasil em 2018

Montagem BOL
Imagem: Montagem BOL

em São Paulo

04/12/2018 21h38

O Atlas da Violência 2018, publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), revelou que 553 mil pessoas foram assassinadas no Brasil nos últimos 11 anos, número semelhante aos de países em guerra. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública apurou que só em 2017 foram registrados 63.880 homicídios no país. 

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Os dados consolidados de 2018 ainda não estão claros, mas o ano foi marcado por crimes que chocaram a sociedade, como as mortes do jogador de futebol Daniel Freitas, torturado e morto após uma festa de aniversário, da advogada Tatiana Spitzner, vítima fatal de violência doméstica, e da adolescente Letícia Tanzi, morta a facadas pelo próprio pai, a quem havia denunciado por estupro. 

O BOL listou alguns dos assassinatos mais chocantes do Brasil neste ano. Confira abaixo.

  • Montagem BOL

    Marielle Franco

    No dia 14 de março deste ano, a vereadora do PSOL Marielle Franco foi assassinada a tiros depois de voltar de um evento com mulheres negras no Rio de Janeiro. O carro em que ela estava, com o motorista Anderson Gomes e uma assessora, foi atingido por 9 tiros quando passava pelo bairro do Estácio, no centro do Rio. Anderson também foi morto na ocasião.

    Marielle tinha 38 anos se definia como "feminista, negra, mãe e cria da favela da Maré". Ela morreu quatro dias depois de denunciar uma ação de violência policial na comunidade de Acari, na zona norte do Rio. A execução de Marielle Franco chocou o Brasil e o mundo, gerando diversas formas de manifestação de luto e pedidos de justiça.

    A autoria do crime ainda está sendo investigada; no dia 23 de novembro, o ministro da Segurança Pública, Raul Jugmann, declarou ter certeza do envolvimento de pessoas poderosas nas mortes da vereadora e do motorista. No último dia 5, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, fez um apelo para que o assassinato seja elucidado pelas autoridades.

  • Montagem/BOL

    Caso Daniel

    O jogador de futebol foi encontrado morto na área rural de São José dos Pinhais (PR), parcialmente degolado e com o pênis cortado. O crime teve início na casa dos pais de Allana Brittes, Cristiana e Edison (à direita na imagem), durante after party da festa de aniversário de Allana, quando Daniel foi encontrado na cama de Cristiana. As agressões contra o jogador de futebol começaram ali mesmo, onde Edison Brittes, Eduardo Henrique da Silva, Ygor King e David William da Silva espancaram o jogador.

    Depois, Edison pegou uma faca na cozinha, colocou Daniel no porta-malas de seu carro e dirigiu por cerca de 20 quilômetros até a área rural onde o jogador foi novamente espancando por Edison, Eduardo, Ygor e David, foi esfaqueado no pescoço e teve seu pênis mutilado.

    Segundo laudo da polícia, Daniel estava alcoolizado e não foi capaz de reagir às agressões. O Ministério Público do Paraná denunciou Edison, Eduardo, Ygor, David e Cristiana por homicídio qualificado. Allana foi denunciada por coação, fraude processual e corrupção de adolescente. Evellyn Perusso, ficante de Daniel, foi denunciada por denunciação caluniosa, fraude processual, corrupção de menor e falso testemunho.

  • Reprodução/Facebook

    Rayane Paulino Alves

    Rayane desapareceu na noite de 20 de outubro, quando decidiu voltar sozinha para casa depois de uma festa em um sítio em Mogi das Cruzes (SP). O corpo da estudante de 16 anos foi encontrado em Guararema (SP), cidade a cerca de 24 km de Mogi, oito dias após o seu desaparecimento. Suspeito do crime, o segurança e bombeiro civil Michel Flor da Silva foi preso em outubro. Segundo a polícia, Michel confessou o assassinato e disse que o motivo do crime foi Rayane ter 'surtado' após relação sexual consensual com ele. A polícia acredita que a menina foi estuprada.

  • Montagem/BOL

    Vitória Gabrielly

    Vitória sumiu no dia 8 de junho depois de sair de casa para andar de patins na cidade de Araçariguama (SP), onde morava. O corpo da menina de 12 anos foi encontrado em uma área de mata da cidade, oito dias após o desaparecimento dela. Segundo a polícia, Vitória morreu por engano, estrangulada, por conta de uma dívida de R$ 7 mil. Uma testemunha disse à polícia que tem uma irmã muito parecida com Vitória e que devia dinheiro a um traficante de drogas. Bruno Marcel de Oliveira, Mayara Borges de Abranges (presos, na imagem) e Júlio César de Lima Egresse foram apontados pela polícia como executores do crime. Os três foram denunciados pelo Ministério Público pelos crimes de sequestro, homicídio e ocultação de cadáver.

  • (Foto: Reproducao/G1)

    Tatiana Spitzner

    A advogada Tatiana Spitzer foi encontrada morta em 22 de julho, depois de cair do quarto andar do prédio onde morava em Guarapuava (PR). Vídeo do circuito interno do prédio que circulou nas redes sociais mostrava Tatiana sendo agredida repetidas vezes de forma violenta pelo marido, Luís Felipe Manvailer. As imagens foram registradas enquanto o casal chegava na garagem do prédio onde morava e se dirigia para o apartamento. Pouco depois de saírem do elevador e entrar em casa, Tatiana caiu do quarto andar. Segundo a polícia, laudo aponta que Tatiana foi esganada antes da queda. Luís Felipe foi preso, denunciado pelo Ministério Público do Paraná e virou réu por homicídio, cárcere privado e fraude processual.

  • Reprodução/Facebook/Horacio Lucas/Leticia Tanzi

    Letícia Tanzi

    A adolescente de 13 anos foi morta a facadas em São Roque (SP), cidade onde morava. O principal suspeito do crime é o pai de Letícia, Horácio Nazareno Lucas, que estava preso por ter estuprado a cunhada e foi solto um dia antes da morte da menina. Horário também abusava de Letícia, que denunciou o crime pouco depois dele ser preso. Alguns dias antes de morrer a adolescente relatou a uma tia que o pai a jurou de morte, caso ela contasse sobre os abusos sexuais que ele praticava. O suspeito segue foragido da Justiça.

  • Reprodução/Instagram

    Matheusa

    Matheus Passareli Simões Vieira, conhecida como Matheusa (ele se identificava como não-binário, ou seja, nem homem nem mulher) desapareceu no dia 29 de abril no Rio de Janeiro, após sair de uma festa de aniversário. Ela tinha 21 anos e era estudante de artes visuais da UERJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

    A polícia apurou que Matheusa foi encontrada nua e falando frases desconexas na entrada do Morro do 18, na zona norte da capital fluminense. Segundo a polícia, ela foi levada aos traficantes da comunidade para dar explicações sobre o ocorrido e acabou "julgada" e morta por eles. As autoridades acreditam que o corpo de Matheusa foi incinerado. Principal suspeito do crime, Messias Gomes Teixeira, conhecido como "Feio", é apontado como chefe do tráfico na região. Ele foi preso em julho deste ano por envolvimento com tráfico de drogas.

  • Divulgação/SAP

    Gegê do Mangue

    Rogério Jeremias de Simone, conhecido como Gegê do Mangue, era uma das principais lideranças da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele foi torturado e morto em fevereiro, em Aquiraz (CE), junto com Fabiano Alves de Souza, o Paca, também ligado à facção. O Ministério Público de São Paulo acredita que as mortes tenham sido motivadas por disputas internas do PCC.

    Gegê estava foragido da Justiça desde 2017, mas costumava passar férias com a família no litoral do Ceará. A ação para matar Gegê e Paca envolveu a simulação de uma pane no helicóptero no qual eles viajavam e o uso dos seguranças de Gegê como executores do crime. Em agosto, o Ministério Público do Ceará denunciou Gilberto Aparecido dos Santos (Fuminho), André Luis da Costa Lopes (Andrezinho da Baixada), Erick Machado Santos (Neguinho Rick da Baixada), Ronaldo Pereira Costa, Carlenilto Pereira Maltas (Ceará), Tiago Lourenço de Sá de Lima, e Renato Oliveira Mota por homicídio duplamente qualificado pelas mortes de Gegê e Paca.

    Felipe Ramos, piloto do helicóptero, Jefte Ferreira Santos e Maria Jussara da Conceição Ferreira também foram denunciados pelo MP-CE por homicídio qualificado pelo envolvimento com o crime.

    Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, apontado como um dos executores das mortes, foi morto em São Paulo dias depois dos assassinatos. A polícia acredita que Wagner morreu em retaliação às mortes de Gegê e Paca.

  • Montagem/BOL

    Galo Cego

    Cláudio Roberto Ferreira, conhecido como Galo Cego, era foragido da Justiça e morreu em 23 de julho após ter o carro alvejado por pelo menos 70 tiros, enquanto estacionava em uma rua do bairro Tatuapé, em São Paulo. Segundo a polícia, Galo Cego era ligado à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e sua morte seria um desdobramento dos assassinatos de Gegê do Mangue e Paca. Ainda de acordo com a polícia, Galo Cego seria próximo a Cabelo Duro, mas teria concordado em atraí-lo para uma emboscada em um hotel, na qual Cabelo Duro foi morto, depois de passar por um "tribunal do crime". As autoridades acreditam que a morte de Galo Cego tenha ocorrido por vingança ou queima de arquivo.

  • Arquivo Pessoal

    Fabiane Fernandes

    Fabiane desapareceu no dia 18 de novembro quando fazia uma trilha em Arraial do Cabo (RJ). Ela foi encontrada nua e com ferimentos na cabeça três dias após seu desaparecimento. Segundo laudo do IML (Instituto Médico Legal) de Araruama (RJ), para onde o corpo de Fabiane foi encaminhado, a morte foi provocada por traumatismo cranioencefálico causado por ação contundente, provavelmente pedradas. Segundo a legista Kesley Couto Castro, há indícios de que Fabiane tenha sofrido violência sexual. A polícia trabalha com as hipóteses de latrocínio e violência sexual. Pelo menos sete pessoas já prestaram depoimento sobre o caso, mas a polícia ainda não apontou um suspeito.

  • Reprodução/Facebook

    Mestre Moa Kantendê

    Romualdo Rosário da Costa, mestre de capoeira e compositor, conhecido como Mestre Moa Kantendê, foi morto a facadas em 8 de outubro, em Salvador. O crime ocorreu após uma discussão político-partidária entre Mestre Moa e o barbeiro Paulo Sérgio Ferreira de Santana. Paulo Sérgio disse em depoimento à polícia que o motivo do crime não foi político, mas sim uma ofensa de Moa a ele no final da discussão. Após ser denunciado pelo Ministério Público da Bahia, Paulo Sérgio tornou-se réu pela morte de Mestre Moa e está preso.

  • Montagem/BOL

    PM Juliane

    A soldado da Polícia Militar de São Paulo, Juliane dos Santos Duarte, ficou desaparecida durante quatro dias antes de ser encontrada morta em 6 de agosto dentro de um carro no bairro Jurubatuba (SP) com marcas de tiros na cabeça e na virilha. A polícia apurou que Juliane foi capturada por bandidos na favela de Paraisópolis, em São Paulo, e ficou em poder deles até que seu destino fosse decidido por um "tribunal do crime". Em outubro, o Ministério Público de São Paulo denunciou Everaldo da Silva Felix (no destaque da imagem), Felipe Oliveira da Silva (Tirulipa) e Elaine Cristina Oliveira Figueiredo (Neguinha), apontados como integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), pelo crime.

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