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Volante no Pumas, Dani Alves ainda não venceu ou foi substituído no México

Daniel Alves em ação pelo Pumas contra o Monterrey, pelo Campeonato Mexicano - Claudio Cruz/AFP
Daniel Alves em ação pelo Pumas contra o Monterrey, pelo Campeonato Mexicano Imagem: Claudio Cruz/AFP
do UOL

Do UOL, no Rio de Janeiro

19/08/2022 08h00Atualizada em 19/08/2022 12h08

"Ser ganhador na vida é difícil. Fácil é ser comentarista". O recado de Daniel Alves nas redes sociais há dois dias não tinha um alvo específico declarado, mas dá o tom de como está o começo da passagem do jogador brasileiro pelo futebol mexicano. O ambiente já é de contestação. Desde que chegou ao Pumas, foram quatro partidas pelo campeonato local e nenhuma vitória.

O movimento do Pumas de trazer Dani Alves atraiu holofotes, gerou curiosidade e expectativa. Mas o efeito da euforia pela contratação começa a se esvair, à medida que os bons resultados e boas atuações não aparecem de imediato. Os números dele ainda são tímidos: tem uma assistência, após cobrança de escanteio. Aconteceu em seu jogo de estreia.

O Pumas atualmente é o 15º colocado no Apertura mexicano, que tem 18 times. Depois de dois empates por 1 a 1 — contra Mazatlán e Monterrey — e um 3 a 0 para o rival América, o tropeço mais recente foi ontem (18). Fora de casa, derrota por 3 a 2, de virada, para o Atlético San Luis, treinado pelo brasileiro André Jardine, que foi o técnico do ouro olímpico do Brasil no ano passado. E olha que o time de Dani Alves chegou a abrir 2 a 0. Os três gols do Atletico foram de Abel Hernández, atacante uruguaio ex-Internacional e Fluminense.

"Contra o Monterrey, ele foi participativo, incentivando e ajudando seus companheiros. Mas não foi notória a diferença de ter um jogador como ele dentro de campo. Não fez com que o Pumas jogasse muito melhor. Talvez, estejamos esperando mais de Dani Alves do que ele hoje pode dar. Por sua idade e por sua adaptação ao futebol mexicano", disse ao UOL Stephany Fuentes, repórter da Imagen TV, grupo que publica o jornal "Excelsior".

Daniel Alves, jogador do Pumas, do México - Divulgação/Pumas - Divulgação/Pumas
Daniel Alves, jogador do Pumas, do México
Imagem: Divulgação/Pumas

A escolha de Dani pelo Pumas foi pensando em se manter em forma pelo menos até a Copa do Mundo do Qatar, em novembro. Embora o jogador de 39 anos seja lateral-direito na seleção brasileira, Dani Alves tem atuado no meio-campo na passagem pelo México. Uma semelhança com o que aconteceu na passagem pelo São Paulo.

Dani é o primeiro volante do Pumas, fazendo uma dupla com o também brasileiro Higor Meritão, 11 anos mais novo. Alves é responsável pela saída de bola, por vezes se posiciona entre os zagueiros para fazer esse movimento, algo que ele se sente à vontade.

Antes do jogo contra o San Luis, Dani tinha 80,8% de acerto nos passes, seis chutes a gol, percentual de 66,7% de cruzamentos certos e 56,3% dos duelos ofensivos ganhos, de acordo com a plataforma Wyscout. Ele tem exibido alguns lances de qualidade técnica. Um lençol no meio-campo ali, um passe com boa visão de jogo acolá.

Para o jogador, a função pedida a ele na seleção não é tão diferente de um meio-campista. Tite gosta de colocá-lo como um lateral construtor, sem abrir tanto nas pontas — onde está Raphinha, por exemplo. Na prática, Dani se aproxima mais dos volantes e da faixa central do campo quando o Brasil tem a posse de bola.

Por outro lado, ser primeiro volante muda o jeito de marcar. Ele não precisa acompanhar os pontas adversários, mas tem que preencher a entrada da área quando o time é atacado — o San Luis explorou bem isso ontem. O sistema defensivo do Pumas, como um todo, tem problemas. Nos últimos dois jogos, foram seis gols sofridos.

Contra o América, Dani chegou a ser deslocado para a ponta direita durante o segundo tempo, mas não mudou o jogo. Alberto Bernard, colunista do jornal "Record", criticou o técnico Andrés Linini: "Fica claro que não encontrou a fórmula para explorar o jogador brasileiro".

Dani não é substituído

Dani foi titular nas quatro partidas do Mexicano que disputou pelo Pumas e em nenhuma foi substituído. A presença constante de Dani em campo tem gerado estranheza na imprensa local, sobretudo considerando a idade e o fato de ele não ter feito a pré-temporada com a equipe.

"Se ele vê o jogador cansado, por que não tira? É o questionamento. Linini tem um bom time, bons jogadores e não faz com que a equipe jogue bem. Dani não pode ser o nome que, hoje, atue os 90 minutos", avalia Stephany.

Na derrota de ontem, o San Luis conseguiu virar ao imprimir velocidade e pressão sobre o Pumas. As trocas do técnico argentino Andrés Lillini envolveram o setor de meio-campo, mas Dani não foi envolvido nelas. A única alteração forçada foi a saída do argentino Eduardo Salvio, autor dos dois gols do Pumas, por lesão.

"Se tem que tirar Garcia ou Dani Alves, você tira o Dani Alves. Minha posição não é a mais cômoda. Estou aqui para analisar o que estou lendo do jogo. A dinâmica do San Luis é muito superior. No primeiro tempo, Garcia foi o mais dinâmico [do Pumas]", afirmou Paco Gabriel de Anda, comentarista da ESPN mexicana na transmissão, acrescentando outro item à defesa pela saída de Dani Alves do jogo:

"Ainda mais jogando na contenção, quando o rival não te deixa respirar. Uma coisa foi no primeiro tempo, quando tinha a bola controlada".

Daniel Alves durante treino do Pumas - Divulgação/Pumas - Divulgação/Pumas
Daniel Alves durante treino do Pumas
Imagem: Divulgação/Pumas

Dani Alves ontem levou seu primeiro cartão amarelo no futebol mexicano. O gol ainda não saiu. O ponto positivo é que ele tem procurado exercer a liderança no grupo. Ainda depois da estreia, o jogador brasileiro falava em "fazer com que todos possam entender como competir".

A comissão técnica da seleção brasileira já programou uma visita in loco para ver como Daniel Alves está. No domingo (21), o auxiliar César Sampaio e o fisiologista Guilherme Passos estarão no jogo entre Pumas e Santos Laguna. Na quarta (24), eles verão Pumas x Tigres. Quem sabe a vitória venha. A próxima convocação será em 9 de setembro.

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