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Ceni exalta papel dos jogadores do São Paulo em meio a 'colapso financeiro'

Rogério Ceni, técnico do São Paulo, em jogo contra o América-MG pela Copa do Brasil - Fernando Moreno/AGIF
Rogério Ceni, técnico do São Paulo, em jogo contra o América-MG pela Copa do Brasil Imagem: Fernando Moreno/AGIF
do UOL

Thiago Braga

Do UOL, em São Paulo

19/08/2022 00h44

Classificado para a semifinal da Copa do Brasil, o técnico Rogério Ceni exaltou a entrega dos jogadores do São Paulo após o empate em 2 a 2 com o América-MG, na noite desta quinta-feira (18), no estádio Independência.

"O São Paulo é um time que não se entrega, luta até o final. É um time que aprendeu. Às vezes falam que o zagueiro tem que jogar, e o atacante marcar. O zagueiro tem que defender e jogar. O atacante, ele tem que fazer gols, atacar, driblar e ter a sua parcela de contribuição na volta da marcação. É o único jeito que eu conheço futebol. Eu não conheço futebol de outra maneira", afirmou o comandante tricolor, em coletiva depois do jogo.

O técnico também ressaltou o momento delicado nas finanças do clube. Com dívida de R$ 642 milhões, o São Paulo trabalha para equacionar o débito e se manter competitivo nos campeonatos.

"Na terceira rodada do Campeonato Paulista tinha gente já dizendo que não daria certo. O clube atravessa uma situação delicada e os atletas têm ajudado muito o clube. Mais do que vocês imaginam, os jogadores têm ajudado o clube. Então é muito legal ver esse time [classificado]. Logicamente eu sei que não foi campeão Paulista e isso machuca muito o torcedor porque o time era um título possível de se conquistar. Por mais que fosse contra um adversário difícil, era um título possível depois da primeira partida. Mas o São Paulo em duas semifinais num ano de praticamente colapso financeiro é motivo de orgulho. Eu acho que é muito mérito dos jogadores", explicou o treinador.

A classificação, que parecia tranquila depois de o São Paulo abrir 2 a 0 fora de casa com menos de 30 minutos do primeiro tempo, tornou-se mais complicada depois da reação do América-MG e da expulsão do zagueiro Miranda. O time mineiro pressionou, empatou, mas não conseguiu marcar o gol que levaria a decisão para os pênaltis.

"A eliminação às vezes pesa demais em um trabalho. A cada classificação gera motivação para o próximo jogo, gera expectativa de campeão. Não há nada melhor para um jogador do que a motivação. Já enfrentamos Palmeiras e América-MG. Times de Série A. Na Sul-Americana, jogos duros também. O fato de gerar a expectativa de ser campeão é o melhor combustível. Acho que isso é o principal, mentalidade de ser campeão. Por mais dificuldades que tenha, a gente ainda está vivo em todas as competições", definiu Ceni.

O próximo adversário do Tricolor na Copa do Brasil é o Flamengo. Antes da semifinal, porém, o São Paulo vai até a Vila Belmiro no domingo (21), às 19h, enfrentar o Santos, pelo Campeonato Brasileiro.

Confira outros trechos da coletiva de Ceni

Ser campeão com o São Paulo

"Ganhar a Copa do Brasil em um clube que trabalhei a vida toda e não ganhei seria fantástico. Obsessão é o próximo jogo. Vamos ver quem é o melhor time para tentar ganhar domingo (do Santos). Temos a amizade de todos, união que é o que pode fazer a gente passar do Flamengo (na Copa do Brasil) e do Atlético-GO (na Copa Sul-Americana)."

Recuperação no Brasileirão

"No Brasileiro precisamos de pontos. As Copas são ilusórias, o Brasileiro vai até o dia 13 de novembro e temos que estar com uma vaga na pré-Libertadores. O pessoal fala que o trabalho é legal, mas não consegue o objetivo e já falam que o trabalho é ruim. A gente tem que estar ligado no Campeonato Brasileiro, porque se der errado em alguma das duas tem que estar na Libertadores do ano que vem. Por renda e por tudo mais"

Luta dos jogadores após a expulsão

"Primeiro que eu não vejo que ninguém põe as coisas por água abaixo Não é um atleta independente de quem seja que põe as coisas por água abaixo. São situações que a gente pode ter uma análise melhor. Eu não consegui ver da onde eu estava exatamente. [O Miranda] chegou um pouquinho atrasado, talvez alguma coisa assim. Mas aqui todos são importantes. Em alguns momentos falham, como a gente também erra em alguns momentos. Eu acho que o mais se destacar são os outros que ficaram em campo e fizeram pelo Miranda no dia de hoje o que era possível ser feito."

Tática para garantir a classificação

Abaixar as linhas com um a menos é natural. A gente tentou se manter em campo, só que começou a dobrar os lados e passamos a jogar no 4-4-1, e o Calleri estava pendurado e era um risco. O Nikão sustenta bem daquele lado. Mudamos para deixar um time mais experiente. Acho que fizemos o que era possível ser feito, mas confesso que nos primeiros 30 minutos de jogo pensei que se apresentaria um jogo melhor no final. Em determinado momento paramos de jogar, mandamos bola pelo alto e saímos pressionados."

Atuação do Reinaldo

"Adoro o Reinaldo, ele foi meu companheiro. É um jogador que faz a diferença nos jogos. Ele deu a bola no meio para o Luciano. Ele tem o refino técnico, não tem a parte física do Welington. Ele estava muito atrasado no apoio. Falei ao Welington para não fazer aquilo que o Reinaldo estava fazendo. Sabia que o Reinaldo não ia aguentar o jogo todo. Ele foi peça fundamental contra o Bragantino. Welington vai bem na linha de três. Quando a gente perdeu o jogador, a gente precisava dele."


Lembrança a Thiago Couto

"Não esqueçamos que o pênalti defendido pelo Thiago [Couto, no Morumbi, no jogo de ida] nos classificou hoje. Aquela defesa do Thiago foi importantíssima. Ele tem sua parcela de participação. O Jandrei se esforçou muito para estar presente hoje. Veio a custo zero. Jandrei fez uma ótima participação."

Duas semifinais

"Acho que é motivo de orgulho o time estar em duas semifinais, e a presença da torcida aqui acho que tinha mais, porque ouvi mais a torcida do São Paulo do que a do América, que é bonita também. Sabemos que a torcida é nosso combustível, faz festa no Morumbi e hoje foi fundamental, e hoje quando mais precisávamos, no final, não pararam de cantar um minuto. Acho que estão orgulhosos. Por um período muito triste por tudo que foi feito, eles veem jogadores com paixão. A torcida viu um time colocar o São Paulo na final do Paulistão, semifinal da Copa do Brasil e Sul-Americana."

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