TJDF investiga manipulação de jogos na Paraíba; presidente relata ameaças

Depois da Operação Cartola, responsável por desvendar um poderoso esquema de corrupção, o futebol paraibano volta a ser manchete de forma negativa. O Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol da Paraíba (TJDF-PB) determinou, ontem (28), a instauração de inquérito para apurar uma denúncia sobre supostas manipulações de jogos no Campeonato Paraibano.

A denúncia foi feita pelo presidente do Sousa-PB, Aldeone Abrantes, através de um áudio que circulou nas redes sociais. Ele diz ter recebido uma oferta de dinheiro para 'participar de safadeza' no jogo de segunda-feira (27), contra o Lagoa Seca. Ou seja, combinar previamente o resultado da partida - que acabou sendo 1 a 0 a favor do Sousa.

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"Faz três dias que uns elementos me procuram e procuram o Sousa Esporte Clube atrás de fazer safadeza de máfia de jogo no Campeonato Paraibano. Um rapaz entrou aqui no hotel, é uma pessoa conhecida ligada ao futebol da Paraíba que me chamou para o particular e veio propor para o Sousa participar de safadeza no jogo de hoje", disse o dirigente em áudio.

Aldeone Abrantes revelou, inclusive, que tem recebido ameaças de morte por não participar do esquema. O UOL Esporte tentou contato com o presidente do Sousa, mas ainda não obteve resposta.

"Eu quero, já que a presidente [da Federação Paraibana de Futebol, Michelle Ramalho] não me atendeu, deixar público que estou correndo risco de vida porque o Sousa não participa de cafajestagem, de sujeira... Eu sou desclassificado, sou rebaixado, mas essa cretinice vai ter que ser denunciada. Não vou permitir. Já houve aquele problema da Cartola e agora está surgindo esse fato. Estou falando aqui pedindo garantia de vida", acrescentou.

"Sei que o Sousa Esporte Clube não participa dessa safadeza de jeito nenhum e, se alguém estiver participando, pelo amor de Deus, crie juízo, o Brasil está sendo passado a limpo", completou.

O UOL Esporte teve acesso à decisão do presidente do TJDF-PB, Raoni Lacerda, que determina 'a instauração de inquérito a ser concluído com relatório no prazo máximo de 15 dias'.

"Vê-se, pois, que são condutas, em tese, da mais alta gravidade de apenação no âmbito do Desporto, pois atingem a própria competividade dos clubes envolvidos com o teórico mascaramento de resultados, inclusive com repercussões de altas cifras financeiras e possíveis crimes a serem apurados nas esferas policial e judicial", diz outro trecho do despacho.

Em relação às ameaças de morte citadas por Abrantes, a denúncia já está sob investigação do Grupo de Atuação Especial e Repressão Contra o Crime Organizado (Gaeco).