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Federação de atletismo deve mudar regras após tênis ajudar em recordes

Eliud Kipchoge completou a maratona não-oficial em Viena (Áustria) com a marca de 1h59min40s, a melhor da história da prova - Guo Chen/Xinhua
Eliud Kipchoge completou a maratona não-oficial em Viena (Áustria) com a marca de 1h59min40s, a melhor da história da prova Imagem: Guo Chen/Xinhua

Mitch Phillips e Kate Kelland

Longres (Inglaterra)

24/01/2020 10h44

O órgão que comanda o atletismo mundial vai endurecer os regulamentos sobre tecnologia dos tênis, disseram duas fontes familiarizadas com o assunto, depois que a popular linha Vaporfly, da Nike, ajudou a quebrar recordes e provocou debates sobre "doping tecnológico".

A World Athletics deve anunciar as conclusões de uma revisão da tecnologia usada em calçados para solo e pista até o final de janeiro.

O uso dos calçados fluorescentes pelos corredores amadores não será afetado, disse a World Athletics. O Vaporfly combina fibras de carbono e espuma comprimida ultra elástica e se tornou familiar nas disputas mundo afora.

"A World Athletics definitivamente concorda que é preciso haver maior clareza sobre o que é permitido no esporte de elite e em nossas competições", afirmou o órgão em comunicado à Reuters, acrescentando que qualquer mudança precisaria ser ratificada por seu conselho.

"Não é nosso trabalho determinar o mercado de tênis para todos. Se as pessoas querem correr uma maratona com o Vaporfly ou qualquer outro tênis, não é nosso trabalho detê-las. Mas se quiser ter um recorde ratificado, tem que respeitar as regras."

Quando perguntada sobre a revisão e uma possível mudança de regras, a Nike disse: "Nós respeitamos a Iaaf (agora World Athletics) e o espírito de suas regras, e não criamos tênis de corrida que devolvam mais energia do que o corredor gasta".

Os regulamentos estabelecem que qualquer calçado "precisa estar razoavelmente disponível para todos, no espírito da universalidade do atletismo, e não deve ser construído de modo a dar aos atletas qualquer assistência ou vantagem injusta".

O órgão mundial do atletismo, que tem restrições de longa data sobre a espessura da entressola para salto em altura e salto em distância mas deu liberdade aos tênis de corrida, diz que são necessárias mais pesquisas para determinar exatamente quais benefícios são fornecidos pelo Vaporfly.

As fontes não especificaram quais mudanças a World Athletics está planejando. Especialistas do setor industrial indicaram que a organização pode impor limites à profundidade da espuma, por exemplo, ou à quantidade de carbono usada em competições de elite.

A Nike, maior empresa de vestuário esportivo do mundo, diz que o tênis Vaporfly, que custa cerca de 250 dólares e tem uma vida útil de apenas cerca de 320 quilômetros, possui "uma arma secreta que proporciona uma sensação de propulsão".

Outros fabricantes também lançaram ou estão desenvolvendo seus próprios calçados com isolamento de carbono, mas estão tentando recuperar o atraso.

Alguns atletas, incluindo Eliud Kipchoge, queniano que usava a versão Alphafly do tênis quando se tornou o primeiro homem a correr uma maratona abaixo de duas horas, em Viena, no ano passado, comemora a eficiência que os calçados proporcionam e considera isso justo.

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