Topo
Esporte

Akemi Higashi, tatuadora de boleiros, relata abuso de ex do jiu-jitsu

Akemi Higashi é a principal tatuadora entre jogadores no Brasil. Já tatuou Ronaldo e Alexandre Pato - Reprodução/Instagram
Akemi Higashi é a principal tatuadora entre jogadores no Brasil. Já tatuou Ronaldo e Alexandre Pato Imagem: Reprodução/Instagram
do UOL

Talyta Vespa

Do UOL, em São Paulo

18/01/2020 04h00

A tatuadora mais famosa entre os boleiros, Akemi Higashi, revelou, em um desabafo no Facebook, que foi vítima de abuso e violência financeira por parte do ex-namorado, um lutador faixa preta de jiu-jitsu cujo nome ela prefere não revelar. Procurada pelo UOL Esporte, a artista contou que a manipulação e a violência psicológica fizeram parte dos nove anos de relacionamento.

"Vivi um relacionamento abusivo que deixou marcas irreparáveis. Não há como explicar como uma pessoa pode ser manipulada por um monstro como ele. Me afastou dos meus filhos, sofri por anos sem conseguir me desvencilhar, apesar dos inúmeros problemas que ele me causava", disse na publicação.

Akemi recebeu a reportagem em seu novo estúdio, no centro de São Paulo, onde mora com os dois filhos. Ela deixou o espaço em que tatuava, no mesmo bairro, no começo do ano passado, após dar fim à relação com o lutador. O antigo estúdio ficava em frente ao prédio em que mora seu algoz.

"Fui explorada financeiramente por anos, podada de muitas coisas. Ele, inclusive, me cobrou uma porcentagem pelos trabalhos que eu fazia só por estar ao meu lado", afirmou.

"Nos três últimos anos, sofri demais e passei a apenas concordar com tudo o que ele dizia. Perdi 10 kg e todos os meus amigos. Fui proibida de tudo [...]. As marcas psicológicas não sumiram e atrapalham minha vida como uma síndrome pós-traumática. Me gerou tristeza, ansiedade, depressão, e me sinto acuada, com autoestima baixa", revelou.

Akemi afirma ter decidido publicar o desabafo na noite de quarta-feira (15) depois de um dia cansativo de trabalho. "Tenho trabalhado demais, sinto que esse ano vai ser bem bom para mim. Nesse dia, parei de trabalhar cedo e comecei a pensar em tudo o que me aconteceu nesses últimos nove anos. E decidi fazer esse desabafo. Sei que há muitas mulheres que passam por isso, ainda mais no meio da luta".

A lutadora conseguiu dar um fim à relação enquanto o ex-namorado viajava para os Estados Unidos. Com um quadro depressivo grave, em que só dormia à base de remédios, conheceu seu atual namorado. "A gente ficou amigo e, ali, eu entendi que um relacionamento não precisa ser doloroso como era o meu. Terminei por telefone, mesmo, enquanto ele viajava. Até hoje, sinto um alívio muito grande".

Além dos abusos psicológicos, Akemi relata, o ex-namorado fez com que ela gastasse "o equivalente a um apartamento" com roupas, viagens e compras no cartão de crédito. "Eu trabalhava 20 horas por dia para conseguir pagar tudo o que ele comprava. Ele comprou uma televisão de R$ 12 mil e me fez comprar a TV velha que tinha em casa para que pudesse pagar a nova. Foi muita humilhação".

Akemi também luta jiu-jitsu, além de ser a tatuadora brasileira mais requisitada entre atletas. Sua lista de clientes inclui Ronaldo, Alexandre Pato, Valdivia, Sebastian Eguren, Mendieta, Hortência e Adriano.

O UOL Esporte publicou, em agosto, uma série que expõe a cultura de violência no universo da luta. "Vozes no Tatame" trouxe relatos em primeira pessoa de mulheres, entre atletas e ex-atletas, que sofreram violência de gênero e abuso sexual enquanto praticavam artes marciais.

Esporte