Topo
Esporte

Ligação, carta e desgaste acumulado. Os bastidores da saída de Luan

LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA
Imagem: LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA
do UOL

Jeremias Wernek e Ricardo Perrone

Do UOL, em Porto Alegre (RS) e São Paulo

15/12/2019 04h00Atualizada em 15/12/2019 11h55

A ida de Luan ao Corinthians é resultado de uma série de episódios acumulados ao longo de 2019. O epílogo da história veio com ligação do meia-atacante ao presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Jr., e assinatura de carta onde jogador e estafe confirmam ter recebido e recusado oferta de renovação contratual. Tudo como método para resolver o desgaste da relação.

Aos 26 anos, Luan vai render 5 milhões de euros (R$ 22,8 milhões na cotação atual) aos cofres gremistas. O clube gaúcho seguirá com percentual dos direitos econômicos de olho em futura venda e ainda abateu valores em aberto da contratação de Juninho Capixaba.

Titular absoluto do Grêmio entre 2015 e 2018, Luan perdeu espaço no time na última temporada. O afastamento sob alegação de problemas físicos foi tratado pelo clube como uma tentativa de forçar reação. O efeito foi contrário.

A decisão aumentou o desgaste, visto por alguns como natural e por outros como consequência de atitudes erradas do clube e do jogador, e a saída era considerada inevitável. Tão iminente que o próprio Luan pegou o telefone e ligou para pedir a liberação.

Luan chega ao hotel que recebe delegação do Grêmio no Paraguai - Lucas Uebel/Grêmio - Lucas Uebel/Grêmio
Imagem: Lucas Uebel/Grêmio

"O Luan me ligou e falou em uma conversa cordial, tranquila e muito profissional que o ciclo dele no Grêmio havia acabado. Que ele queria dar um novo passo na carreira", disse Romildo Bolzan Jr., presidente do clube gaúcho.

A conversa selou o destino, já traçado há algumas semanas, mas também impôs uma condição. A pedido do Grêmio, Luan se comprometeu e assinou uma carta onde atesta que recebeu proposta para renovar contrato com o clube gaúcho e não quis.

O vínculo entre Grêmio e Luan ia até o final de 2020. O contrato foi renovado em meio à Libertadores de 2017, depois de longa e desgastante renovação.

Maracanã foi gota d'água

Luan, meia-atacante do Grêmio - Duda Bairros/AGIF - Duda Bairros/AGIF
Imagem: Duda Bairros/AGIF

Em 10 de agosto, o Grêmio perdeu para o Flamengo por 3 a 1, jogo válido pela 14ª rodada do Campeonato Brasileiro. Luan foi a campo desde o início ao lado de outros reservas e não agradou nem um pouco.

Segundo o Footstats, naquele jogo Luan foi o atleta do Grêmio que mais errou passes. Também foi quem menos finalizou, e o líder no ranking de perda de posse da bola. Para membros da diretoria do Grêmio, o jogo marcou claramente que o ciclo de Luan estava no fim. Para pessoas próximas ao jogador, o adeus foi consequência de um somatório, e a partida no Rio de Janeiro não se tornou decisiva.

Ao longo daquele mês, o Grêmio autorizou o estafe de Luan a procurar ofertas do exterior. Agosto voou, a janela de transferências fechou, e o camisa 7 ficou. Mas nunca mais voltou a ter o mesmo status.

Os números comprovam: após a derrota para o Flamengo pelo Brasileirão, Luan jogou somente nove das 30 partidas que o Grêmio fez para completar a temporada. Depois de brilhar diante do Avaí e ir bem em reencontro com o Fla, foi elogiado pela torcida e cobrado por Renato. A saída estava selada há meses e se confirmou agora.

Perto de casa, no clube do coração

O interesse do Corinthians mexeu com Luan graças ao coração. Torcedor do clube quando pequeno, o camisa 7 se mostrou convicto ao longo de todo o negócio. A identificação com o alvinegro foi e continuará sendo um argumento pesado para que o meia-atacante volte a apresentar regularidade.

Além do clube da infância, Luan trocará Porto Alegre e o Grêmio pela rotina mais perto da mãe. A matriarca da família reside no interior de São Paulo, e a chance de conviver mais com a família também foi citada como razão para topar o negócio com o Corinthians.

Esporte