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Fã de leitura, Nino usa livro de Guardiola como inspiração no Fluminense

Nino, zagueiro do Fluminense, dedica tempo à leitura, e técnicos europeus ganham destaque - Divulgação
Nino, zagueiro do Fluminense, dedica tempo à leitura, e técnicos europeus ganham destaque Imagem: Divulgação
do UOL

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

10/12/2019 04h00

A temporada do Fluminense foi difícil, mas alguns jovens jogadores se destacaram. Um deles foi o zagueiro Nino, que atuou em 50 jogos em 2019, quarta melhor marca do elenco. Revelação do Criciúma, o jovem de 22 anos também chama a atenção com as palavras. E não é à toa: fã de leitura, o defensor contou em conversa exclusiva com o UOL Esporte que encontra nos livros sua inspiração para dentro e fora de campo.

De fala calma e bem articulada, o recifense cita o pai, homônimo, professor universitário de Direito e juiz na Justiça do Trabalho de Pernambuco, como grande incentivador para o conhecimento e a educação: "Ele sempre pegou no meu pé com as notas, e me incentivava a estudar. A leitura, claro, faz muita diferença. Desde que comecei a ler muitos livros passei a me expressar melhor", conta.

Na cabeceira, o livro preferido é o do técnico catalão Pep Guardiola. Nino guarda com carinho o grande ensinamento que tirou do texto de "A pirâmide invertida", de Marti Perarnau: a leitura de jogo.

"É impressionante quando narram os fatos, um jogo que eles ganham de sete da Roma na Itália. Guardiola diz antes, na preleção, o que faria a diferença na partida, que seria a movimentação dos volantes. Fui procurar depois, nos vídeos, e os gols saem assim. Isso me marcou bastante, como alguém consegue essa leitura antes do jogo. É como dizem dos gênios, enxergam antes", elogia Nino, que já sabe o próximo livro que lerá: a biografia de Jurgen Klopp, treinador do Liverpool, time que mais gosta na Europa, mais um motivo para torcer no Mundial de Clubes, onde os ingleses podem ter o rival Flamengo como adversários.

Nino, do Flu, x Bruninho, do Atlético-MG - Thiago Ribeiro/AGIF - Thiago Ribeiro/AGIF
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Do alto de seu 1,88 m, ele diz não ter certeza, mas crê que o apelido veio de "pequenino", graças ao nome idêntico ao do pai. E crença é algo que também o marca: religioso, o zagueiro repetiu dezessete vezes o nome de Deus na entrevista no CT Carlos José Castilho, com ensinamentos e passagens bíblicas, o livro que lhe encantou: "Tudo o que faço é para Deus. Por isso honro e me esforço sempre, pois estou fazendo para Ele", diz.

A literatura religiosa lhe rendeu outro livro que mais gostou: "Louco amor", do pastor Francis Chan. O defensor de 22 anos, inclusive, procura reforçar sempre a parte espiritual. O Fluminense tem um grupo de atletas cristãos que se reúne nas concentrações e antes das partidas. O primeiro "mandamento" é o respeito: todos cultuam um mesmo Deus, sem distinção da vertente que seguem na fé. Fora do clube, o pastor Osias o discipula ao lado de outros companheiros.

Muriel e Nino

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A religião também ajuda Nino a se acalmar para um futuro de incertezas. Com contrato de empréstimo que se encerra no fim do ano, o jovem quer ficar no Fluminense, clube onde realizou um de seus grandes sonhos: marcar um gol no Maracanã com a presença de seus familiares, que chama de "torcida bem grande".

"Realizo um sonho só em jogar no Fluminense. Se alguém me dissesse no início do ano que eu jogaria 50 jogos por esse clube, eu não acreditaria. É muito além do que imaginava e até sonhava. Eu estou muito feliz por isso, sou muito feliz na cidade, no Fluminense, sou muito bem tratado pelos funcionários e tenho o desejo muito grande de ficar. Sei que não depende só de mim, tem a negociação com o Criciúma, mas espero que dê tudo certo e eu possa seguir aqui".

Nino comemora gol contra o Cruzeiro, no Maracanã - Lucas Merçon/Fluminense FC - Lucas Merçon/Fluminense FC
Imagem: Lucas Merçon/Fluminense FC


Outro dos sonhos do zagueiro é atuar na Olimpíada de Tóquio, em 2020, pela seleção brasileira. Apesar da concorrência, o jogador está nos planos da comissão comandada por André Jardine, e só não teve sua chance até o momento pela decisão de convocar no máximo dois jogadores de cada equipe da Série A (Allan e Caio Henrique têm sido presença constante na seleção olímpica).

"Defender a seleção brasileira é o desejo de todo jogador. Jogar no Fluminense, que é um time gigante, a visibilidade é muito grande e minhas chances aumentam, pelo que tenho feito aqui. Eu sou muito grato ao clube por ter me dado essa oportunidade de viver tudo que está acontecendo comigo agora", afirma.

O jogador também lembra que seus colegas de trabalho não estão alienados do mundo: "Somos pessoas normais. No vestiário se fala de tudo: família, religião, política, atualidades, tudo o que você imaginar. O nosso grupo é especial nesse sentido. Temos WhatsApp e comentamos sobre todos os assuntos".

Nino também não foge de comentar sobre política, apesar de dizer que "não entende tanto": "Claro que eu voto, nós votamos. Por vezes precisamos justificar. Eu, por exemplo, fui obrigado nas últimas eleições, estava morando em outras cidades. Mas nós votamos, sim. Tento fazer o melhor dentro das minhas convicções. Não parece, mas somos como todo mundo", brinca.

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