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Como Flamengo x Bahia explica rubro-negro a três passos do título

do UOL

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

11/11/2019 04h00

Não chegou a ser fácil. O sofrimento se fez presente no início e assustou. Mas o roteiro da noite do último domingo (10) no Maracanã parecia apontar para um final óbvio: vitória do Flamengo. Mais que isso. Era um triunfo aos gritos de "é campeão" para um time que ainda precisa de alguns pontos para garantir a taça. No entanto, a certeza novamente se fez presente. Não por acaso. O Rubro-negro se permitiu admitir que sabe que as vitórias virão. E o 3 a 1 sobre o Bahia explicam tamanha confiança.

Saindo atrás do placar, o Flamengo mostrou boa parte dos repertórios que o credenciaram ao título que parece cada vez mais iminente: poder de reação rápida, um leque variado de opções ofensivas, jogadores decisivos, alinhamento com ideias da comissão técnica e uma comunhão entre time e torcida que garante a campanha invicta no Maracanã até o momento. Caso o retrospecto se mantenha em casa, a taça já sabe qual será sua nova morada.

Nem falha de Rodinei atrapalha

O Flamengo se tornou o time a ser batido no Brasileiro. Com isso, as defesas adversárias entendem cada vez o time e dificultam o início de jogo rubro-negro. Foi assim contra CSA, Botafogo e Goiás. E contra o Bahia ontem. Desta vez, no entanto, um fato novo: um rival saía na frente do placar no Maracança. Rodinei falhou e os baianos marcaram no rebote de uma cabeçada defendida por Diego Alves.

A situação poderia assustar. Mas o clube que caminha a passos largos para o título mostrou que sabe se recuperar de uma falha de alguém que não tem vaga fixa na equipe e acabou deixando a desejar. Parecia que Rodinei tinha "gordura" para queimar. Afinal, ele sabia que o time imbatível em casa resolveria.

Se um reserva falha, um jovem decide

O primeiro tempo não foi nada bom. Além de não criar, o Flamengo ainda foi surpreendido pelo Bahia que usou um contra-ataque rápido para abrir o placar. O time voltou do intervalo com uma mudança. Reinier na vaga de Vitinho. E o jovem de 17 anos brilhou intensamente com apenas oito minutos em campo. Ele aproveitou passe de Gabigol e marcou o primeiro do Fla. O Rubro-negro, com sua joia de contrato renovado em campo, era outro time e não demorou para decretar a virada e, consequentemente, a vitória.

E um titular também resolve. Sempre

Existe um motivo para Gabigol ser considerado um dos melhores jogadores do Flamengo na temporada e principal opção para o craque do Campeonato Brasileiro. O camisa 9 do Flamengo não falha. O jogo apertou e o cenário ficou difícil? Ele resolve. Com duas assistências açucaradas, Gabriel Barbosa deixou a vitória encaminhada antes mesmo de balançar as redes. É claro que ontem teve gol do Gabigol, o que executou o Bahia.

Bruno Henrique: presente

Gabigol não está sozinho. Longe disso. Bruno Henrique é muito mais que um coadjuvante de luxo. Apesar de não ser o centroavante, o jogador está sempre bem colocado para usar sua velocidade e o faro de gol. Não foi diferente no último domingo. Após passe do camisa 9, ele deslocou Douglas e fez o segundo gol do Flamengo. Sempre presente, Bruno marcou seu 11º gols nos últimos 13 jogos.

O maestro do time aparece

O torcedor mais exaltado diz aos quatro cantos que seu Flamengo é uma verdadeira seleção. Não chega a tanto, mas o numero de jogadores de gabarito inquestionáveis é muito alto. Além de Gabigol e Bruno Henrique, o técnico Jorge Jesus tem a disposição também nada mais, nada menos do que Everton Ribeiro, eleito duas vezes o craque do Campeonato Brasileiro. Ninguém no Rubro-negro é tão responsável pelas construções das jogadas como ele. Vale ressaltar que ele tem atuado mais longe do gol, um claro sacrifício em prol do grupo. Já são 20 jogos sem balançar as redes, o que não tira o brilho das suas atuações de maestro.

O discreto e cirúrgico Filipe Luis também surge

Quem também se encaixou no time como uma luva foi Filipe Luis. O lateral esquerdo chegou para preencher uma das principais lacunas no elenco do Flamengo. Renê até vinha bem, mas o nível é mais baixo. O atual titular mostra segurança na defesa e também ajuda bastante nas construções da jogada pelo meio de campo com passes que quebram a linha de marcação dos adversários. Tem explicação o fato dele ter conquistado a torcida tão rapidamente.

Fora de campo... Não tem Jesus? Até o auxiliar ajuda

Todos esses jogadores parecem ter dado ainda mais liga após a chegada do técnico Jorge Jesus. O português apresentou uma proposta ofensiva e que caiu de cara no gosto do torcedor. "Ole, ole, ole, ole, Mister, Misteer". Todo fim de jogo o treinador é prestigiado. Mesmo na sua ausência, no último domingo, por conta de uma suspensão, ele ouviu do camarote a reverência. Do campo, João de Deus não se assustou com a missão e deu conta do recado - mesmo sem ganhar um jingle da torcida.

Comunhão time e torcida. E, enfim, a euforia do grito de "É campeão"

A torcida, aliás, merece um capítulo à parte. Maior média do Campeonato Brasileiro, com 51.770, com uma taxa de ocupação de 79%. Todo fim de jogo, uma clara comunhão entre jogadores e arquibancada. São alguns minutos até que os atletas deixem o gramado para conceder entrevista. Após bater o Bahia, os rubro-negros não aguentaram e soltaram o grito de campeão. A euforia não foi compartilhada. Pelo contrário. Pedidos de pés no chão deram o tom das declarações. Mas não há como negar o sentimento de que, de fato, falta muito pouco para tudo ser oficial.

Um roteiro que parece se repetir. Alguns problemas normais, mas um elenco que sempre chega para resolver. Uma vitória que pode resumir o Flamengo que coloca uma mão na taça.

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