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Caso Ricardinho volta à tona e pode gerar bloqueio de R$ 25 mi no São Paulo

Ricardinho em ação pelo São Paulo pelo Campeonato Paulista de 2003, contra a Portuguesa Santista - Eduardo Knapp/Folha Imagem
Ricardinho em ação pelo São Paulo pelo Campeonato Paulista de 2003, contra a Portuguesa Santista Imagem: Eduardo Knapp/Folha Imagem
do UOL

José Eduardo Martins e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

16/10/2019 04h00

Dezessete anos depois, a contratação do meia Ricardinho pelo São Paulo pode custar muito caro ao clube do Morumbi. A bombástica transferência do jogador do arquirrival Corinthians custou, em 2002, R$ 6 milhões. Agora, pode gerar nas contas são-paulinas um bloqueio de R$ 25 milhões e afetar profundamente a situação financeira até o fim do ano.

O valor é alvo de cobrança pela empresa RES Empreendimentos, que adquiriu o crédito de um grupo de investidores que ajudou na operação de 2002. Na Justiça, a empresa já foi reconhecida como credora do São Paulo, e agora está executando o valor e exigindo o pagamento. Atualizado, ele é de R$ 25.433.833.

Em cobranças judiciais, é comum que a parte devedora ofereça uma garantia - um bem, um imóvel ou a promessa de pagamento por um banco - para evitar ter suas contas bloqueadas e suas atividades prejudicadas enquanto se defende. No caso do São Paulo, era uma carta de uma instituição chamada Profit Bank, se comprometendo a arcar com até R$ 35 milhões em caso de derrota no processo. Essa garantia foi, entretanto, anulada pela Justiça, em decisão publicada ontem. Imediatamente, a RES Empreendimentos solicitou o bloqueio de R$ 25 milhões das contas do clube.

A Justiça descobriu que a Profit Bank, que se comprometia a arcar com a dívida em caso de derrota do São Paulo, é ré em diversos processos justamente por não pagar os valores prometidos em garantias prestadas a terceiros. Em vários deles, tenta parcelar valores pequenos, que chegam até a R$ 4 mil reais, sob a alegação de que não possui condições de arcar com o valor inicialmente estipulado. Além disso, a empresa não possui os devidos registros no Banco Central. Esses argumentos levaram à derrubada da garantia.

A queda da garantia abre as portas para que a RES comece a buscar penhoras e bloqueios de contas e ativos do São Paulo, até satisfazer a dívida. A empresa busca o bloqueio imediato do valor integral - ainda não há decisão judicial nesse sentido.

O departamento jurídico do clube diz que está ciente da decisão e já trabalha para buscar uma solução que não passe pelo congelamento dos cofres são paulinos. A estratégia, entretanto, só será divulgada em juízo.

Situação financeira do clube na temporada não é confortável

A situação financeira do São Paulo já era preocupante. O clube investiu pesado em reforços para esta temporada e, por conta de eliminações precoces na Copa Libertadores e na Copa do Brasil, deixou de receber R$ 25 milhões previstos no orçamento para 2019.

Como consequência, o Tricolor paulista atrasou pagamentos de direitos de imagem de atletas e precisou pegar cerca de R$ 37 milhões em empréstimos bancários. Para complicar ainda mais a questão, o São Paulo ainda está longe de alcançar os R$ 120 milhões esperados com transferências de atletas - até agora, a maior parte da receita com vendas veio com Morato (R$ 27,3 milhões), para o Benfica, e Rodrigo Caio (R$ 22 milhões), para o Flamengo.

Segundo apurou o UOL Esporte, pessoas ligadas ao departamento financeiro e ao Conselho de Administração acreditam que o São Paulo ainda poderá obter algum acordo para evitar ou adiar o pagamento da dívida envolvendo Ricardinho.

O valor da dívida é quase igual ao quanto o clube desembolsou para contratar Pablo no fim de 2018. Na época, o Tricolor acenou com uma proposta de 6 milhões de euros (na cotação daquele período R$ 26,5 milhões). A equipe paulista poderá ter de gastar mais 1 milhão de euros, caso algumas metas sejam atingidas pelo reforço.

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