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Técnico sensação do Athletico surgiu em escola alternativa a Felipão e Tite

Tiago Nunes, técnico do Athletico, é jogado ao alto após conquistar a Copa do Brasil 2019 - Pedro H. Tesch/AGIF
Tiago Nunes, técnico do Athletico, é jogado ao alto após conquistar a Copa do Brasil 2019 Imagem: Pedro H. Tesch/AGIF
do UOL

Rubens Lisboa e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

20/09/2019 12h00

Técnico que surgiu no interior gaúcho, passou por clubes de pouca expressão e conseguiu títulos grandes em um time do primeiro escalão no futebol brasileiro. A história de Tiago Nunes trilha parte do caminho pelo qual passaram Luiz Felipe Scolari, Mano Menezes e Tite, mas as semelhanças param aí. As primeiras referências do mais novo campeão nacional não são os treinadores já consagrados, mas nomes menos conhecidos fora do Rio Grande do Sul.

Responsável por comandar o Athletico campeão da Copa Sul-Americana 2018 e da Copa do Brasil, Nunes, de 39 anos, é natural de Santa Maria e não teve sucesso na tentativa de ser zagueiro. Assim, decidiu se dedicar mais cedo aos estudos com o objetivo de se tornar um profissional do futebol por outro meio.

O início foi como preparador físico no São Luiz de Ijuí, entre 2004 e 2007, mas sem esconder o desejo de se tornar um treinador de elite.

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O jornalista Carlos Padilha era vizinho de Nunes durante sua passagem pelo clube. Setorista para a rádio Jornal da Manhã, ele dava caronas ao então preparador físico e recorda da clareza com que ele apontava seus objetivos.

"Ele sempre dizia: 'Fale bem de mim, que um dia eu vou brigar'. E deu certo mesmo. Ele falava que queria ser treinador. Nossa emissora aqui faz parte da rede Gaúcha Sat de Porto Alegre, daí ele falou assim: 'Quando tiver uma vaguinha pra mim, pra você me projetar, me projeta. Quero chegar no topo da profissão'. Ele sempre tinha esse pensamento, mas com humildade. Era um cara muito estudioso, um cara que se preparou", conta Padilha.

Um dos primeiros a trabalhar no futebol com Tiago Nunes foi Paulo Roberto Wissmann, técnico do São Luiz em 2007, quando o atual comandante do Athletico ainda era iniciante na carreira como preparador físico. Wissmann já percebia na época o trabalho diferencial que era feito mesmo nos treinos físicos, que já envolviam bola e atividades táticas.

"Ele sempre foi um cara interessado, um cara muito aplicado, correu sempre atrás e ele me ajudava bastante no meu trabalho. Ele tinha uma boa postura perante o grupo. Embora fosse amigo, ele cobrava muito do grupo. Nos trabalhos que fazia na parte física, sempre envolvia trabalho tático, bastante trabalho com bola e logo depois ele resolveu ser treinador", conta o ex-companheiro de trabalho.

Tiago Nunes conquistou na Copa do Brasil o seu terceiro título pelo Athletico - Pedro H. Tesch/AGIF - Pedro H. Tesch/AGIF
Tiago Nunes conquistou na Copa do Brasil o seu terceiro título pelo Athletico
Imagem: Pedro H. Tesch/AGIF

A ambição de se tornar um técnico respeitado no futebol brasileiro passou por referências locais, em uma escola gaúcha mais alternativa, com nomes como Thadeu Menezes, Irani Teixeira e Jair Galvão.

No caminho até chegar ao Athletico, onde primeiro foi técnico do time sub-23 para assumir a equipe principal em junho de 2018, Nunes passou por clubes de menor expressão, além de trabalhar nas categorias de base de Juventude e Grêmio, tendo o aprendizado no convívio com os treinadores desconhecidos dos grandes centros.

"Hoje fica muita fácil falar dele porque foi campeão, mas ele sempre foi bem focado, buscando bastante conhecimento, ele sabia como se expressar e como falar com os atletas, isso é muito importante também no meio em que nós vivemos da boleirada", cita Jair Galvão, um dos técnicos que já foram citados por Nunes como influência.

"Nesse título dele nós também ganhamos, porque a gente sabe como que é. Eu sou treinador de futebol, então a gente tem dificuldade de trabalhar, de se empregar, então o Tiago nos parabenizou com este título aí e nós comemoramos muito", completa Galvão.

Torcedor do Internacional, que perdeu a decisão de quarta-feira para o Athletico no Beira-Rio, Jair Galvão optou por torcer contra seu time de preferência para ver Tiago campeão.

"Eu sou colorado, mas eu torci muito pra ele. A gente até conversou muito com o Tiago em muitos detalhes e eu torci já contra o Flamengo, contra o Grêmio eu já torci pra ele, e o jogo no Beira Rio, a final, eu torci porque ele é um guerreiro, saiu do interior e era uma oportunidade única que ele ia ter de ganhar um título de levar o nome de nós treinadores do interior, porque é muito difícil nós chegar num time grande, então ele nos representou muito bem, então eu estava torcendo muito para que ele ganhasse este titulo aí. É um título que é nosso também", justifica o treinador.

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