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Pedrinho, ex-Vasco, sobre depressão: "Achava que era culpado pelas lesões"

Pedrinho durante sua última partida com a camisa do Vasco, em 2013 - Marcelo Sadio/Vasco
Pedrinho durante sua última partida com a camisa do Vasco, em 2013 Imagem: Marcelo Sadio/Vasco
do UOL

João Victor Miranda

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/08/2019 22h47

O convidado do "Bola da Vez", da ESPN Brasil, neste sábado, foi Pedrinho, ex-jogador com passagens de sucesso por Vasco, Palmeiras e Santos, entre outros.

O ex-atleta falou bastante sobre a doença que o afetou durante sua carreira, a depressão, e como ele lida com ela até hoje. Entrevistado por André Plihal, Eduardo de Meneses e Pedro Ivo de Almeida, disse que se sentia culpado por suas lesões, já que era apontado como um atleta "frágil".

"Acho que o fato de eu continuar praticando esporte tem um pouco do lastro psicológico de sempre ouvir durante a carreira que eu era muito frágil. E também um certo receio de engordar muito, como acontece com muitos ex-atletas. [...] Também acredito que o esporte seja um refúgio. Despejo ali toda minha frustração. É uma palavra pesada, mas, às vezes, eu me sinto frustrado. Eu sei onde eu poderia chegar. Eu era convocado às seleções de base e fui convocado aos 20 anos para uma seleção que tinha muitos craques, mas fui impedido de me apresentar porque sofri uma entrada que gerou uma lesão grave envolvendo ossos e ligamentos. É uma questão que eu não tenho bem resolvida comigo até hoje. Muitos atletas não aguentam a ideia de jogar bola depois de aposentados, mas talvez seja porque eles jogaram muito —em quantidade mesmo. Eu tenho saudade de jogar bola. Acho que não joguei o quanto um jogador com o número natural de lesões costuma jogar na carreira", declarou.

Pedrinho, ex-Vasco - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Pedrinho em foto atual, na academia
Imagem: Reprodução/Instagram

Pedrinho disse que só deixou de se sentir culpado por suas lesões quando foi jogar no Santos. O departamento médico do time da Vila investigou a fundo o motivo das lesões e, com um tratamento diferente de tudo o que ele já havia feito, o jogador emendou sua maior sequência de jogos da carreira.

"Já no final da minha carreira, eu vou para o Santos e, depois de um diagnóstico de um problema no quadril e de um tratamento, consigo a maior sequência da minha carreira, que é de 60 partidas", disse.

'Quando diagnosticado, eu estava em depressão profunda'

Sobre os problemas com a depressão, Pedrinho afirmou que foram causados por vários episódios. "E eu tinha preconceito com isso. Quando eu fui diagnosticado —mérito para o [Vanderlei] Luxemburgo, eu já estava em estágio avançado, já era uma depressão profunda. Eu morava sozinho, então chamaram minha família para morar comigo e passei a tomar 14 comprimidos", revelou. "Foram uns dois ou três anos tomando remédio."

O ex-meia contou que, quando o número de medicamentos diminuiu, cortou os remédios de uma vez, mas enganou a família, dizendo que ainda fazia uso deles.

"Depois, quando eu já estava tomando nove medicamentos, eu me sentia muito mal, fisicamente. E eu percebi que eram os remédios. Foi então que eu parei de tomar sem falar nada para ninguém. Eu fingia que tomava —enganei minha família. Até que eu tive que contar por conta de um procedimento",disse.

"Quando eu fui diagnosticado, eu tinha um bloqueio com a informação que eu recebi, mas eu estava muito mal. [...] Por exemplo, uma vez, eu deitei no hotel, olhei para o meu joelho e achei que estava inchado. Aí, eu acionava os médicos, com a certeza de que estava com os ligamentos rompidos, fazia exames. Só deixava de acreditar com o resultado do exame. [...] Era uma mistura de coisas. Não conseguia terminar pensamentos. Eu tive depressão e quatro cirurgias no joelho. Se eu tivesse que escolher, hoje, eu escolheria as quatro cirurgias, porque a depressão é muito grave", afirmou.

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