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O que esperar da parceria entre NFL e Roc Nation, gravadora de Jay-Z

Jay-Z discursa durante evento em Nova York; dono da Roc Nation, rapper é o novo parceiro da NFL - Mike Segar/Reuters
Jay-Z discursa durante evento em Nova York; dono da Roc Nation, rapper é o novo parceiro da NFL Imagem: Mike Segar/Reuters
do UOL

Lucas Tieppo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/08/2019 04h00

Os mundos do entretenimento e do esporte foram impactados nessa terça-feira (13) com o anúncio de uma até então improvável parceria entre a NFL, maior liga de futebol americano do mundo, e a Roc Nation, gravadora que pertence ao rapper Jay-Z. Mas por que a liga se aliaria a um dos maiores críticos nos últimos anos?

O acordo reacendeu uma das maiores polêmicas recentes nos Estados Unidos. Como e quando os jogadores podem se posicionar sobre assuntos como racismo, por exemplo? É aí que Jay-Z e sua companhia entram.

Agora como um braço-estratégico da NFL, o rapper, uma das maiores personalidades afrodescentes do mundo, ajudará a encontrar caminhos para que os jogadores consigam se comunicar com a sociedade norte-americana, que está cada vez mais dividida sobre diversos assuntos. A tensão deve aumentar ainda mais com a proximidade da eleição presidencial do ano que vem.

Estão previstas a criação de músicas próprias e podcasts para que os jogadores falem diretamente com o público e demonstrem suas opiniões, além de outros produtos originais de entretenimento. O objetivo é aproximar a liga das comunidades.

A NFL lançou no começo deste ano o programa de justiça social Inspire Change (Inspirar Mudança, em tradução livre para o português) em resposta às críticas sofridas pela forma como conduziu os protestos liderados pelo quarterback Colin Kaepernick em 2016, inclusive vindas de Jay-Z. Agora, o rapper terá papel de destaque nas ações em busca de justiça social.

Kaepernick, então quarterback do San Francisco 49ers, liderou um movimento dentro da NFL contra o racismo e a violência policial contra negros. Nele, alguns jogadores se ajoelhavam durante a execução do hino norte-americano, o que gerou uma grande repercussão e críticas até mesmo do presidente Donald Trump.

O atleta perdeu espaço na liga e segue sem emprego desde 2017, enquanto a NFL decidiu que as franquias seriam multadas caso novos protestos fossem realizados.

Jay-Z saiu em defesa do jogador e em 2017 recusou o convite para se apresentar no intervalo do Super Bowl LII, um dos eventos mais aguardados no país. "Eu disse não para o Super Bowl. Vocês precisam de mim, eu não preciso de vocês", cantou o rapper, em música lançada ano passado.

Agora, ele passará a coproduzir o evento para tentar levar mais diversidade e shows que falem mais com o público. O objetivo é aproximar a NFL de artistas que são queridos pelas diversas comunidades, mas estão distantes da liga.

"Eu sou preto. Esse é o meu mundo. Então, eu não poderia ter nenhum programa de TV. Eu não poderia colocar minha plataforma na TV porque tenho certeza de que alguém que possui a rede de transmissão tem apoiado alguém que eu não acredito que deveria estar no escritório", disse Jay-Z, sobre trabalhar com quem pode discordar dele no futuro, segundo o The Wall Street Journal.

O show durante a final da NFL tem gerado algumas polêmicas, principalmente entre artistas ligado à luta pela igualdade racial. Neste ano, Rihanna, representada pela Roc Nation, recusou o convite para cantar no intervalo do duelo entre Los Angeles Rams e New England Patriots e ainda fez postagens irônicas e de apoio a Kaepernick durante o jogo.

A banda Maroon 5 foi escolhida como substituta, e um abaixo assinado com milhares de assinaturas pedia mais uma recusa. O grupo se apresentou ao lado dos rappers negros Travis Scott e Big Boi.

Tanto Jay-Z como Roger Goodell, principal dirigente da NFL, falaram sobre Kaepernick. Gooldell revelou que a liga tem procurado o jogador, enquanto o rapper reforçou que a ideia é criar um canal para que novos protestos não precisem ser realizados em campo.

"Ele definitivamente tornou essa discussão viva. Nós pensamos em construir a plataforma do 'Inspire Change' para que se algo próximo daquilo aconteça nos próximos anos, Kaepernick teria uma plataforma para se expressar", afirmou o rapper.

A ligação da Roc Nation com a NFL já existia por meio do seu braço esportivo, já que a empresa gerencia a carreira de alguns jogadores. Entre eles, estão Saquon Barkley, running back do New York Giants, Todd Gurney, running back do Los Angeles Rams, e Juju Smith-Schuster, wide receiver do Pittsburgh Steelers.

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