Semenya denuncia que foi usada como "rato de laboratório" pela IAAF
Johanesburgo, 18 jun (EFE).- Atual bicampeã olímpica dos 800 metros, a sul-africana Caster Semenya denunciou nesta terça-feira que foi usada como "rato de laboratório" pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) no início da carreira, quando diz ter sido submetida a um tratamento para a redução dos níveis de testosterona em atletas hiperandrogênicas.
"A IAAF me utilizou no passado como um rato de laboratório para analisar como as medicações que me obrigaram a tomar afetariam os meus níveis de testosterona", disse Semenya em comunicado divulgado pelos advogados.
Semenya também alertou para que outras atletas com hiperandrogenismo - um distúrbio endócrino que causa a produção de testosterona em excesso - não aceitem passar pela mesma situação.
"Embora as medicações hormonais tenham me deixado doente constantemente, a IAAF quer agora impor limites ainda mais rígidos. Não permitirei que a IAAF use o meu corpo de novo", declarou a atleta.
As declarações de Semenya são uma reação à publicação nesta terça-feira da sentença completa da Corte Arbitral do Esporte (CAS), tribunal que no dia 1º de maio deu razão à IAAF ao exigir que as atletas com altos níveis de testosterona no sangue se mediquem para competir nas provas femininas de 800 a 3.000 metros.
Em documento de 163 folhas com as conclusões finais, a CAS revela que a IAAF classificou as atletas com hiperandrogenismo como "atletas biologicamente masculinos com identidades de gênero feminino", condição que tornaria "injusta" a competição contra outras mulheres.
Semenya recorreu contra a sentença da CAS no Tribunal Federal Supremo da Suíça, que em 3 de junho deu razão à atleta e ordenou a imediata suspensão do novo regulamento que a forçava a se medicar para continuar competindo.
A nova regra, anunciada pela IAAF em abril de 2018 e que entrou em vigor em 8 de maio, obrigava todas as atletas de provas entre 400 e 1.500 metros a manter níveis de testosterona inferiores a 5 nanomols por litro de sangue seis meses antes de uma competição.
Até então, o limite era de 10 nanomols, o que segundo estudos citados pela IAAF fazia com que quem se aproximasse desse limite competisse com mais massa muscular, força e hemoglobina que as demais corredoras.
Campeã olímpica dos 800 metros em Londres, em 2012, e no Rio de Janeiro, em 2016, Caster Semenya, de 28 anos, é uma das atletas com hiperandrogenismo mais conhecidas do mundo. EFE
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.