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Semenya denuncia que foi usada como "rato de laboratório" pela IAAF

18/06/2019 16h20

Johanesburgo, 18 jun (EFE).- Atual bicampeã olímpica dos 800 metros, a sul-africana Caster Semenya denunciou nesta terça-feira que foi usada como "rato de laboratório" pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) no início da carreira, quando diz ter sido submetida a um tratamento para a redução dos níveis de testosterona em atletas hiperandrogênicas.

"A IAAF me utilizou no passado como um rato de laboratório para analisar como as medicações que me obrigaram a tomar afetariam os meus níveis de testosterona", disse Semenya em comunicado divulgado pelos advogados.

Semenya também alertou para que outras atletas com hiperandrogenismo - um distúrbio endócrino que causa a produção de testosterona em excesso - não aceitem passar pela mesma situação.

"Embora as medicações hormonais tenham me deixado doente constantemente, a IAAF quer agora impor limites ainda mais rígidos. Não permitirei que a IAAF use o meu corpo de novo", declarou a atleta.

As declarações de Semenya são uma reação à publicação nesta terça-feira da sentença completa da Corte Arbitral do Esporte (CAS), tribunal que no dia 1º de maio deu razão à IAAF ao exigir que as atletas com altos níveis de testosterona no sangue se mediquem para competir nas provas femininas de 800 a 3.000 metros.

Em documento de 163 folhas com as conclusões finais, a CAS revela que a IAAF classificou as atletas com hiperandrogenismo como "atletas biologicamente masculinos com identidades de gênero feminino", condição que tornaria "injusta" a competição contra outras mulheres.

Semenya recorreu contra a sentença da CAS no Tribunal Federal Supremo da Suíça, que em 3 de junho deu razão à atleta e ordenou a imediata suspensão do novo regulamento que a forçava a se medicar para continuar competindo.

A nova regra, anunciada pela IAAF em abril de 2018 e que entrou em vigor em 8 de maio, obrigava todas as atletas de provas entre 400 e 1.500 metros a manter níveis de testosterona inferiores a 5 nanomols por litro de sangue seis meses antes de uma competição.

Até então, o limite era de 10 nanomols, o que segundo estudos citados pela IAAF fazia com que quem se aproximasse desse limite competisse com mais massa muscular, força e hemoglobina que as demais corredoras.

Campeã olímpica dos 800 metros em Londres, em 2012, e no Rio de Janeiro, em 2016, Caster Semenya, de 28 anos, é uma das atletas com hiperandrogenismo mais conhecidas do mundo. EFE

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