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Investigação sobre Mundial de atletismo do Catar avança com novas acusações

21/05/2019 21h44

Paris, 22 Mai 2019 (AFP) - A investigação sobre as suspeitas de corrupção à margem das candidaturas de Doha aos Mundiais de atletismo de 2017 e 2019 avançou com as acusações recentes do presidente do grupo de mídia catariano BeIn, Yousef Al-Obaidly, e do ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Lamine Diack.

Juízes de instrução acusaram o dono da BeIn de "corrupção ativa" no dia 28 de março, indicou nesta terça-feira (21) à AFP uma fonte judicial.

O segundo, Lamine Diack, até agora considerado no estágio intermediário de 'testemunha assistida', entre testemunha e acusado, foi denunciado de "corrupção passiva", acrescentou a fonte próxima ao dossiê, confirmando informações do Le Monde.

Yousef Al-Obaidly é próximo ao presidente do Paris Saint-Germain, Nasser Al-Khelaifi. Este último havia sido colocado em março como testemunha nesta informação judicial, que investiga também as condições de atribuição dos Jogos de Tóquio-2020 e do Rio-2016.

Em uma reação transmitida à AFP, Al-Obaidly "negou categoricamente" as suspeitas contra ele, garantindo que são "claramente infundadas e inconsistentes".

Os magistrados investigam dois pagamentos de um total de 3,5 milhões de dólares, realizados em 2011 pela sociedade Oryx Qatar Sports Investment, propriedade de Nasser Al-Khelaifi e de seu irmão Khalid, a uma sociedade de marketing esportivo dirigida por Papa Massata Diack, apelidado na mídia de "PMD" e filho de Lamine Diack, que agora tem 85 anos e foi presidente da IAAF de 1999 a 2015.

Nessa época, Doha ambicionava sediar os Mundiais de atletismo de 2017, organizados pela IAAF e os Jogos de 2020.

Os juízes de instrução buscam determinar se como contrapartida a estes pagamentos, Lamine Diack trabalhou por uma parte para o adiamento das datas de organização destas duas competições, devido às condições meteorológicas do país, e por outra pela obtenção de votos de membros da IAAF a favor do Catar para o Mundial de atletismo.

Consultor de marketing da IAAF até 2014, Papa Massata Diack está no centro de vários assuntos de corrupção esportiva.

"PMD" tem uma ordem de prisão desde 18 de abril por suspeitas de "corrupção passiva" e de "lavagem de dinheiro".

- Dois pagamentos -O primeiro dos pagamentos suspeitos foi realizado no dia 13 de outubro de 2011 e o segundo o dia 7 de novembro de 2011, quatro dias antes da votação da IAAF. Foi finalmente Londres, que entrou na corrida depois da capital catariana, quem ganhou o Mundial de 2017.

Mas, três anos depois, Doha obtinha a organização do Mundial de atletismo de 2019, que será disputado neste ano entre 27 de setembro e 6 de outubro.

Estes pagamentos estavam previstos em um protocolo de acordo com a sociedade de "PMD", na qual a Oryx Qatar Sports Investment se comprometia a comprar direitos de patrocínio e de televisão por 32,6 milhões de dólares com a condição de que Doha obtivesse o Mundial de 2017, segundo outra fonte próxima ao caso.

Este contrato estipulava que os pagamentos efetuados antes da decisão da IAAF de 11 de novembro de 2011, os dois realizados, eram "não reembolsáveis", o que intrigou os juízes.

A Oryx Qatar Sports Investment é diferente da Qatar Sports Investment, disse o proprietário do PSG.

Diante dos juízes, Nasser Al-Khelaifi, que nega qualquer ato de corrupção, afirmou que só soube recentemente da existência dos pagamentos, segundo elementos de seu interrogatório, ao qual a AFP teve acesso.

Na Suíça, o dono da rede BeIN Sports está também em uma investigação por "corrupção privada", sobre a atribuição dos direitos de transmissão de dois Mundiais de futebol.

Em outro caso, a promotoria nacional financeira reivindica um processo na França de Lamine Diack e de seu filho, considerados pela justiça como os atores chave de um sistema de corrupção para cobrir casos de doping na Rússia.

Refugiado no Senegal, "PMD" sempre negou as acusações de corrupção, mas a justiça francesa nunca conseguiu que ele comparecesse para testemunhar.

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