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Pequeno clube fica perto da glória e orgulha cidade da Argentina

21/04/2019 10h03

Pablo Ramón Ochoa.

Buenos Aires, 21 abr (EFE).- O pequeno Defensa y Justicia, que foi vice no recém-encerrado Campeonato Argentino, conseguiu um feito que promete ser lembrado por muitos anos em uma das áreas mais pobres da Grande Buenos Aires, a cidade de Florencio Varela, que viveu momentos de sonho em meio às dificuldades.

O presidente do clube, José Lemme, contou à Agência Efe que sente o mesmo orgulho que os moradores do pequeno município, localizado a 38 quilômetros de La Plata e que conta com menos de meio milhão de habitantes.

O time verde e amarelo também se tornou conhecido no Brasil há dois anos, quando eliminou o São Paulo na Copa Sul-Americana. Na sequencia da competição, veio a eliminação diante da Chapecoense. Em 2019, o algoz do 'Halcón' (Falcão), como o clube é chamado, caiu em duelo com o Botafogo no torneio.

O apelido tem relação com uma empresa de ônibus que foi patrocinadora nos anos 80, os primeiros anos como profissional do Defensa y Justicia, que foi fundado em 20 de março de 1935.

Após iniciar a trajetória na quarta divisão, a equipe estreou na segunda divisão em 1986 e surpreendeu, chegando até as quartas de final. Em 1992-1993, veio o primeiro rebaixamento, sendo necessários cinco anos para a volta.

A partir daí, foram inúmeras temporadas como coadjuvante na competição de acesso à elite, em alguns momentos tentando se afastar de um novo descenso. Até que, em 2013-2014, o Defensa y Justicia conquistou o acesso direto, ao ser vice-campeão da segunda divisão.

Depois de alcançar o máximo nível do Campeonato Argentino, o 'Halcón' não caiu mais, acumulou vagas em competições continentais e chegou até o vice deste ano, terminando apenas atrás do Racing. A posição, inclusive, garantiu uma inédita participação na Taça Libertadores, o que acontecerá no ano que vem.

A ascensão do clube de Florencio Varela, presidido por José Lemme há 25 anos, é muito relacionada com a presença de Christian Bragarnik, um agente de jogadores e técnicos que foi ligado a Julio Grandona, ex-presidente da Associação do Futebol Argentino (AFA).

Dentro das quatro linhas, o grande nome é foi o de Sebastián Beccacece, ex-auxiliar de Jorge Sampaoli, que chegou a ser ventilado recentemente como alvo de Botafogo e Atlético Mineiro, após as demissões de Zé Ricardo e Levir Culpi, respectivamente.

"Ele fez uma grande aposta e se saiu muito bem", disse Lemme, sobre o comandante, que chegou ao clube em 2016, saiu após a primeira temporada, para trabalhar na seleção argentina, e voltou em 2018.

O Defensa y Justicia, em meio a um futebol cada vez mais profissional e competitivo, vive em um clima quase familiar. Durante a entrevista à Agência Efe, o presidente do clube chegou a ser abordada por uma senhora.

Maria Melendres queria apenas falar do asfaltamento da rua em que está a pequena fábrica que mantém do lado de casa com o marido, a Walki, que produz os uniformes utilizados pelo elenco principal, pelas divisões de base e o time feminino do 'Halcón'.

Enquanto outras equipes do país contam com material produzido por marcas internacionais, o Defensa y Justicia tem camisa, calção, meiões, agasalhos e outras peças confeccionadas junto com outros itens, que incluem até bonés, guarda-chuvas, canecas, entre outros.

"Tudo que se refere ao Defensa y Justicia", disse Maria Melendres, trajada com as cores amarela e verde do clube da cabeça aos pés.

A cidade de Florencio Varela é uma das mais pobres do entorno de Buenos Aires. Inúmeras famílias vivem sem esgoto tratado, gás natural, asfaltamento e água tratada. Por isso, existe o reconhecimento que o êxito esportivo trouxe alegria e esperança.

"Somos conhecidos no mundo todo", afirmou uma orgulhosa Melendres.

Enquanto isso, cerca de 1.000 crianças praticam futebol no clube, a maioria nascida na região. Deste total, 25 vivem no alojamento mantido pelo Defensa y Justicia.

"Eles constroem a identidade do 'Halcón'", contou Lemme, satisfeito por muitos já torcerem pela equipe local, não mais preferindo Boca Juniors, River Plate e outros grandes clubes do futebol argentino. EFE

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