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OPINIÃO: 'Um Campeonato Estadual que parou no tempo'

19/02/2019 08h40

A irresponsável briga de egos travada por Vasco e Fluminense escancarou uma triste realidade do futebol carioca. Ainda que o Maracanã tenha passado por uma reforma, que haja um leve esboço de visão profissional no futebol e a realidade salarial dos atletas seja bem diferente nos dias de hoje, o Campeonato Estadual segue parado no tempo do amadorismo.

Passada a final da Taça Guanabara, a sensação é que, na disputa pelo Setor Sul do Maracanã, os mandatários de Vasco e Fluminense só pensaram em seus interesses e ignoraram o torcedor. Aos trancos e barrancos, Alexandre Campello conseguiu (com 30 minutos de atraso) a entrada da maioria esmagadora de torcedores vascaínos no setor que o Cruz-Maltino ocupou entre 1950 e 2013.

Embora tenha conseguido uma façanha que Roberto Dinamite e Eurico Miranda não conseguiram como dirigentes do clube da Colina, valeu a pena pagar o preço de "não poder cumprir uma ação judicial"? A mobilização convocada pelas redes sociais deixou torcedores feridos e causou pânico nos arredores do Maracanã, enquanto a bola já rolava para a etapa inicial. O alívio da torcida só veio ao entrar no estádio.

Já as declarações de Pedro Abad foram típicas de cartolas dos anos 70, 80 e 90. Convocar o torcedor "para a guerra" e dizer que "se houver morte, a culpa é das autoridades" é deplorável e só ajuda a acirrar uma rivalidade que ficou pesada nos últimos anos. Por mais que o mandatário queira se corrigir depois e o clube recomende, via redes sociais, que os tricolores "fiquem em casa", o cenário beligerante está armado.

Custava ao Fluminense ter procurado seus direitos na Justiça contra Ferj, Vasco e o Consórcio Maracanã depois da decisão? Isto pouparia as cenas tristes de um Maracanã vazio em plena decisão de Taça Guanabara.

A queda de braço entre Abad e Campello não difere muito de outros momentos tristes do Campeonato Carioca, como a "Caravela de Papel" do Vasco na decisão de 1990, os WO's de Flamengo, Fluminense e Botafogo no Estadual de 1998 e o lastimável "Caixão" que parou nos tribunais. Em pleno 2019, os cartolas seguem em sua eterna briguinha de vaidades.

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