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ANÁLISE

De Don Corleone a Lázaro Ramos, cinema tem grandes histórias de pais

Além de ser "O Padrinho", Don Corleone foi um pai que deixou os seus pecados para o filho, Michael (Al Pacino) - Divulgação/Paramount Pictures
Além de ser "O Padrinho", Don Corleone foi um pai que deixou os seus pecados para o filho, Michael (Al Pacino) Imagem: Divulgação/Paramount Pictures
do UOL

Renan Martins Frade

Colaboração para o UOL

11/08/2022 12h00

Esta é a versão online da edição desta quinta-feira (11) da newsletter Na Sua Tela. Nesta semana, destaques para "Papai é Pop", "A Fera", "Dupla Jornada" e outros filmes que chegam aos cinemas e aos streamings, além de uma curadoria do que vale assistir. Quer receber a edição da semana que vem no seu email? Inscreva-se. Os assinantes UOL ainda têm 10 newsletters exclusivas.

Neste domingo, 14, é o Dia dos Pais. Por isso, esta edição do Na Sua Tela tem um grande tema: a relação paternal. Não é coincidência que a maioria dos lançamentos nesta semana, tanto nos cinemas ou no streaming, possuem o assunto como um tema importante, seja como destaque principal ou secundário.

O maior exemplo é "Papai é Pop", novo filme brasileiro estrelado por Lázaro Ramos que chega hoje (11) aos cinemas. Tem também "A Fera", com Idris Elba como um pai em uma jornada para proteger as filhas de um leão feroz. Amanhã, a Netflix traz Jamie Foxx como um caçador de vampiros que também é um amoroso, porém descuidado, pai.

Já que estamos nesta jornada, a newsletter continua com outros grandes pais da ficção. Tem de Don Corleone a Marlin, de "Procurando Nemo". Longas-metragens incríveis para se assistir em família, reforçando conexões e que ajudam pais e filhos a se entenderem - e, por que não dizer, se reconciliarem.

E, se você não tiver mais o seu pai ao seu lado, são histórias que certamente vão trazer à memória alguns belos momentos que vocês tiveram juntos.

Afinal, cinema também é amor - e nada melhor do que compartilhar esse sentimento tão bonito neste Dia dos Pais, não é mesmo?

O que tem de novo?

PAPAI É POP

O Papai é Pop - imagem - Divulgação/Stella Carvalho/Galeria Filmes - Divulgação/Stella Carvalho/Galeria Filmes
Lázaro Ramos e Paolla Oliveira na comédia 'Papai é Pop'
Imagem: Divulgação/Stella Carvalho/Galeria Filmes

  • Assista ao trailer
  • Onde: Nos cinemas - clique para comprar ingressos
  • O que tem de bom: Tom (Lázaro Ramos) vê a sua vida se transformar ao se tornar pai. Ele, no entanto, demora a entender o que é paternidade e qual é o seu papel na relação com as filhas e a esposa, Elisa (Paolla Oliveira). A partir do dia a dia dessa casa, vemos como a relação familiar é desbalanceada - e como os homens não só fogem de responsabilidades com os filhos, como usam para isso artifícios que a própria sociedade fornece. Porém, tudo isso é retratado de forma terna, sem ser um puxão de orelha: é mais uma reflexão (necessária). De forma delicada, o longa de Caíto Ortiz ("O Roubo da Taça") pode ser o gancho para que entre de vez na pauta dos casais a importante discussão sobre a divisão de deveres e responsabilidades.
  • O que te faz sentir: embaraçado, reflexivo

DUPLA JORNADA

Dupla Jornada - imagem - Divulgação/Netflix - Divulgação/Netflix
Jamie Foxx tem 'Dupla Jornada' no novo filme da Netflix: é pai e caçador de vampiros
Imagem: Divulgação/Netflix

  • Assista ao trailer
  • Onde: Nesta sexta, 12, na Netflix
  • O que tem de bom: Estrelado por Jamie Foxx, "Dupla Jornada" traz a história de um homem que, ao se disfarçar de limpador de piscinas, caça e mata vampiros por dinheiro na quente e ensolarada Califórnia - tudo isso dentro de um contexto no estilo do universo de "John Wick", ou seja, no qual há todo uma "indústria" que dá suporte a esses assassinos de aluguel. Porém, o enredo que poderia se encaixar a qualquer filme de ação tem um twist: o personagem de Foxx é um pai amoroso, ainda que descuidado, que precisa arrecadar dinheiro em poucos dias para evitar que a ex-esposa e a filha se mudem para a Flórida. Tudo bem no clima de Dia dos Pais. O longa ainda conta com a presença de Dave Franco ("O Artista"), que interpreta o improvável parceiro do protagonista (o que transforma a produção em um longa de "buddy cops"), e do rapper Snoop Dogg. Vale ressaltar que, por mais que seja uma comédia de ação, a violência é bastante gráfica, com muito sangue, trazendo elementos do terror para além da presença dos próprios vampiros.
  • O que te faz sentir: náusea, galhofa

X: A MARCA DA MORTE

X: A Marca da Morte - imagem - Divulgação/PlayArte - Divulgação/PlayArte
'X' é o filme para quem quer algo diferente neste fim de semana, fugindo do Dia dos Pais
Imagem: Divulgação/PlayArte

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  • Onde: Nos cinemas
  • O que tem de bom: A A24 é uma pequena distribuidora norte-americana que se tornou sinônimo de qualidade - com a maior parte de seus filmes ganhando elogios da crítica. Com "X: A Marca da Morte" não é diferente. O longa de terror é produzido, escrito e dirigido por Ti West ("V/H/S") e traz um grupo de cineastas que, em 1979, vai rodar um filme adulto na zona rural do Texas - e essa é a porta de entrada para uma série de assassinatos orquestrados por Pearl (Mia Goth), uma idosa misteriosa. Dessa forma, a produção é uma grande homenagem aos slashers, subgênero do terror onde um assassino, ou assassina, persegue e mata um grupo de pessoas (geralmente com muito sangue). Perfeito para os fãs de terror.
  • O que te faz sentir: medo, ameaça

A FERA

A Fera - imagem - Divulgação/Universal Pictures - Divulgação/Universal Pictures
Em 'A Fera', Idris Elba precisa proteger as filhas de um leão assassino
Imagem: Divulgação/Universal Pictures

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  • Onde: Nos cinemas
  • O que tem de bom: Idris Elba ("Thor: Ragnarok") interpreta um pai que, após perder a esposa, leva as duas filhas para uma reserva na África do Sul - buscando dessa forma se reconectar com a família. No entanto, eles ficam frente a frente com um leão voraz, que devora tudo e todos em seu caminho. Assim começa um jogo de gato e rato, com o personagem de Elba ficando no papel de rato enquanto precisa proteger as filhas. Está longe de ser o filme mais brilhante do ator, mas consegue criar um clima de suspense - claramente inspirado no que Steven Spielberg fez em "Tubarão" e em "A Sombra e a Escuridão".
  • O que te faz sentir: agonia, perseguição

Filmes para assistir entre pais e filhos

Pais, filhos, filhas e filhes possuem, com toda a certeza, uma das mais poéticas (e conturbadas) relações humanas. Afinal, criar uma criança não é algo que vem com manual - e, junto do bebê, também nasce um pai. Ficam as cicatrizes dos erros, mas também pode (e deve!) haver muito amor e conexão.

Que tal, então, aproveitar este fim de semana de Dia dos Pais para assistir a um filme ao lado dele (ou da sua eterna criança)? A seguir, separamos alguns longas com essa temática que estão disponíveis nas plataformas de streaming. Todos eles com grandes pais da ficção e que, de uma forma ou de outra, podem trazer à mesa (ou ao sofá) o tema da reconciliação.

INDIANA JONES E A ÚLTIMA CRUZADA

Indy - Divulgação/Paramount Pictures - Divulgação/Paramount Pictures
Harrison Ford e Sean Connery são pai e filho em 'Indiana Jones e a Última Cruzada'
Imagem: Divulgação/Paramount Pictures
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  • Onde: Para aluguel ou compra na Apple TV, Google Play, YouTube, Claro TV+ e Vivo Play
  • O que tem de bom: "Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida" é incrível, mas a terceira parte da trilogia original do personagem interpretado por Harrison Ford é, certamente, a melhor história entre um pai e um filho que você pode ver neste fim de semana. No longa, Indy se vê obrigado a resgatar o pai (interpretado pelo icônico Sean Connery) das mãos dos nazistas, colocando-o em uma busca pelo Cálice Sagrado de Jesus - objeto que garantiria a vida eterna. As rusgas entre os dois são impagáveis, em uma aventura que traz elementos históricos riquíssimos e uma impecável direção de Steven Spielberg. No final, a mensagem maior é que, por mais que sejam de gerações diferentes e nem sempre se entendam, há sempre espaço para carinho e orgulho entre pais e filhos.
  • O que te faz sentir: empolgação, orgulho


O PODEROSO CHEFÃO

O Poderoso Chefão - imagem - Divulgação/Paramount Pictures Studios - Divulgação/Paramount Pictures Studios
Em 'O Poderoso Chefão', Michael (Al Pacino) tenta fugir das responsabilidades da família
Imagem: Divulgação/Paramount Pictures Studios

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  • Onde: UOL Play, HBO Max, Prime Video, Telecine, Paramount+
  • O que tem de bom: Por mais que se chame, no original, "The Godfather" ("O Padrinho", em tradução literal), este também é um filme sobre pais e filhos. Afinal, de um lado temos Don Vito Corleone (Marlon Brando), um chefão da máfia que vive o seu jogo de poder em Nova York; do outro, Michael (Al Pacino), o filho mais novo que não quer ligação com os pecados da família, para os quais é atraído contra a vontade. Além de ser um dos maiores filmes de todos os tempos, com um roteiro incrível e uma direção impecável (de Francis Ford Coppola), o longa pode incitar uma importante conversa em família: será que os filhos precisam trilhar o caminho deixado pelos pais, ou podem ousar seguir por um novo rumo?
  • O que te faz sentir: recriminação, amargura


PEIXE GRANDE E SUAS HISTÓRIAS MARAVILHOSAS

Peixe Grande - imagem - Divulgação/Sony Pictures - Divulgação/Sony Pictures
'Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas' também é um filme sobre memória e legado
Imagem: Divulgação/Sony Pictures

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  • Onde: HBO Max
  • O que tem de bom: Um dos melhores filmes de Tim Burton ("Batman"), se não for o melhor. Afinal, trata-se de um projeto quase pessoal: o cineasta havia perdido tanto o pai quanto a mãe pouco tempo antes das filmagens, aumentando a sua conexão emocional com uma jornada sobre a reconciliação entre o pai no leito de morte e o filho. No longa, Edward (Albert Finney) começa a contar histórias de sua vida para o filho, Will (Billy Crudup). Por meio de flashbacks que misturam realidade e fantasia, vemos como o protagonista (interpretado, na versão jovem, por Ewan McGregor) viveu aventuras grandiosas através do século XX. Um lindo relato de união e sobre o legado que deixamos para as próximas gerações.
  • O que te faz sentir: amor, saudosismo


PARIS, TEXAS

Paris, Texas - imagem - Divulgação/Pandora - Divulgação/Pandora
'Paris, Texas', que para muitos é o melhor filme já feito, também é sobre a relação de um pai com o filho
Imagem: Divulgação/Pandora

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  • Onde: UOL Play, Belas Artes à La Carte
  • O que tem de bom: Para muitos, "Paris, Texas" é o melhor filme já feito - em uma história que é, também, sobre a relação paterna. Após ser encontrado pelo irmão mais novo (Dean Stockwell) no meio do deserto, o desmemoriado Travis (Harry Dean Stanton) se vê em uma jornada para de reconecção não só com a própria vida, mas também com o filho de sete anos, Hunter (Hunter Carson). Entre diversos temas, o longa coloca no centro do palco a nossa relação com os pais e com os filhos, quem somos e o desgaste que essas relações trazem - a ponto de levar o protagonista à completa exaustão mental.
  • O que te faz sentir: vulnerabilidade, inadequação


PROCURANDO NEMO

Procurando Nemo - imagem - Divulgação/Disney - Divulgação/Disney
A relação entre Nemo e Marlin é uma das bases de 'Procurando Nemo'
Imagem: Divulgação/Disney

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  • Onde: Disney+
  • O que tem de bom: "Procurando Nemo" traz uma das mais lindas famílias da história do cinema. No longa da Pixar, o pequeno peixe-palhaço Nemo perde a mãe ainda muito cedo - e é criado pelo pai, Marlin. Um dia, o jovem peixinho se perde, iniciando uma jornada pelo oceano e pelos aquários da vida - enquanto o pai começa também a sua própria aventura, sem nunca desistir do filho. Uma linda metáfora sobre amadurecimento, e também sobre como os jovens buscam o enorme oceano para viverem suas vidas em um caminho que também é trilhado pelos seus progenitores.
  • O que te faz sentir: amor, carinho


QUERIDO MENINO

Querido Menino - imagem - Divulgação/Diamond Films - Divulgação/Diamond Films
Steve Carell e Timothée Chalamet estão ótimos em 'Querido Menino'
Imagem: Divulgação/Diamond Films

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  • Onde: HBO Max, Prime Video
  • O que tem de bom: Steve Carell ("Pequena Miss Sunshine") e Timothée Chalamet ("Me Chame Pelo Seu Nome") vivem pai e filho em "Querido Menino", longa biográfico baseado nas memórias de David Sheff - que viveu uma complicada relação com o filho mais velho, Nic, que sofre com o vício em metanfetamina. Dessa forma, somos apresentados a uma história não só sobre reabilitação e as dores que o vício causa em toda a família, mas também de reconciliação. Ainda que muito autêntico, o roteiro falha em criar essa conexão emocional maior com o espectador, mas tudo é salvo com as ótimas atuações de Carell e Chalamet. No final, mostra que, em uma situação extrema como essa, a ponte para se superar as dificuldades não é encontrar culpados ou criar ressentimentos, mas sim o amor.
  • O que te faz sentir: fragilidade, carinho

Dica do time do UOL

Toda semana você encontra aqui as indicações de colunistas e personalidades do UOL que conhecem muito de cinema e entretenimento. Não importa se é estreia ou clássico, sempre trazemos uma gama de sugestões de um time de craques.

Sugestão da Flávia Guerra

GUERRA FRIA

Guerra Fria - Divulgação/Califórnia Filmes - Divulgação/Califórnia Filmes
A linda fotografia é um dos destaques de 'Guerra Fria'
Imagem: Divulgação/Califórnia Filmes
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  • Onde: Telecine e Prime Video; grátis no Sesc em Casa
  • O que tem de bom: Quando se fala em cinema polonês, ou os mais cinéfilos se lembram de mestres como Krzysztof Kie?lowski e seu clássico "Decálogo" ou Andrzej Witold Wajda (de "O Homem de Ferro", Palma de Ouro em Cannes em 1981). Mas a nova geração do cinema polonês tem nos dado ótimos filmes. É o caso de Pawel Pawlikowski, que não só frequenta o circuito de festivais mais prestigiados de cinema, como o já citado Festival de Cannes, como conta histórias que emocionam até mesmo os que não são iniciados no cinema polonês. Em "Guerra Fria", que levou merecidamente a Palma de Ouro de Melhor Direção no Festival de Cannes 2016, ele conta uma história de amor, cheia de altos, baixos, encontros e desencontros. Durante a Guerra Fria, uma jovem cantora e um pianista vivem um amor impossível, divididos entre a Polônia stalinista e a Paris boêmia dos anos 1950. Além da fotografia em preto e branco maravilhosa, que dá ao filme a atmosfera perfeita, o casal de protagonistas é apaixonante, vividos pela diva Joanna Kulig e por Thomasz Kot. Imperdível! Para ver e rever.

* A disponibilidade e as datas de lançamento dos títulos são de responsabilidade de plataformas e distribuidores, podendo ser alteradas sem prévio aviso.

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