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'Sol da Meia-Noite': Edward Cullen só não matou Bella porque estava curioso

Edward (Robert Pattinson) e Bella (Kristen Stewart) no primeiro filme de "Crepúsculo" - reprodução/Twilight/Summit Entertainment
Edward (Robert Pattinson) e Bella (Kristen Stewart) no primeiro filme de "Crepúsculo" Imagem: reprodução/Twilight/Summit Entertainment
do UOL

Ana Carolina Silva

Do UOL, em São Paulo

08/08/2020 04h00

Edward Cullen só não matou Bella Swan porque estava curioso demais. Ela era a única pessoa imune às habilidades do vampiro leitor de mentes, mas agora, graças ao livro "Sol da Meia-Noite", nós podemos ver a história de "Crepúsculo" pelos olhos de Edward; finalmente, podemos ler a mente dele.

E é a mente de um assassino.

Somente nos capítulos iniciais, foram vários os pensamentos de Edward sobre como mataria os outros humanos ao seu redor para que pudesse beber o sangue de Bella —cujo aroma, por algum motivo, era ainda mais tentador do que o normal. Ela nunca fez um hemograma para entender por quê.

Bella não tinha atributos físicos anormalmente atraentes, pelo contrário: Edward nem mesmo conseguia entender por que a escola inteira estava fascinada pela garota nova, já que ela "era só uma humana comum". Era uma jovem normal e bonita, mas não mais do que as outras no ensino médio.

Aliás, o conselho dado por Alice a ele é divertido:

Ajuda um pouco se você pensar neles [humanos] como pessoas.

Porém, ele reagia ao cheiro do sangue dela como nós costumamos reagir ao aroma dos nossos pratos favoritos. Na aula de Biologia, Edward já pensava como um assassino e calculava como mataria todos antes de atacá-la.

O parágrafo abaixo parece ter sido extraído de algum manual de psicopatas, mas é um resumo dos pensamentos obcecados de Edward:

Então eu seguiria até a frente e voltaria pelo lado esquerdo, levando no máximo cinco segundos para matar todas as pessoas na sala. Tempo suficiente para Bella Swan vislumbrar o que estava por vir. Tempo suficiente para ela sentir medo. Talvez o bastante, se o choque não a imobilizasse, para que gritasse. Um grito suave que não chamaria a atenção de ninguém.

O livro deixa claro que, desde o primeiro instante em que a notou, Edward não viu nada de mais em Bella. Antes de sentir o cheiro do sangue da aluna nova, ele não tinha outra emoção além do tédio e do aborrecimento por estar revivendo o ensino médio em uma cidade pequena.

Ele não se apaixonou instantaneamente pela nerd tímida e deslocada.

Só queria matá-la.

Por que ela teve que vir para cá? Por que teve que existir? Por que ela teve que arruinar a pouca paz que eu tinha nessa minha não vida? Por que aquela humana irritante tinha nascido? Ela me arruinaria.

A senhorita Cope, secretária da escola, nunca saberá o quão perto esteve de testemunhar um homicídio e ser assassinada por tabela: "Eu nem precisaria me virar para agarrar a cabeça da Srta. Cope e batê-la na mesa com força suficiente para matá-la", ele pensou.

Mas, como nós sabemos, Edward não matou Bella.

Também não matou a pobre secretária.

Bella foi salva pelo fato de que Edward não podia ler seus pensamentos. As regras morais estabelecidas na família Cullen e respeitadas por ele também influenciaram a decisão, mas, no fim, os instintos vampirescos só perderam para a curiosidade.

O primeiro encontro entre os dois deveria tê-la assustado e traumatizado. Porém, ao ouvir os pensamentos dos amigos de Bella, Edward descobriu que ela não havia relatado o susto. Algo muito inusitado.

Ele sentia necessidade de entender: por que Bella era tão diferente dos fofoqueiros de Forks?

Frustrado por não saber o que a garota pensava, Edward fez tantas perguntas a ela que poderia ter escrito uma sequência para o livro "Entrevista com o Vampiro", de Anne Rice, como um vampiro entrevistador.

Foi isso que decidiu por mim. A curiosidade. Eu sentia raiva por estar curioso. Não havia prometido a mim mesmo que não deixaria o silêncio da mente de Bella despertar um interesse injustificável em mim? E, no entanto, ali estava eu, com um interesse injustificável. Eu queria saber o que ela estava pensando. Sua mente estava fechada, mas seus olhos eram muito cristalinos. Talvez eu pudesse lê-los.

Edward nasceu em junho de 1901 e já tinha mais de 100 anos de idade, mas aquela era a primeira e única pessoa que ele não conseguia ler. Bella era uma garota comum, mas tornou-se um enigma para um vampiro obcecado e entediado com a vida que levava havia mais de um século.

Será que a curiosidade bastaria para manter Bella Swan viva? (...) Se Bella fosse embora, sua mente permaneceria para sempre um mistério, um quebra-cabeça irritante me atormentando.

Esqueça o alho e a luz do Sol: se um dia encontrar um monstro mitológico, deixe-o confuso e tropece várias vezes para parecer vulnerável —pelo menos, foi isto o que Bella inconscientemente fez para se salvar.

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