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'Só entendi o racismo na adolescência', revela Gilberto Gil

Gilberto Gil no Conversa com Bial  - Reprodução/vídeo
Gilberto Gil no Conversa com Bial Imagem: Reprodução/vídeo
do UOL

Colaboração para o UOL

06/08/2020 02h56Atualizada em 06/08/2020 10h24

Gilberto Gil disse que as questões raciais demoraram para aparecer em sua vida e que só foi entender e ter contato com o racismo quando já era adolescente, quase adulto, após ser enviado para estudar em um colégio de elite com poucos negros.

"Eu só fui perceber essas questões muito depois, na adolescência, na idade quase adulta", falou Gil no "Conversa com Bial" desta madrugada. "Foi no ginásio quando começou um pouco, pois meus pais me mandaram para um colégio da elite onde o número de negros era muito pequeno; de 400 alunos, tinha dez negros na melhor das hipóteses".

"Então, ali as questões do racismo, da discriminação e do deslocamento social que aquele grupo étnico sofria começaram a surgir", relembrou o músico sobre a época em que viveu na cidadezinha de Ituaçu, na Bahia.

Gil também contou que, antes disso, nunca percebeu nenhuma discriminação a ele ou a sua família. "Eu não sentia nenhuma diferença. Meu pai era uma figura proeminente na cidade, um doutor muito querido, e minha mãe era professora na escola municipal, então não havia espaço para percepção da diferença. O racismo e a discriminação não eram exercidos em relação a minha família".

Atualmente com 78 anos, o cantor baiano ainda apontou Jorge Ben como uma influência que o fez se tornar mais consciente para questões raciais na época. "Jorge era uma afirmação clara da grandeza do negro com aquele seu canto expressivo, sua poesia, seu versejar e a beleza que trazia aos temas negros de ser".

"Após isso, toda a questão histórica, a escravidão, as dificuldades raciais, o racismo e o preconceito, todas essas coisas ficaram evidentes para mim", finalizou Gil.

O "Conversa com Bial" vai ao ar de segunda a sexta-feira após o Jornal da Globo.

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